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Comportamento

Não é exagero, todo cuidado é pouco para não perder dinheiro em golpes virtuais

Especialista em facilitação de crédito alerta que usuário precisa ser “desconfiado” para evitar prejuízos

Natália Olliver | 15/11/2022 14:22
Especialista orienta a pesquisar nome da empresa e recomandação no site Reclame Aqui para evitar golpes (Foto: Alex Machado)
Especialista orienta a pesquisar nome da empresa e recomandação no site Reclame Aqui para evitar golpes (Foto: Alex Machado)

Em meio a tantas fraudes cometidas por estelionatários e golpistas, situações cada vez mais frequentes no Estado, é possível se proteger e evitar prejuízos, tanto na internet, como em falsas empresas físicas? Especialista diz que o ceticismo é um fator decisivo na hora de solicitar empréstimos e realizar compras, principalmente de forma on-line.

O Campo Grande News noticiou diversos casos sobre a nova onda dos fraudadores em Mato Grosso do Sul: enganar clientes para que paguem uma tarifa de resgate do “falso precatório", recurso fruto de indenizações contra o Poder Público. Túlio Matos, CEO da fintech iCred, que facilita o acesso de clientes ao crédito pessoal e empréstimo consignado do FGTS, explicou à reportagem que há diversas maneiras de evitar golpes do gênero.

O especialista ressaltou que na internet os contratantes são, muitas vezes, atraídos por anúncios, mas que isso não pode, de maneira alguma, ser parâmetro de confiabilidade. "Independente de onde esse consumidor viu o anúncio ele não pode levar isso em consideração para tomada de decisão. Muitas vezes ele vai lá e pesquisa no Google e a empresa aparece em primeiro lugar, isso não quer dizer nada, porque pode ser um anúncio patrocinado, ele coloca via blog, mas também não pode ser nada, porque o blog pode estar ganhando algo também. Até o influenciador não é garantia de nada. Antes dele entrar na jornada de contratação ele precisa ser cético. Na internet precisa ser cético”, frisou.

Além da atenção aos anúncios para evitar possíveis golpes, os clientes precisam ser pacientes para seguir todos os protocolos de checagem e verificar se as empresas possuem páginas com certificação de segurança, que são as pictografia http (protocolo de hipertexto) e https, que é um protocolo seguro, localizados na barra do endereço do site.

Ícone de segurança em páginas confiáveis na internet 
Ícone de segurança em páginas confiáveis na internet

“O consumidor não faz isso, ele cai no site e já começa a contratar. Se clicar no ícone do cadeado, vai conseguir obter informações sobre o que é aquela empresa por trás do certificado. Se ele entrou logo na jornada de compra ele está agitado e ansioso, então começa a dar aos dados dele: nome, CPF, número de telefone. No trabalho de créditos, de qualquer natureza, é necessário checar o rodapé da empresa também”, ressaltou. Outra possibilidade para verificação da existência legal da empresa é através do site Reclame Aqui, no qual clientes podem conferir a nota atribuída às empresas, pelos compradores em diversos quesitos.

Canais físicos - “O primeiro ponto que o consumidor tem que se preocupar é qual o canal que ele está buscando essa contratação. Se for o canal físico é importante que o cliente certifique de que aquela agência ou escritório de fato tem as credenciais para operar junto a algumas instituições financeiras”, disse.

Conforme o especialista, o local precisa apresentar ao cidadão solicitante um mural no qual contenha as informações referentes ao CNPJ da empresa, número do alvará, quadro de tarifas do banco que aquele correspondente está representando naquele endereço.

“Procure garantir que o consultor de crédito apresente a certificação que é exigida pelo Banco Central. Ela é constituída por entidades de classes, como Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e outra pela Aneps (Associação Nacional dos Profissionais e Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes do País)”. Ele ressaltou que o cliente também deve sair do local com a cópia do contrato, número de telefones para contato e canal de ouvidoria.

Golpes de empréstimo - Túlio Mattos evidenciou que os novos golpes, chamados de engenharia social, no qual está incluso a modalidade fraude de empréstimos, são os “preferidos do momento”.

“Eles incentivam a contratar um empréstimo legítimo, o dinheiro cai na sua conta e a partir daí você é lavado. Depois eles te manipulam para te fazer aplicar o dinheiro em outra coisa como pirâmide financeira, consórcio, pagar um boleto, devolver um pi, porque alegam que se não fosse eles você não teria conseguido aquele empréstimo”, revelou.

De acordo com o CEO, a principal coisa que os consumidores precisam ter em vista é que eles, sob hipótese alguma, devem fazer o pagamento a terceiros de nenhum tipo de tarifa, taxas, consultorias ou honorários sobre os empréstimos. “Se tiver uma cobrança para liberação do empréstimo pode ligar um alerta vermelho bem grande porque tem muitos indícios de ser uma fraude. Então se o dinheiro cair na sua conta você não devolve nada para ninguém, não paga nenhum boleto ou devolução de qualquer natureza. Se houver cobrança tem que ligar para instituição, denunciar e entender que tarifa é essa cobrada”, acentuou.

O que fazer - Mattos ainda deu dicas de como tentar resolver a situação caso o cidadão acredite que caiu em um golpe de uma instituição confiável. Primeiro é preciso contatá-los através do canal de ouvidoria e SAC. “Se descontou da aposentadoria, está sendo cobrado, não tem jeito. Toda empresa séria tem a responsabilidade de garantir que a fraude seja reconhecida e anulada. Infelizmente elas também estão sendo vítimas. A engenharia social é isso. O fraudador engana tanto o cliente quanto o banco. Porque ele conecta o cliente e o banco, e o banco faz o empréstimo. Então a vítima passa o dinheiro para as mão do fraudador”, contou.

Caso a instituição não resolva o problema, o cliente tem o direito de ir no portal do consumidor, do Governo Federal. Caso ainda não resolva Mattos ressalta que é a hora de chamar o Procon (Proteção e Defesa do Consumidor) e como última instância acionar um advogado.

“Agora se for fraude de cartão da instituição, por exemplo, (golpe de terceiros) deve procurar a Polícia Civil de Crimes Virtuais do município, isso vai virar uma investigação policial. A instituição é responsável pela pessoa que entrou em contato, garantindo que seja responsável e credenciado, que apresente as informações de forma clara, que dê acesso à cópia do contrato e que a negociação ocorra em um ambiente de transparência até o limite do crédito entrar na conta do consumidor. No Brasil acontece muito vazamento de informação. Eles começam a tomar conhecimento de quem fez empréstimo. Fazem ligações alegando que faltou uma tarifa, que o benefício dele vai ser bloqueado. Qualquer ligação desse tipo, desconfie! O banco não faz ligações assim. Ligue no 0800 da instituição para denunciar”, destacou.

Celular - Já no quesito celular, Mattos acrescentou a importância de nunca deixar todas as senhas gravadas no aparelho celular, em blocos de notas, por exemplo, e disse que aplicativos de gerenciamento de senhas, apesar de mais seguros, ainda podem sofrer invasões de hackers.

“O caso de senha é a boa e velha caderneta. Os aplicativos, ainda que façam o gerenciamento, podem ter o código corrompido, não é frequente, mas acontece. Exemplo, um celular conectado na rede wi-fi de um aeroporto, os fraudadores se aproveitam dessas conexões, podem entram no seu celular e descriptografar alguns aplicativos. Existe esse risco”, finalizou.

De acordo com Túlio Mattos é necessário que a senha transacional de aplicativos bancários tenham até 8 dígitos, misture maiúsculas e minúsculas e caracteres especiais. Além disso, o cidadão deve possuir duas senhas diferentes: uma para usar em aplicativos que não tenham riscos financeiros e outra específica para aqueles passíveis de roubos.

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