Foto tirada no último Dia dos Pais é lembrança que restou para Ana
Blusa e caixa de fotografias se tornaram tesouro para publicitária manter memórias vivas do pai
Das onze fotografias que Ana Carolina Belmonte da Silveira Câmara guarda, a foto tirada por Sócrates Câmara em seu último Dia dos Pais ainda vivo talvez seja a principal lembrança que restou para a publicitária. Ao lado de um casaco marrom rajado, os registros se tornaram um tesouro que mantém as memórias vivas depois de 29 anos.
“Por muito tempo, as fotos ficaram com minha mãe, mas depois tive o cuidado de colocar todas as fotos numa caixinha e elas ficam o tempo todo comigo”. Hoje, aos 33 anos, Ana Carolina se esforça diariamente para não deixar que as imagens restantes do pai em sua mente se apaguem totalmente.
Entre as fotografias reveladas e aquelas que seguem em sua memória desde seus quatro anos, são as cenas, os barulhos e o amor que ficaram de Sócrates. E, construindo parte de sua história também com as capturas feitas pelo pai, Carolina acredita que o carinho que Sócrates tinha pela câmera e registros passaram para ela.
Com os detalhes cada vez mais distantes, Carolina conta que a fotografia tirada no último Dia dos Pais guarda uma data que ela esperava ter se repetido mais vezes. “Me lembro do ensaio da apresentação no dia anterior, de uma das professoras falando qual caminho a gente precisava fazer. Me lembro que no momento da foto eu estava fazendo esse desfile e na hora que virei ele fotografou. Tinha uma árvore bem grande e me lembro que meu pai se posicionou perto daquela árvore”, conta.
Assim como no Dia dos Pais, outras nove fotos foram capturadas por Sócrates e, partindo delas, a narrativa da relação dos dois foi construída em conjunto às lembranças distantes e palavras de familiares. Seja a foto de Carolina na piscina ganhada como troca para a menina abandonar a chupeta, que no fim das contas não deixou pelo presente, ou saindo do Uno do pai, cada uma integra a história.
Talvez entre os registros mais especiais, o único da filha com o pai traz até o frio do dia em que foi tirada em Dourados. “Era um dia de muito frio em Dourados, estou eu e ele sentados numa cadeira de fio. Ele segurando uma sacola de pão e uma garrafa de vinho, como bom filho de português, pão e vinho nunca faltava”.
Além dos registros, o casaco marrom rajado também foi guardado durante todo esse tempo e segue no guarda-roupas de Carolina. “Não me lembro dele usando, mas sei que um dia ele me cobriu com esse casaco no banco de trás do carro. Guardo com muito zelo, às vezes tiro do guarda-roupas com muito cuidado”, explica.
Pensando sobre as memórias que continuam vivas, a publicitária explica que mesmo sendo muito pequena, ainda lembra do dia em que ficou sabendo da morte do pai. “Eu estava brincando com alguns toquinhos de madeira no pé da minha mãe. Não me recordo quem levou a notícia, mas me lembro da minha mãe passando a mão na minha cabecinha e falando que o papai não vinha porque ele tinha falecido”.
E até os toquinhos foram deixados por Sócrates, como Carolina conta. De acordo com suas memórias, o pai levava os pedaços de madeira, retirados de sua marcenaria, para se transformarem em brinquedos nas mãos da filha.
Hoje, se vendo em meio ao amor pela fotografia, pelas capturas feitas pelo pai e nas cores do casaco, Carolina completa que sua história é feita de saudade. “Não tem um dia em que eu não reze por ele. Todo mundo que foi amigo do meu pai, meus tios, todos falam que sou parecida até com o semblante dele. Dizem que sou parecida em caráter e personalidade, que tenho um coração bom como o dele. Sempre falam que ele era uma pessoa muito boa”.
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