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Comportamento

Emoção de chegadas e partidas faz maioria esquecer da covid-19 e trocar abraços

Apesar de saudade, especialistas alertam que o risco de contágio é muito alto durante um abraço

Ana Oshiro | 30/12/2020 17:10
Após uma semana juntas, mãe e filha se despedem na hora do embarque (Foto: Marcos Maluf)
Após uma semana juntas, mãe e filha se despedem na hora do embarque (Foto: Marcos Maluf)

"A gente nem lembra do vírus na hora, quando vi, já estava abraçando minha mãe mesmo", conta a atendente de televendas Aline Miller, de 35 anos. Após uma semana juntas, Aline precisou se despedir da mãe, que veio do interior de São Paulo para passar Natal e Ano Novo, mas precisou ir embora às pressas, hoje (30), depois de um problema familiar.

Há um ano elas não se encontravam, e não teve pandemia ou vírus que conseguisse fazer as duas segurarem a emoção e o abraço na chegada e partida desse rápido encontro. "Pra mim o abraço simboliza amor, carinho, não tem como não abraçar minha mãe", finalizou Aline.

Com tanta saudade guardada, abraço de mãe e filha não foi "caloroso" (Foto: Marcos Maluf)
Com tanta saudade guardada, abraço de mãe e filha não foi "caloroso" (Foto: Marcos Maluf)

Enquanto Aline se despedia da mãe, do outro lado do saguão do Terminal Rodoviário de Campo Grande, Iracy Rocha Soares, aposentada de 77 anos, aguardava ansiosa a chegada da filha Tânia, que veio passar o ano novo na cidade, e ao descer do ônibus deu um rápido e tímido abraço na mãe.

"A gente sente muita falta de um abraço caloroso, é minha mãe, minha família, mas o abraço, nesse momento, precisa ser assim. Chegando em casa vou tomar um banho bem tomado, e aí sim vou abraçar ela bem apertado", contou Tânia Soares, de 47 anos, que é esteticista em São Paulo.

Edson prefere deixar abraços para o futuro (Foto: Marcos Maluf)
Edson prefere deixar abraços para o futuro (Foto: Marcos Maluf)

Voltando para a área de embarque, mais uma família se despedia por conta das comemorações de fim de ano. Edson Correia, de 43 anos, ajudante de carga e descarga, vai passar 10 dias no interior do Estado, mas na hora de dar tchau para o pai, ficou só no "toquinho" mesmo.

"Meu pai é grupo de risco, idoso, diabético, não pode vacilar não, então nada de abraço, a gente se despede com um toquinho", contou Edson, que viajou hoje, com a esposa e filha, para comemorar o ano novo com os sogros.

Para Luiz Correia, de 70 anos, aposentado e pai de Edson, o calor humano faz falta, mas não tem o que fazer. "Sinto uma falta imensa de poder abraçar ele antes de viajar, mas temos que seguir a regra, pelo bem de todos", disse Luiz.

O abraço é uma forma de acolhimento, de aconchego e sempre foi muito presente na vida do brasileiro, povo caloroso que precisou se readequar em 2020, ano que a pandemia do novo coronavírus nos fez ficar tão distantes.

A psicóloga Cláudia Szukala explica que o abraço é sim muito importante, pois é uma maneira de demonstrarmos afeto e carinho, mas nesse momento precisamos trocar o toque físico e usar gestos, sorrisos e olhares como formas de comunicação do amor que sentimos.

Abraço é acolhimento, mas nesse momento não deve acontecer (Foto: Marcos Maluf)
Abraço é acolhimento, mas nesse momento não deve acontecer (Foto: Marcos Maluf)

"É difícil, mas é importante. Acolha a pessoa querida com outros gestos, como uma boa conversa, palavras carinhos, um prato de comida que a pessoa goste, um presente especial, olhares mais profundos e outras maneiras que mantenham o distanciamento", comenta a psicóloga.

Infectologistas também alertam que o abraço precisa ser evitado nesse momento, pois o risco de contágio é muito alto. "Mesmo se você estiver com a sua máscara bem acoplada, que ela seja bem eficiente e você lave bem as mãos, o risco ainda é alto e o abraço precisa ser evitado", explica a infectologista Carolina Neder.

Para Rivaldo Venâncio, infectologista e pesquisador na linha de frente ao combate do novo coronavírus, os abraços só devem ser dados novamente depois que um conjunto de pessoas estiverem protegidas e vacinadas.

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