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Comportamento

Em Campo Grande, sêmen de doador loiro, alto e sarado é preferência entre casais

Elverson Cardozo | 23/01/2014 06:30
Laboratório armazena sêmen, mas também faz fertilização. (Foto: Marcos Ermínio)
Laboratório armazena sêmen, mas também faz fertilização. (Foto: Marcos Ermínio)
Embriologista mostra lista com características que podem ser consultadas pelos pacientes. (Foto: Marcos Ermínio)
Embriologista mostra lista com características que podem ser consultadas pelos pacientes. (Foto: Marcos Ermínio)

Loiro, alto, de olhos azuis e corpo definido. Gosto é gosto, mas, para muita gente, este é um perfil perfeito de homem. A admiração é tanta que até os espermatozóides desses bonitões são disputados.

Em Campo Grande, entre os casais gays e a mulherada adepta à produção independente, o “estilo nórdico”, “importado” de países como Suíça, Noruega e Suécia, domina boa parte das encomendas nas clínicas de fertilização.

Além do tipo físico, que conta muito ponto, até a profissão influencia. Advogados, médicos e economistas são os preferidos. Se o dono do sêmen for adepto de esporte ou possuir algum “hobby intelectual”, como o gosto pela leitura, há grandes chances de ele se tornar pai, mesmo saber, afinal de contas trata-se de um anônimo.

A constatação é de uma embriologista, a biomédica Sarah Nachef, de 33 anos, responsável por um laboratório de fertilização na Capital. Ela atende casais que querem ter um filho, mas, por vários motivos, não podem e, por isso, buscam a ajuda da ciência.

Lista destaca cor dos olhos, do cabelo, textura, formação, tipo sanguíneo, profissão e até religião do doador. (Foto: Marcos Ermínio)
Lista destaca cor dos olhos, do cabelo, textura, formação, tipo sanguíneo, profissão e até religião do doador. (Foto: Marcos Ermínio)

A experiência na área permite a ela traçar alguns perfis. Entre os heterossexuais, observou, quando o marido é infértil, por exemplo, a esposa busca, geralmente, o sêmen de doadores com características que lembram as do companheiro.

Como eles são mais resistentes a utilizar espermatozóides alheios, o convencimento, por parte da mulher, depende do bom senso na escolha. “Quando começa a fugir um pouco eles falam: ‘Amor, vamos escolher um mais parecido?’”, comentou.
Esse cuidado não é notado quando a paciente é daquelas que buscam a produção independente.

Em geral, essas mulheres, que tem idade acima dos 30, são bem resolvidas, independentes financeiramente, com carreira sólida e donas do próprio nariz. Só querem engravidar, ter um filho, por isso, para elas, o perfil do doador pouco importa.

Até olham as opções, porque o arquivo está disponível, mas não fazem tanta questão, afirmou a biomédica.

Pacientes buscam um perfil ideal, mas não tem contato com o doador. (Foto: Marcos Ermínio)
Pacientes buscam um perfil ideal, mas não tem contato com o doador. (Foto: Marcos Ermínio)

A “exigência”, na verdade, parte mais das mulheres homossexuais, que não se intimidam na hora de ver a lista de orientais, negros, brancos e dos “importados”. Na visão delas, observou a embriologista, o intelecto está na genética e não na criação.

“Elas querem pessoas com formação. Acham que isso pode influenciar. Preferem o economista, advogado ou médico e aqueles que têm um hobby de intelecto, como o gosto pela leitura”, afirmou. O tipo físico também é bastante importante. “Quando a mostra é de um mais gordinho elas não querem”, contou.

Sarah não conseguiu traçar um perfil dos casais homossexuais, homens, porque ainda não atendeu nenhum na clínica onde trabalha. A fertilização, neste caso, é mais complicada; depende de uma barriga solidária.

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