ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 13º

Comportamento

Justiça de MS mantém penhora do prêmio de sertanejo que venceu reality

Thiago Servo ganhou R$ 1 milhão em "A Grande Conquista", mas valor está bloqueado

Anahi Zurutuza | 04/09/2023 18:43
Thiago Servo, 37, em vídeo divulgado recentemente no Instagram (Foto: Reprodução)
Thiago Servo, 37, em vídeo divulgado recentemente no Instagram (Foto: Reprodução)

O desembargador Vladimir Abreu da Silva, relator do recurso interposto pela defesa do sertanejo Thiago Servo contra a penhora do prêmio de R$ 1 milhão que o cantor ganhou em reality show, decidiu manter o valor bloqueado. José Lázaro Servo, o Thiago que fez sucesso ao lado de Thaeme há dez anos, teve o montante sequestrado pela Justiça para o pagamento de dívida que o sertanejo teria com advogado de Campo Grande, mas contesta a nota promissória apresentada pelo credor à Justiça.

O artista foi acionado, em maio de 2015, pelo advogado João Alex Monteiro Catan, 68, pai do deputado estadual João Henrique Catan. O credor cobrava R$ 331 mil a título de pagamento, com juros, de nota promissória assinada pelo famoso em outubro de 2014 e que venceu em novembro do mesmo ano.

Após saga de 7 anos e meio atrás de Thiago, foi só em fevereiro deste ano que a Justiça conheceu a versão do sertanejo sobre o suposto débito, que motivou decisão de confisco do prêmio de R$ 1 milhão que o cantor ganhou em “A Grande Conquista”, no dia 20 de julho.

Embora nunca tenha deixado de tentar estar sob os holofotes, a Justiça teve muita dificuldade de encontrar o sertanejo. Ao longo do processo, estão registradas pelo menos duas dezenas de tentativas de oficiais de Justiça notificarem o cantor da existência da cobrança, em endereços de Campo Grande, São Paulo e até no sítio onde o sertanejo estava confinado para participar do programa “A Fazenda”, no primeiro ano de tramitação. Mas, antes que oficial de Justiça fosse designado para a viagem até a propriedade rural, Thiago desistiu do reality.

Representante do credor, João Paulo Sales Delmondes chegou a pedir que a Justiça oficiasse aplicativos como Uber, 99 Pop e Ifood em busca de endereços de Thiago. Ele acabou sendo citado aqui na Capital, em novembro do ano passado, depois que Delmondes descobriu que o cantor estava fazendo apresentações no bar Eden Lounge.

Tanto tempo se passou que a dívida também se multiplicou. Conforme os cálculos efetuados pela defesa do credor, chegou a R$ 1.361.495,06. Por isso, no dia seguinte à vitória de Thiago no reality da Record e a notícia de que o devedor receberia prêmio de R$ 1 milhão, Delmondes fez novo pedido de penhora e, ainda, no dia 21 de julho, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Execução de Título Extrajudicial de Campo Grande, determinou o sequestro do prêmio.

A nota promissória que é cobrada na Justiça (Foto: Reprodução dos autos do processo)
A nota promissória que é cobrada na Justiça (Foto: Reprodução dos autos do processo)

Partiu para o ataque - No pedido feito ao Tribunal de Justiça, no dia 15 de agosto, para suspender a penhora do prêmio, Thiago partiu para o ataque e acusou Catan de fraude, falsidade ideológica e estelionato.

A defesa do sertanejo já falava em farsa, argumentando que o cliente nunca fez dívida com o advogado campo-grandense, mas tinha negócios com Jamil Name Filho, nome “famoso” em Mato Grosso do Sul, condenado no fim de julho por ser o mandante da execução de universitário na Capital.

Sem conseguir impedir o bloqueio do prêmio na primeira instância, o sertanejo resolveu aumentar o tom. No dia 7 de agosto, ele foi à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro para registrar boletim de ocorrência contra Catan, acusando-o de falsidade ideológica.

Brevemente, na denúncia à Polícia Civil, ele relata a mesma história contada à Justiça para se defender da cobrança. Narra que em 2013, quando ainda fazia dupla com Thaeme, contraiu a dívida com Name Filho ao comprar um carro da marca BMW e um avião. Afirma que pagou R$ 150 mil de entrada, mas após o fim da dupla, desistiu da compra. Sem poder continuar pagando “parcelas” pelos bens, o cantor teria feito acordo com Jamilzinho para que o valor já desembolsado ficasse como pagamento pelo tempo que usou o carro e a aeronave.

A defesa alega ainda que Thiago havia assinado “nota promissória em branco” e não sabe como o documento que atesta dívida foi parar nas mãos de Catan, mas que o advogado fraudou o documento para cobrá-lo na Justiça.

O advogado Diego Dias Barbosa Gamon pediu a suspensão da penhora, ao menos em parte, uma vez que o valor seria usado pelo sertanejo para subsistência e custeio de despesas como a pensão alimentícia dos filhos.

Decisão - No entendimento do desembargador, contudo, Thiago Servo terá de provar as acusações contra Catan. O desembargador entendeu ainda que faltou comprovação de que o sequestro do valor prejudicará o sustento do artista. Por isso, negou o recurso.

“Por fim, quanto ao pedido de limitação da penhora a 20% do prêmio, haja vista a necessidade do agravante de suportar as despesas ordinárias de sua família, tem-se que não há qualquer elemento de prova nos autos a indicar sua situação econômico-financeira, como a cópia da DIRPF/23 e o extrato de movimentação bancária dos últimos 30 dias, de modo que o direito do credor de satisfação do seu crédito não pode subordinar-se à defesa rasa e sem maiores comprovações por parte do devedor de que a penhora efetivamente prejudicará seu sustento.”

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias