Colegas homenageiam repórteres cinematográficos mortos pela covid

Misto de alegria e saudade, essa é a tônica do Segundo Encontro de Repórteres Cinematográficos, que acontece neste domingo (5), na Associação dos Engenheiros, em Campo Grande.

O evento que reúne cerca de 80 participantes, por causa das restrições em 2020 foi adiado, retorna nesta edição com homenagens aos colegas de profissão que perderam as vidas em decorrência da covid19. Os homenageados são: Auro Sávio Nascimento e Valdenir Rezende.

“O objetivo é, cada vez mais, fortalecer nossa classe e nunca perder a esperança de estarmos sempre juntos. A pandemia nos privou disso, por isso este ano reunimos profissionais e familiares para esta confraternização em homenagem aos colegas que nos deixaram”, disse Jairton Costa, 49, um dos organizadores do evento.

Durante entrega das placas, que contou com presença de familiares dos homenageados, foi difícil conter a emoção. “Fiquei bastante emocionado porque cada um que chegava para conversar comigo e contava uma história que envolvia meu pai, transmitia muito carinho na mensagem. Disseram que era uma singela homenagem, mas que de simples não tinha nada, pois sentimos [familiares] muito amor e verdade nas palavras proferidas. É muito legal ver o respeito que o pai conquistou entre os colegas e o que ele representava para o jornalismo”, disse o fotojornalista Álvaro Rezende, 36 anos, que junto com o irmão mais novo e também fotógrafo, Bruno, atuou ao lado pai, Valdenir.

O primogênito conta que ouviu até revelações sobre fatos profissionais que o saudoso pai nunca havia contado à família, como uma viagem de avião que o ‘velho’ fez à Ponta Porã, como cinegrafista, que quase terminou mal. “Me disseram que eles estavam sobrevoando uma área já no lado do Paraguai e o piloto recebeu o comunicado de que o avião seria abatido, caso não retornassem para o lado brasileiro. E assim, pousaram imediatamente”.

Renomado, Valdenir tinha 41 anos de carreira com passagens pela TV Campo Grande, Diário da Serra, Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e Correio do Estado. Ele morreu em fevereiro deste ano, aos 55 anos.

Também lembrado com afeto pelos amigos, Auro Sávio, que perdeu a luta para o vírus aos 59 anos, fez escola. Com passagens pela TV Assembleia, TV Educativa e SBA (Sistema Brasileiro de Agronegócio) o profissional se destacava pela dedicação e companheirismo. Natural de Corumbá (MS), deixou esposa, três filhos e duas netas. “Meu pai era uma pessoa muito gente boa, todos que se aproximavam dele percebiam isso com facilidade. Ele podia passar o dia todo contando suas histórias sobre viagens e lugares que conheceu e foram muitos, amava viajar… sorriso fácil, mente aberta, sempre antenado”, postou em suas redes sociais, Bruno Nascimento, o filho jornalista.

Para o repórter cinematográfico, Osmar Chagas, 51 anos, assim como ocorreu em outras áreas, a pandemia foi um momento muito difícil a todos profissionais da imprensa. “Perdemos pessoas queridas que, além de referência em nossa profissão, eram também exemplos de amigos. Além de outros colegas que ainda estão passando por dificuldades pelos mesmos motivos”, lembra.

Além das homenagens aos profissionais, o evento também teve campanha para arrecadação de alimentos que serão destinados aos colegas que ainda estão passando por dificuldades devido à pandemia.

Também foram lembrados os nomes de Denilson Pinto, Leyde Pedroso, Guilherme Filho e Oscalino Rezende, todos vítimas da covid.