Com beca e baile, idosos se formam em ‘Universidade da Maturidade'
A 1° turma a se formar em curso para a terceira idade, 90 alunos receberam certificados
A primeira turma de Educadores Políticos Sociais do Envelhecimento Humano de Campo Grande comemorou sua graduação no final de julho deste ano, celebrando um ambiente de união, respeito, aprendizagem e acolhimento à população idosa da cidade.
Com a proposta de promover educação inclusiva, e oportunizar idosos e idosas de todas as classes sociais e níveis de escolaridade a frequentar uma universidade, a UMA (Universidade da Maturidade), projeto de extensão da UEMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), consagrou a primeira turma a concluir o curso, que tem duração de 18 meses, na Capital.
Para muitos, as aulas significaram a oportunidade de interação com pessoas da mesma faixa etária, além do sentimento de inclusão e visibilidade a uma parcela da população que muitas vezes não é vista como ativa na sociedade. Com direto a beca, capelo, e até baile de gala, a turma de 90 alunos e alunas celebrou bastante a graduação.
Para a autônoma Josélia Nogueira da Silva, de 65 anos, a Universidade da Maturidade foi a oportunidade para ela frequentar pela primeira vez um ensino superior. Ela se inscreveu por curiosidade, pois queria saber como era a sensação de ocupar um banco de universidade. Com ensino médio incompleto, agora ela está na batalha para conclusão dos estudos, ainda mais motivada a avançar, pois tem sonho de se formar em turismo.
“Eu me inscrevi por curiosidade, mas fui pega de surpresa. Eu nem imaginava que ia aprender tanta coisa boa sobre a maturidade, e hoje posso compartilhar as minhas experiências com minha família e amigos”, detalha Josélia.
O aposentado Pedro Luiz Gianoto, de 70 anos, também fez parte da primeira turma que se formou na UMA, e compartilhou que foi a oportunidade de retornar aos ‘bancos escolares’ após muitos anos afastado do ambiente da educação.
Durante os 18 meses, ele relata que passou por experiências que enriqueceram seu conhecimento, além de ter feito novas amizades. Para ele, a iniciativa representa um olhar mais humanizado à população da terceira idade, que muitas vezes são descredibilizadas e desacreditadas, ou colocadas em uma posição de dependência.
“Me fortaleceu neste período rico de experiências, que é o período novo da velhice. Foi uma nova visão neste período da vida, nos retirando do ostracismo, da total dependência de familiares e de outras situações provocadas pela ignorância da maioria das pessoas e pela falta da autoconfiança em nós mesmos”, detalhou Pedro.
O curso reuniu desde pessoas que nunca pisaram em uma universidade, aos mais experientes na academia, como foi o caso da funcionária pública Ana Maria Thimóteo da Silva, de 56 anos. Formada em direito e gerontologia, ela se interessou pela ementa do curso, pois achou a proposta inovadora.
“Vi ali uma maneira de integrar minha experiência profissional com novos conhecimentos e perspectivas, além da possibilidade de manter a mente ativa e socializar com outras pessoas da minha faixa etária”, diz.
Ela detalha que a experiência e aprendizado foram além do tradicional, destacando as aulas de primeiros socorros, educação fiscal e financeira, intergeracionalidade, sexualidade, teatro, dança, coral, fotografia, oratória, comunicação não violenta, dentre outras.
Ao longo desses 18 meses, ela destaca que foram instruídos para atuar na comunidade, e participaram ativamente de vários projetos de intervenção, envolvendo a comunidade interna e externa da universidade, incluindo: trabalho na horta, Vida Cast, contação de histórias, dança circular, conecta UMA, além de eventos e seminários com especialistas.
Atualmente, Ana atua como Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e pretendo aplicar as habilidades adquiridas em sua gestão no Conselho e na comunidade da terceira idade. “Pretendo continuar estudando e aprimorando meus conhecimentos na área do envelhecimento humano”, finaliza.
UMA
O professor e coordenador Estadual da Universidade da Maturidade, Djanires Neto, de 45 anos, destaca que a missão do projeto é propor educação ao longo da vida, com prioridade para as áreas da educação, saúde, empreendedorismo, esporte, turismo, lazer, arte e cultura, além de engajamento ativo em defesa das políticas públicas e inclusão social. “Esta Tecnologia Social completou no Brasil 18 anos e tem dupla certificação, tanto da UEMS como da Universidade Federal do Tocantins (UFT), parceira na ação”, compelta.
O Programa de Extensão UMA/UEMS, iniciou suas atividades em Campo Grande no início de 2023 e teve matrículas com idades entre 45 anos e 79 anos. O grupo recém formado é oriundo de 28 bairros diferentes da Capital. Nos dias 25, 26 e 27 de julho, foram entregues aos 90 concluintes o certificado de extensão.
O formandos receberam certificação profissional de “Educador Político-Social do Envelhecimento Humano”, e poderão atuar nas seguintes atividades profissionais: líder comunitário, representante na sociedade civil organizada, postos de trabalho que envolvem pessoas idosas e também como empreendedores, sempre pautados no Envelhecimento Humano ativo e saudável.
Como participar
Não é necessário ter todos os níveis de escolaridade completos para entrar na UMA. A única exigência é ter acima de 45 anos e disponibilidade de tempo para cursar o programa durante 18 meses de duração, com aulas três vezes por semana.
O edital de inscrições está aberto para a nova turma, com início em agosto deste ano. As aulas ocorrem na Unidade da UEMS de Campo Grande no Bairro Santo Amaro (saída para Rochedo). A inscrição, assim como o curso, são gratuitos. Mais informações estão disponíveis no site da UMA.
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