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Comportamento

Infectologista, Julio virou "estrela" em 2020 e projeta ano difícil

Em MS, o baiano Julio Croda ficou conhecido por ser o médico infectologista que falou sobre o coronavírus "mais do que nunca"

Raul Delvizio | 02/01/2021 09:04
Baiano de nascença, infectologista Julio Croda mora em MS já tem 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Baiano de nascença, infectologista Julio Croda mora em MS já tem 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 42 anos, Julio Croda é o médico infectologista e especialista pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) que virou "figurinha carimbada" no ano em que a pandemia da covid-19 se instalou. Mal sabe dizer quantas vezes foi entrevistado por jornalistas ou teve participações ao vivo na televisão. Com a chegada de 2021, porém, o cenário não parece muito promissor.

Nas suas palavras, "vivemos o pior momento da pandemia". Ao Lado B, uma conversa honesta sobre o último ano que passou e o que acabou de chegar.

"Não consigo visualizar de uma forma diferente: 2021 já está se configurando para o mesmo cenário que 2020. Isto porque a sociedade brasileira como um todo, especialmente a sul-mato-grossense, não vem contribuindo. Tudo que a gente vê hoje poderia ser sim evitado, mas pelo visto nos falta consciência coletiva. Empatia. Lamento por MS e pelo Brasil", opina.

Julio foi integrante da equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Foto: Arquivo Pessoal)
Julio foi integrante da equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Foto: Arquivo Pessoal)

Não é só por conta da sua especialidade, mas a covid-19 também bateu pessoalmente na porta de sua família. "Uma tia morreu aos 87 anos em decorrências do coronavírus, lá na Santa Casa. Mais recentemente o filho dela, de 67, ficou internado por mais de 30 dias, dez deles só na UTI (unidade de terapia intensiva) do hospital da Cassems. Saiu às vésperas do ano novo, o que considero total esperança. Enfim, todos nós somos afetados de uma forma ou de outra", acredita.

Baiano de nascença, fez carreira em São Paulo até chegar a MS, onde mora nos últimos 10 anos. No Ministério da Saúde, foi chefe do departamento de imunização e doenças transmissíveis na gestão de Luiz Henrique Mandetta. Atualmente, vive na Capital junto da esposa Mariana – que também é médica – atuando no curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Para ele, o ano da covid também foi de crescimento pessoal.

"2020 foi uma oportunidade em ter feito a tradução dos termos técnicos, mas eu fui muito requisitado mesmo, quase todos os dias. De março até agorinha, sempre tem alguém atrás de mim. Enquanto pesquisador infectologista, pude perceber a carência da sociedade nas questões relacionadas à pandemia. Ainda, a dificuldade da imprensa em analisar certos dados, em passar uma mensagem clara. Por isso entendo que meu papel é importante, mas também é cansativo", confessa.

Em palestra anterior à pandemia, especialista disse que 2020 foi o ano mais cansativo na sua carreira (Foto: Arquivo Pessoal)
Em palestra anterior à pandemia, especialista disse que 2020 foi o ano mais cansativo na sua carreira (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2021 – Julio garante que tem a perspectiva da vacina, mas que ela não vai ser disponibilizada para todo mundo – a prioridade é para o grupo de risco. Porém, para ele, dezembro de 2020 mostrou como "fechamos o ano" para 2021: foi o mês que mais teve óbitos no estado de MS.

"Ainda acho que as pessoas têm pouca empatia com relação à doença, com quem está morrendo, com os profissionais de saúde dando suor no trabalho. É só ver os números. E seria fácil a gente encontrar um culpado apontando o dedo para nossos representantes. O governo é reflexo da sociedade. De alguma forma a própria população aprova isso. Interpretam que o senso coletivo é menos importante que o individual. A sociedade poderia sim contribuir para um cenário mais positivo da pandemia", finaliza.

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