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Comportamento

Fotógrafo buxixado da moda nos anos 90, Bolivar hoje é pura natureza

Bolivar foi um dos precursores na fotografia de natureza em MS e que também desbravou outro estilo, a fotografia de moda

Lucas Mamédio | 04/12/2020 06:10
Arara azul pousa em câmera de Bolivar durate sessão no Pantanal (Foto: Arquivo Pessoal)
Arara azul pousa em câmera de Bolivar durate sessão no Pantanal (Foto: Arquivo Pessoal)

Em frente a uma janela de um apartamento no bairro Monte Castelo, um homem observa atentamente os pássaros que pousam nas árvores. Se algum lhe interessa, ele saca a câmera fotográfica e clica.

Esse homem é Bolivar Porto, de 63 anos, um dos precursores na fotografia de natureza em Mato Grosso do Sul e que também desbravou outro estilo de fotografia pouco comum por aqui, que é a fotografia de moda.

Thays & Karla, modelos descobertas por Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Thays & Karla, modelos descobertas por Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Ana Paula Arósio pelas lentes de Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Ana Paula Arósio pelas lentes de Bolivar (Foto: Bolivar Porto)

As fotos dos pássaros fazem parte de um projeto pessoal de fotografar a natureza da janela de uma pessoa isolada por conta da pandemia. "Já fotografei só aqui 39 espécies".

Bolivar descobriu a fotografia em 1979 quando cursava a faculdade de Odontologia, profissão que nunca atuou. Ele também era professor de inglês.

"Nesse ano eu interrompi a faculdade e fui para São Paulo dar aula. Lá, por influência de alguns amigos comecei a fotografar, e quando voltei para Campo Grande no mesmo ano, começou a surgir algumas oportunidades", explica.

Arara clicada por Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Arara clicada por Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Fotos de pássaros na janela de Bolivar (Foto: Bolivar Porto)
Fotos de pássaros na janela de Bolivar (Foto: Bolivar Porto)

Bolivar voltou para a capital e para a faculdade. Seu primeiro trabalho no mundo da moda aconteceu por acaso. "Uma loja de roupas do Centro ia fazer um desfile de moda e sabiam que eu tinha uma câmera e me convidaram. Fui despretensiosamente. Eles gostaram tanto das fotos que compraram todas. A partir dali comecei a fotografar muitos desfiles".

Bolivar conta que terminou a faculdade em 1984 e já era um fotógrafo conhecido. Por isso, montou junto de outra lenda da fotografia local, Maurício Tibana, um estúdio para fazer book das mulheres de Campo Grande.

"Eu fazia os books de todas as madames e filhas de madames da cidade. E tinha uma vantagem porque fazia toda a produção sozinho, cabelo, maquiagem, tudo era comigo".

Bolivar se acostumou com as belezas do Pnatanal, não com as tragédias (Foto: Bolivar Porto)
Bolivar se acostumou com as belezas do Pnatanal, não com as tragédias (Foto: Bolivar Porto)

Bolivar passou a dar cursos de modelagem em estúdio para as modelos fotográficas, bem como cursos de fotografia de moda para quem era interessado, e em vários estados.

Aos poucos, ele conta que mais uma vez o acaso foi levando ele para a fotografia de natureza. Da metade da década de 90 em diante o mercado da moda local foi declinando, e com isso a fotografia.

Um hotel que estava se instalando em Bonito pediu para que Bolivar fizesse o site deles. "Era começo da internet, eu não sabia fazer aquilo, mas topei o desafio".

Em seis meses Bolivar tirou as fotos e montou um site simples para o hotel. "A partir daí comecei a ir para Bonito e também para o Pantanal fazer fotografia de natureza e quando vi já estava fazendo apenas isso".

Ensaio de mulher grávida na década de 90 (Foto: Bolivar Porto)
Ensaio de mulher grávida na década de 90 (Foto: Bolivar Porto)

O fotógrafo explica que fez muios trabalhos publicitários para hotéis e pousadas da região. Ele também fez registros usados em acervos do poder público.

"Eu tenho muito orgulho de ter levado o nome de Mato Grosso do Sul e nossas belezas através das minhas lentes. Muita gente conheceu o Pantanal pela primeira vez por meio de fotos tiradas por mim", diz.

Convidado para ir ao Pantanal este ano a fim de registrar a tragédia das queimadas que assolam a região, Bolivar diz que recusou. "Eu sempre fotografei as belezas daquele lugar, não ia me sentir bem em registrar essa tragédia".

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