Duplo aniversário no Pantanal este ano foi mais cinza e sol ofuscado
Famílias foram até pousada onde tradicionalmente visitam, mas encontraram um Pantanal machucado pelo fogo
Há dois meses, quando Eduardo Borges, empresário campo-grandense dono de uma pousada na região da Nhecolândia, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, decidiu comemorar seu aniversário de 46 anos, não imaginava o que encontraria.
São vários anos festejando o aniversário na pousada, mas pela primeira vez encontrou o lugar que está acostumado a ver rodeado de verde sob um forte sol e céu azul, substituído por uma cobertura densa de fumaça que atravessa a vegetação seca e queimada.
“Faz dois meses que eu organizei essa comemoração. Aqui sempre tem o período de seca, mas dessa vez está muito feio, tudo esturricado. Não dá para ver o sol”, diz ele.
Eduardo, ou Dudu, como é conhecido, levou uma tropa consigo. Além dele e da esposa, outros seis casais estão na pousada, bem como várias crianças filhas dos casais. Inclusive, um dos amigos também está comemorando aniversário.
“O do meu amigo foi ontem e o meu vai ser sábado (28). Vamos faze uma moagem aqui, bolo, churrasco. Hoje mesmo a pescaria rendeu”.
As condições do Pantanal impressionam Eduardo. Segundo ele está complicado respirar por conta da umidade baixa e fumaça. “Aqui onde a gente está agora não está pegado fogo, mas coisa de 30 dias atrás queimou tudo”.
A turma teve de andar 108 quilômetros por dentro do Pantanal para chegar até a pousada. “O pessoal que veio dentro do carro até que veio tranquilo, mas a turma que veio de Jeep aberto sofreu bastante. Tiveram de colocar pano no rosto, óculos e chapéu”.
A esposa de Eduardo chegou a ter um pequeno mal estar nesta madrugada, mas nada grave. "Não estamos passando mal de ter que ser socorrido, nem nada disso, mas está bem incômodo".
Tamanho da destruição - Esse ano, a estiagem começou mais cedo, antecipando o agravamento das queimadas já para o primeiro semestre, quando foram registrados 36,3 mil focos de calor no Pantanal. As autoridades chegaram a declarar que a situação já se tornava mais crítica que a tragédia ambiental vivenciada em 2020.
No começo desta semana, haviam sete focos ativos. Considerando o bioma em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o total de áreas atingidas pelo fogo somou 2.014.850 hectares, 13,4% do bioma, a maior destruição registrada em MS, com 1.428.300 hectares, dados do Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
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