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Comportamento

Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu

De volta à cena, Face a Face celebra raízes no Pioneiros e quer lutar pelo movimento do hip hop no MS

Por Idaicy Solano | 17/01/2025 06:55
Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
Da esquerda para a direita, o finado Marcelinho, Fábio, Magão do Falange da Rima, Branco do Operação Hip Hop, Ivair e Bolinho do Facção Hip Hop (Foto: Arquivo Pessoal)

No final dos anos 90, trio de amigos que cresceram juntos no Bairro Pioneiros, em Campo Grande, tinham um sonho em comum: ver o movimento do hip hop ganhar força em Campo Grande. O sonho e a infância compartilhada pelas ruas da periferia renderam um grupo de rap e a lembrança de um dos membros, que partiu jovem demais.

Quem conta a história do grupo é Fábio Henrique de Souza, de 45 anos, único membro da formação original. Ele relata que o Face a Face se formou em 1998, ao lado dos amigos Ivair Dantas e Marcelo Batista, quando eles tinham 18 anos.

Na época, o trio foi responsável por somar no movimento do hip hop na cidade, e ao lado de outros artistas, promover diversos encontros no início dos anos 2000. Fábio relembra que o primeiro encontro, chamado "Campo Grande na Mira do Rap" aconteceu em uma varanda, até conseguirem, com a prefeitura, a autorização para utilizar o espaço do Horto Florestal. Fábio guarda, inclusive, diversos panfletos do evento até hoje.

"Nós vimos muitos grupos se formarem. O Fase Terminal, de Dourados, Falanges da Rima, CPS. Também tivemos seis músicas gravadas em uma coletânea", expressa.

Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
Fábio guarda recorte da reportagem em jornal impresso, noticiando o evento 'Centário Canta Rap' (Foto: Arquivo Pessoal)
Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
Panfleto do evento (Foto: Arquivo Pessoal)
Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
Panfleto da primeira edição do 'Campo Grande na Mira do Rap' (Foto: Arquivo Pessoal)
Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
Panfleto da edição de 2000 do evento 'Campo Grande na Mira do Rap' (Foto: Arquivo Pessoal)

A história do grupo, no entanto, foi marcada por vários altos e baixos. Fábio relembra que acabou deixando os amigos após algum tempo, desmotivado pela falta de investimento do setor cultural no movimento do hip hop da cidade. Ele conta que chegou a seguir carreira solo, cantando rock nacional em MPB por bares da cidade. Depois, Inavir acabou saindo também.

Outro "baque" foi a tragédia inesperada da morte de Marcelinho, que faleceu em um acidente de trânsito. “Foi uma situação que deu uma quebrada em tudo, o grupo ficou estagnado, todo mundo ficou muito ressentido. Na minha cabeça eu pensei em parar, mas o pessoal falou, ‘temos que dar continuidade, porque a memória dele ainda está aqui, ele tá aqui com a gente'. E com altos e baixos, o grupo continuou”, expressa.

Marcelinho era descrito pelo amigo como uma pessoa bastante ativa e a alegra, então Fábio relembra que quando o grupo recebeu a notícia da morte, ninguém acreditou. "A gente se perguntava: Como assim? Por quê? Na hora, vinham todos esses questionamentos".

Infância na periferia rendeu grupo de rap e lembrança de amigo que partiu
No palco, Fábio e Marcelinho se apresentavam (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, com todos os amigos daquela época já com seus 45 anos, Fábio revela que, incentivado pelos amigos, decidiu retornar ao grupo. Fazem parte da formação atual, além de Fábio, Cláudio de Mattos Júnior e Derly Santos, que também cresceram junto com Fábio, Marcelinho e Ivanir no Pioneiros, portanto, também carregam carinho pelas raízes do Face a Face.

Fábio expressa que, quando se reúnem para rimar, também fazem questão de honrar a lembrança de Marcelinho. "No último evento que teve em comemoração aos anos do hip hop, eu lembrei bem dele quando nos fomos tocar. Eu sempre homenageio ele e todo mundo fica emocionado, se torna um momento bem bacana".

Ele também revela que o grupo está totalmente de volta à cena, e estão trabalhando na gravação de um CD com composições próprias, incluindo um poema em homenagem ao Marcelinho, que será escrito e recitado por Fábio. A expectativa é de que o material fique pronto em julho deste ano.

Para finalizar, Fábio relata que acredita que o cenário do hip hop em Campo Grande evoluiu muito dos anos 90 para cá, e que os jovens, que representam o futuro do rap de Mato Grosso do Sul, deveriam lutar pelo movimento com amor, sem visar lucros, assim como a "velha guarda".

"A gente não visa lucro, fama, essas coisas, a gente quer mais é lutar pelo movimento. O primeiro 'Campo Grande na Mira do Rap' foi feito numa varanda, mas corremos atrás na época e conseguimos o Horto Florestal, foi feito por amor, ninguém ganhou nada com isso".

Periferia Pede Paz - O grupo Face a Face, juntamente com outros grupos de rap "old school" estão organizando um evento em Campo Grande, que promete reunir a galera mais velha do movimento, em um evento que irá unir hip hop, oficinas de grafite e break.

O evento está marcado para acontecer dia 25 de janeiro, na praça do Bairro Dom Antônio Barbosa, a partir das 16h. A entrada do evento será gratuita.

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