Não visite um recém-nascido, você terá a vida inteira para conhecê-lo

Nestes últimos dias uma imagem do presépio chamou a atenção na internet. "Deixemos a mãe descansar" rendeu comentários até do Papa Francisco e me fez lembrar de uma das maiores brigas que comprei desde que comecei a trilhar o caminho da maternidade: as visitas. O que uma coisa tem a ver com a outra? A mãe precisa de um descanso e a última coisa que ela quer é fazer sala para alguém. 

Tudo bem que existe o 8 e o 80 nesta história. Há quem sequer avise que o bebê nasceu, como também pais que preparam até decoração para receber as visitas ainda na maternidade. Fiz parte da turma do 8. Não avisei nem a minha própria mãe de que estava indo ganhar bebê, só o fiz depois de nascer e com uma doce mensagem com o horário de visita. A última coisa que eu queria era chegar ao quarto e encontrá-lo cheio de pessoas. Ainda que fossem da minha família.

Claro que tal ação não foi bem vista e há quem esteja chateado até hoje por não ter conhecido meus filhos recém-nascidos. Mas a verdade é que visita nos primeiros três meses não é bem vinda e ninguém tem coragem de falar isso. Claro que há também as exceções, mas como isso é tão raro - de alguém ir para lavar a sua louça, pegar o bebê para você dormir ou tomar um banho e encher sua geladeira de comida -, é melhor se precaver e dizer "não" para todo mundo.

Desde a primeira gestação eu já fui avisando os mais próximos que não queria visita na maternidade. De jeito nenhum. Eu nem sabia o que estava por vir, mas era o momento da gente conhecer o bebê e ele a nós. Não sei se é uma convenção da sociedade, mas gostaria de entender porque pessoas que nunca foram a sua casa acham que precisam ir quando um bebê nasce? 

Gente, não precisa. Guarda o presente para depois. Deixa para pegar no colo quando ele estiver já entendendo que está no mundo, e não mais no útero quentinho da mamãe. Delicadamente, escrevemos uma mensagem dizendo a todos que quando estivéssemos prontos, nós e o bebê, abriríamos a porta para as visitas. Não vou lembrar exatamente o que escrevi, mas pedi um tempo para que eu conhecesse meu filho. Todo mundo tem a vida inteira para conhecê-lo e ali, o mais importante é a gente criar um vínculo mãe e filho. Pelo menos é isso que acredito e também defendo.

Na internet está cheio de listas com "12 regras para visitar um recém-nascido" que incluem o álcool gel e não acordar o bebê. Parecem coisas básicas, mas que são frequentemente esquecidas na ânsia de ver o recém-chegado. 

Não quero aqui passar por mal educada, adorei os presentes que meus filhos receberam. Mas só quem já passou por isso sabe o caos que é quando alguém toca o interfone ou a campainha. A gente fica de camisola o dia todo, de peito de fora, estamos aprendendo a ser mães e os bebês a serem filhos. Porque ninguém nasce sabendo, não. E isso requer tempo e mais que isso, privacidade. 

Então se estiver pensando em fazer uma visita, substitua por um vale. Este eu ganhei de uma amiga muito querida e de longe a mais engraçada que eu tenho, a Ana Maria. 

"Parabéns!!!
Você acaba de ganhar um vale-funcionária-doméstica para serviços gerais!
Regras:
A validade do seu cupom é para serviços aleatórios a serem prestados na sua casa (como lavar louça e segurar bebês ou brincar com bebê). Também pode ser utilizado para compras ou transporte, ou acompanhamento em salão de beleza.
Esse cupom deve ser utilizado entre 14h a 20h durante a semana e em qualquer horário aos fins de semana. Para utilizar basta enviar uma mensagem nesse número com um dia de antecedência.

Não deixe de aproveitar esse brinde, a validade é até a Olívia completar três anos."

Ainda não usei, mas não descarto por nada no mundo. E que seja leve nosso maternar. <3