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Comportamento

De foto no espelho a clique zoeira, quem lembra da “Cyber-shot”?

Nos tempos de Orkut, máquina fotográfica era fiel escudeira e hoje há quem não desista de usar esse modelo

Raul Delvizio | 15/01/2021 06:53
Até a cantora Anitta já repostou foto posando com amiga no espelho do banheiro, feita numa "Cyber-shot" da vida que tinha na época (Foto: Reprodução)
Até a cantora Anitta já repostou foto posando com amiga no espelho do banheiro, feita numa "Cyber-shot" da vida que tinha na época (Foto: Reprodução)

Nesta semana, uma publicação nas redes sociais virou nostalgia entre os seguidores: quem aí se lembra da "Cyber-shot"? A pergunta sobre a câmera dos anos 2000 produzida pela Sony fez muita gente lembrar o modelo que bombava entre os adolescentes. Hoje, há quem ainda guarde a câmera com carinho em casa o que, para alguns, é considerada "uma arma" de zoação.

Foto com flash no espelho, momento zoeira com os amigos, imagens aleatórias (algumas até sem foco ou propósito) e poses comprometedoras fizeram eco nos tempos em que o Orkut reinou. Muitas dessas imagens também foram parar no Flickr, Fotolog e até perfil do MSN. Ou vai me dizer que você não lembra?

Elen sempre foi daqueles que amava tirar uma selfie no espelho (Foto: Arquivo Pessoal)
Elen sempre foi daqueles que amava tirar uma selfie no espelho (Foto: Arquivo Pessoal)

A manicure Elen Bianca Souza de Oliveira, de 25 anos, viveu esse tempo. Ela diz que levava sua câmera cor de rosa para todo canto, registrando momentos em família, os amigos da igreja e as viagens de retiro. Essas sim, de muita, muita zoeira mesmo.

"A gente se achava, causava e ainda postava pra todo mundo ver. Eu era zoada e zoava os outros também. Sempre gostei de tirar fotos, diferente do povo que detestava. Mas eu clicava mesmo assim. E quando ganhei a câmera então, vixe, me deram essa arma de presente", brinca.

Elen em um dos acampamentos da igreja (Foto: Arquivo Pessoal)
Elen em um dos acampamentos da igreja (Foto: Arquivo Pessoal)
Elen só fazia registro "zoeira", como nesse aqui em que os amigos dormiam (Foto: Arquivo Pessoal)
Elen só fazia registro "zoeira", como nesse aqui em que os amigos dormiam (Foto: Arquivo Pessoal)
Festa com conga? Teve também (Foto: Arquivo Pessoal)
Festa com conga? Teve também (Foto: Arquivo Pessoal)
Mais uma no espelho, onde ninguém sabe pra que lado olhar (Foto: Arquivo Pessoal)
Mais uma no espelho, onde ninguém sabe pra que lado olhar (Foto: Arquivo Pessoal)
Na igreja, zoação entre os amigos (Foto: Arquivo Pessoal)
Na igreja, zoação entre os amigos (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando o pai comprou uma "Cyber-Shot" para ela e sua irmã – que ainda guardam o equipamento –, foi como a realização de um sonho. Afinal, a máquina não era tão acessível. Porém, na primeira viagem da igreja em que levou o presente, Elen perdeu a câmera e guardou segredo por um tempo.

"Fui ao mercado, onde deixei para trás a câmera guardada na bolsinha. Voltei desesperada à procura, que já não estava mais lá. Mas para meu pai não saber, pedi ajuda para minha madrinha. Ela compraria uma câmera nova, idêntica a que a gente tinha, e eu pagaria aos poucos. Custou terminar as parcelas, mas consegui", relembra.

Elen era "dessas" que, com o fim do Orkut e surgimento do Facebook, postava tudo nas redes sociais – passado que não tem jeito de esconder, está lá para todo mundo ver. "Demorou para eu ter um celular com uma câmera decente, então eu usei até poucos anos atrás a única máquina fotográfica que sempre tive. Foram bons tempos, revelados em muita foto questionável", brinca.

Nem Elen sabe explicar porque diabos guarda essa foto até hoje (Foto: Arquivo Pessoal)
Nem Elen sabe explicar porque diabos guarda essa foto até hoje (Foto: Arquivo Pessoal)
Registros duvidosos, memórias afetivas (Foto: Arquivo Pessoal)
Registros duvidosos, memórias afetivas (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a dupla de amigas Giovana Vieira e Laura Bittar, ambas de 24 anos, não podia faltar a foto no espelho.  "Acabei usando a câmera mais para tirar fotos com as amigas. Seja no shopping, na escola ou em casa, tinha que ter uma 'selfie' no espelho! Inclusive, nem essa palavra existia. Tenho a sensação que daqui alguns anos vamos rever as fotos com filtros dos Stories, poses no Instagram e vídeos do TikTok e pensar novamente o quão zoadas também estavam", considera Laura.

Para ela, tirar fotos naquela época era mais simples e espontâneo. "Sem nenhum tipo de efeito da modinha, nem poses de 'blogueirinhas'. Parece que hoje perdemos a essência e não queremos mais apenas registrar os momentos, mas ganhar 'likes' nas redes sociais", analisa.

Giovana e Laura posam fazendo carinha "emo" no espelho (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovana e Laura posam fazendo carinha "emo" no espelho (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovana costumava levar a câmera para escola, onde fazia foto escondida no banheiro com as amigas (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovana costumava levar a câmera para escola, onde fazia foto escondida no banheiro com as amigas (Foto: Arquivo Pessoal)
Não poderia faltar este clique no espelho da Playland (Foto: Arquivo Pessoal)
Não poderia faltar este clique no espelho da Playland (Foto: Arquivo Pessoal)

E para quem morasse no interior, como ainda é o caso de Cristiano Almeida, 34 anos, "sempre tinha alguém com uma 'Cyber-shot' na mão a fotografar por aí, afinal em cidade pequena, tudo que é novidade vira febre", complementa. Natural de Ivinhema, distante 225 quilômetros da Capital, sua primeira câmera digital foi uma na cor vermelha.

"Fora os registros de família, das festas e viagens, ou de qualquer coisa que fosse interessante, a maquininha estava sempre no bolso pronta para o 'ataque'. Vez ou outra tinha zoação também, como no dia do aniversário da filha de um pastor de igreja daqui", relata.

Após ter sua primeira câmera danificada, comprou outra, desta vez de outra marca e na cor cinza. "O tempo passou rápido porque logo em seguida já vieram os smartphones, aí nem usei mais. Porém, foram muitos momentos bons nos quais pude guardar fotos que a lembrança sempre se entusiasma de ver", acrescenta.

Aniversário sem a aniversariante (Foto: Arquivo Pessoal)
Aniversário sem a aniversariante (Foto: Arquivo Pessoal)
Zoom que nunca funcionava, mesmo com os esforços de marketing das marcas (Foto: Arquivo Pessoal)
Zoom que nunca funcionava, mesmo com os esforços de marketing das marcas (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, as duas câmeras que Cris guarda em casa até hoje (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, as duas câmeras que Cris guarda em casa até hoje (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para a Aquidauanense Janaína Dittmar Buba da Silva, terapeuta ocupacional de 37 anos, a câmera foi 'parceira' para eternizar memórias.

"Eu sempre gostei e ainda gosto muito de tirar foto. Tirava foto minha, da minha família, amigos, encontros, aniversário. Infelizmente eu perdi muitas delas. As que restaram, já joguei nessa coisa da nuvem pra nunca mais perder", garante.

Janaína sorri com "oclão" (Foto: Arquivo Pessoal)
Janaína sorri com "oclão" (Foto: Arquivo Pessoal)
Na pausa da viagem, posto de gasolina virou cenário para fotos (Foto: Arquivo Pessoal)
Na pausa da viagem, posto de gasolina virou cenário para fotos (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, fazendo "coraçãozinho" (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, fazendo "coraçãozinho" (Foto: Arquivo Pessoal)

"Sempre quando fico olhando essas fotos, me vem todas as lembranças daqueles dias vividos. São recordações e tanto", acrescenta. E finaliza: "mesmo tendo um celular já com uma câmera boa, até hoje eu uso essa máquina, registrei e ainda registro fotos dos meu filhos, faço e fiz muitos vídeos deles quando bebê. É um sentimento de nostalgia".

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