Mariana e o pai encararam rotina intensa para que a mãe cursasse Medicina
Um soube ceder para que o outro realizasse o sonho da adolescência
Amor e cumplicidade fizeram mais forte o casal Adriana Luiz de Lima Viegas, 32 anos, e Odirley Balbino Viegas, de 38. Há quatro anos os dois entraram em uma jornada intensa para que ela realizasse o sonho, se formar em Medicina, na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Ao lado do casal, uma figurinha super importante, a filha Mariana.
Desde a adolescência, Medicina era a meta de Adriana. Mas a vida lhe encaminhou primeiro para a Biologia. Com ajuda do marido, ela não desistiu dos sonhos e, aos 27 anos, decidiu voltar a estudar. "Comecei fazendo cursinho. Naquela época imaginava que a faculdade de Medicina ia demorar poderia um pouco mais. Mas sabia que ia tentar".
No mesmo ano, Adriana descobriu a gravidez e prestou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no sétimo mês de gestação Para os pais, a maior alegria do mundo foi ver Mariana nascer em janeiro e a surpresa daquele ano foi ela passar em Medicina. "Foi uma felicidade em dose dupla", descreve.
O jeito foi providenciar a matrícula e, ao mesmo tempo, administrar os horários de amamentação da filha. Por isso, o marido foi quem reduziu a carga horária de trabalho e todos os dias ficava sentado do lado de fora da sala de aula para Adriana conseguir amamentar a filha.
Na relação de um ceder pelo sonho do outro, Adriana e Ordiley fizeram jus a cumplicidade esperada no casamento. "Eu falo que o meu marido foi essencial. Eu não teria como fazer a faculdade se nós dois não dividíssemos tão bem as tarefas. Porque a Medicina sempre foi muito importante pra mim, mas a minha filha é minha maior prioridade".
Depois de algum tempo esperando do lado de fora, Ordiley passou a ficar com a filha em casa. "Passei a ordenhar e deixar o leite em casa para ela mamar. Mas os primeiros meses foram difíceis, meus seios enchiam de leite".
No período em que esteve na universidade, a pequena Mariana conquistou alunos e professores. No final da aula, não havia quem deixasse de paparicar a menina. "As pessoas sempre a trataram muito bem. Com o tempo ela virou a 'mascotinha' da turma. O apelo surgiu como carinho".
Agora longe das salas de aulas, Mariana passa a maior parte do tempo em casa e Adriana faz de tudo para administrar os estudos com a filha. "O tempo que ela está acordada aproveito para brincar com ela e fazer companhia. Depois que ela dorme, vou estudar. Normalmente estudo até tarde da noite ou levanto as 3h da manhã para continuar os estudos".
A rotina da família começa cedo. Além do estudo, Mariana e o marido dividem as tarefas de casa, a organização das coisas de filha, sem deixar o momento em família de lado. "A gente se divide e se desdobra por um sonho, mas não deixa de priorizá-la. Tanto que já precisei levá-la, algumas vezes, para sala de aula. E até hoje foi recebida com muito carinho".
Quando há "Semana de Prova", o jeito é contar com auxílio extra. "Além do marido, tem nossa família de Dourados que vem até Campo Grande para que eu possa estudar. Assim ela também se distrai e tem companhia".
Adriana está no quarto ano de Medicina e avalia que, além de não desistir de um sonho, a rotina deu certo porque cada um assumiu um papel dentro da relação. "Eu penso que assumimos ser pais de verdade. Porque tanto a mãe quanto o pai tem papel fundamental na educação. É claro que não é fácil, às vezes bate um cansaço, mas vejo que não importa a idade para realizar um sonho e num relacionamento a dois, precisa de cumplicidade".