Na pandemia, família passou a receber um bom dia diferente do avô
Francisco tem o olhar sensível para as coisas mais simples da vida; nos seus passeios matutinos, encontra sempre uma inspiração
Seu Francisco Rodrigues Alencar, de 75 anos, é um avô que não aguenta ficar parado. Ama leitura, exercício físico e conhecer pessoas novas. Mas com a pandemia que se faz presente desde março, ele precisou adaptar a rotina para se manter saudável e longe da covid-19. Mas quem ganhou com isso foi a família, que passou a receber diariamente um olhar sensível do avô com as paisagens que ele encontra pelo caminho.
Quem conta sobre essa sensibilidade é a filha, Viviane de Souza Alencar, de 36 anos, que também vê na história contada uma forma de homenagear o paizão que hoje não dispensa o WhatsApp e o uso como ferramenta para transformar o dia das pessoas.
“A cada manhã, o grupo da família desperta com uma imagem de um novo olhar dos caminhos em que papai Chico passou naquelas primeiras horas do dia. É uma linda que a outra. Ele tem colecionado novos desafios e agora novas imagens fotográficas”, conta.
Na última semana, ele até confidenciou que gostaria que um dia as pessoas reconhecessem as fotos que ele tirou. “Ao que senti, acha que um reconhecimento viria apenas após a morte”, diz a filha.
A filha conta que hoje Francisco tem o maior orgulha das fotos, que antes ele só fazia “cortando a cabeça de todo mundo”, sem muita habilidade com o enquadramento.
“É maravilhoso acordar como o colorido das fotos do meu pai”, descreve também uma das filhas, Daiane Souza Alencar Romero, 38 anos.
“Quando vejo as fotos que tira, sei que foram coletadas pelo olhar de um grande homem, que não abaixa a cabeça para os desafios que surgem. É inspirador, tantos deprimiram perante o cenário desolador, mas o meu pai continua nos mostrando que até os dias nublados possuem sua beleza”, descreve Viviane.
Seu Francisco completa mais um ano de vida no próximo dia 30 de dezembro, é cearense, estudou apenas até a quarta série e fez a vida em Campo Grande. Já idoso, resolveu terminar os estudos e realizar um curso de teologia. Dedicado, conseguiu terminar.
Diante do novo cenário de permanência prolongada dentro de casa, colocou como meta a leitura de quantidade mínima de páginas de livros. Assim, conseguiu ler, nesse período, excelentes livros, diz a filha.
Mas não parou por aí. Diante da impossibilidade de realizar exercícios físicos em academias, iniciou caminhadas e tomou paixão por fotos de paisagens.
“Durante essa semana, em meio a todo esse desgaste que a pandemia trouxe, presenciar um idoso que busca se reinventar, sendo autodidata, sem baixar a cabeça para o quadro assustador, é inspirador”, encerra Viviane.
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