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Comportamento

Gabriel leva para as redes a presença do LGBT no mundo nerd

Gabriel, criador da página, acha que falta canais que oportunizem dabater o tema e mostrar que personagens LGBTs existem

Lucas Mamédio | 15/06/2020 06:56
Apollo e Meia-noite são um dos casais homossexuais mais conhecidos dos quadrinhos (Foto: Reprodução Marvel)
Apollo e Meia-noite são um dos casais homossexuais mais conhecidos dos quadrinhos (Foto: Reprodução Marvel)

Quando se fala em casais nos quadrinhos, difícil não pensarmos em um homem e uma mulher. Superman e Lois Lane, Homem-Aranha e Mary Jane, Jean Grey e Ciclope são só alguns dos exemplos colocados em nosso imaginário ao longo de décadas em que as relações amorosas são retratadas por casais heterossexuais.

Mais do que isso, em muitos casos, sagas inteiras giram em torno do amor entre uma homem e uma mulher. Essa lógica se estendeu para os filmes derivados dos quadrinhos, maiores sucessos atualmente, bem como para todo universo nerd.

Porém, não estamos em terra arrasada. Já faz algum tempo que as grandes editoras de quadrinhos, principalmente Marvel e DC Comics, tentam dar representatividade a suas histórias por meio de personagens LGBTQs, é o Mundo Nerd LGBT.

Foi pra falar sobre essa “agulha no palheiro” que o jovem publicitário Gabriel Barros, de 24 anos, natural de Fortaleza-CE, mas que mora em Campo Grande desde 2013, resolveu criar um perfil no Instagram com a temática da representatividade LGBT no mundo nerd, com ênfase nos quadrinhos, sua paixão.

Sendo bissexual, Gabriel achou que era importante falar sobre o assunto (Foto: Reprodução DC Comics)
Sendo bissexual, Gabriel achou que era importante falar sobre o assunto (Foto: Reprodução DC Comics)

“Eu sempre gostei do universo dos super-heróis e de como os personagens se relacionam com a nossa realidade, sempre usando da fantasia para fazer reflexões sobre questões do nosso cotidiano. A ideia de criar a página veio da minha vontade de reunir em um só lugar pessoas que se interessam pela temática LGBTQIA+ no mundo nerd, em especial, nos quadrinhos. Eu quero apresentar para o público personagens que eles provavelmente não conhecem. Porque eu sei que muitos desejam ter acesso à histórias que abordem esse tema, mas não sabem por onde começar”, explica Gabriel.

Mas o tema não nasceu apenas da observação, não é um assunto alheio a Gabriel, ele sabe de causa própria como as referências são escassas. “Eu sou bissexual, e me identificar assim foi difícil, tanto para mim, quanto para as pessoas na minha volta. Isso porque o senso comum trata a bissexualidade como uma incerteza, você nunca está “nem lá, nem cá”. A presença de personagens com diferentes manifestações sexuais me ajudaram a entender a minha própria sexualidade. Acho que é sobre não ter vergonha de quem você é, e sobre como as características que nós temos e que divergem do senso comum não devem ser vilanizadas”.

Para Gabriel a representatividade no mundo nerd ainda tem muito a avançar. Os quadrinhos estão na vanguarda dessas mudanças, mas é preciso que as outras mídias abram espaço para personagens LGBTs. “Quando um personagem LGBT é adaptado para a TV, para jogos ou cinema, geralmente dão uma suavizada na sexualidade ou fingem que ela não existe. Acho que é porque os quadrinhos são voltados para um público específico. Já as outras mídias são para um público mais abrangente e as produtoras tentam agradar a todos”.

O publicitário também acha que é preciso dar espaço para criadores de conteúdo LGBTs (Foto: Arquivos Pessoal)
O publicitário também acha que é preciso dar espaço para criadores de conteúdo LGBTs (Foto: Arquivos Pessoal)

E não adianta debater os reflexos desse cenário sem entender os motivos. “Acho que o primeiro passo é dar espaço para roteiristas e quadrinistas LGBTs criarem suas próprias histórias. As pessoas têm que entender que não é sobre “roubar” espaço dos héteros, é sobre criar novos espaços e diversificar as histórias”.

O perfil no Insta ainda é novo e Gabriel está descobrindo como fazer, como levar isso para o público, mas avalia que é uma bela oportunidade para debater não só representatividade no mundo nerd, como de forma geral.

“Quero reunir o maior número de pessoas possível para debater sobre a temática LBGTQIA+ nos quadrinhos, e apresentar histórias e personagens para mais e mais gente. Se eu pudesse definir um desejo seria poder ajudar a divulgar a produção de quadrinhos nacionais. E eu acho que quanto mais páginas falando sobre isso, melhor, porque o tema vai abranger um público ainda maior. No final, o importante mesmo é espalhar a representatividade e trazer à tona personagens com pouco espaço nas mídias tradicionais.”

Acesse o perfil @mundonerdlgbt.

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