Madalena é Fusca de 1977 que virou símbolo de luta para professora
Pintado à mão e com adesivos de mulheres, Fusca é 'alter ego' da Emory, que não vende carro por nada
É inevitável, o Madalena chama a atenção por onde passa em Campo Grande. Seja pelos cartazes de mulheres colados na lataria, a mistura de tintas coloridas no capô ou a falta de pintura, o Fusca 1977 tem um charme único. Para a proprietária, Emory Alves Spontoni, de 32 anos, o carro não é somente seu alter ego, como símbolo de luta.
Segundo a professora de judô, Madalena foi adquirida há um ano através de um anúncio na rede social. “Estava procurando um fusca com o motor bom, mas que eu pudesse fazer um estilo rat look nele. Aí meu irmão achou o anúncio no Facebook por R$4.500 e acabou que comprei por R$ 3.500”, recorda.
Madalena não estava nos melhores dias, pois o banco não regulava e a pintura estava danificada pelo excesso de exposição ao sol. Apesar desses e outros detalhes, o motor estava impecável como Emory queria. Após a compra, o Fusca ganhou a primeira de muitas intervenções.
O irmão de Emory foi o primeiro a contribuir com a melhoria no visual do carro. “A lataria meu irmão pintou. Eu estava trabalhando e ele mandou mensagem perguntando se poderia fazer uma coisinha nela, falei que sim. Quando cheguei vi que ele tinha pintado ela inteira no pincel. Mas ficou estranhamente legal e eu acabei gostando”, afirma a professora.
Aos poucos a proprietária foi personalizando o Fusca 1300. Hoje, o carro é decorado na parte externa com fotos adesivadas de Frida Kahlo, Delinha, Chiquinha Gonzaga, Maria da Penha, Carmen Miranda, Marta, Miraildes "Formiga", Hortência e outras que são ícones do cenário feminino que representam. O grafite branco de ‘Lute como uma garota” faz jus ao que Emory busca expressar através de Madalena.
“Fui criando a Madalena para ser um símbolo de luta, chamar a atenção mesmo por onde passa para nós mulheres e que podemos sim estar nesse meio”, destaca a professora de judô.
Mas não são só esses os detalhes que compõem o estilo diferente do Fusca. Emory explica quais são os demais. “O capô tem um grafite que foi um artista aqui do Estado que fez, o Dan da galeria meia sete. Na frente onde vão os faróis eu personalizei com corda de sisal, também como se fosse cicatrizes para representar as cicatrizes que tenho nos joelhos devido a duas cirurgias que já fiz”, diz.
Essa última particularidade justifica o porquê Madalena também representa a professora. “Eu digo que a Madalena é meu alter, e esse nome surgiu pois às vezes as pessoas estranham ou não conseguem falar Emory, que é meu nome real, e aí eu digo Madalena”, comenta.
Por ter esse visual incomum, ela garante que o Fusca se destaca. “A galera buzina, tira foto e até brincam de fusquinha 123. Meus alunos também sempre comentam: ‘Hoje a Madalena está aí né?!’ É a maior festa, galera acha diferente. Já teve gente que não gostou, mas a maioria se diverte assim como eu”, frisa.
A paixão por esse modelo clássico de carro é algo que Emory puxou da família. Antes de Madalena, a professora de judô teve outro Fusca que foi vendido. Diferente do anterior, ela jura que não vende esse por nada.
“A Madalena além de ser o meu meio de transporte principal é como eu me expresso e como reflete o meu eu. Eu e Madalena somos um casamento verdadeiro, não vendo nunca”, conclui.
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