No centenário de Vergnaud, família lembra do 'ceguinho' que levantou 50 prédios
Vergnaud Alencar fez do bairro Amambai sua casa e hoje é até nome de praça
O ano é do centenário de nascimento de Vergnaud Arnaldo de Alencar, mais conhecido como "Seu Alencar" ou o "ceguinho construtor". Em 66 anos de vida, o nordestino construiu mais de 50 imóveis entre prédios, sobrados e casas populares, por isso ganha homenagens neste 30 de dezembro.
Sua ligação com a história da cidade é inegável, especialmente com o bairro Amambai, local que escolheu para viver quando veio para Campo Grande, em 1947. Construiu também relações duradouras com duas mulheres e 11 filhos, um deles já falecido.
Pela fama, ele já teve a história contada aqui no Lado B. E não faltou fato curioso para a gente relatar. O nome dele ficou conhecido pelo prédio "Balança mas não cai", na Rua Cândido Mariano, levantado há 53 anos. A obra recebeu o apelido porque ninguém acreditava que fosse permanecer em pé.
Seu Alencar morreu na década de 80, num acidente de carro, depois de resistir a 7.
Dada a importante trajetória em vida, ganhou uma praça que leva seu nome, na rua Dr. Arlindo de Andrade, quase esquina com a Antônio Maria Coelho.
Por conta da data tão marcante para a família, dois dos filhos de Alencar, Wilson e Humberto, com uma de suas netas, a jornalista Carol Alencar, decidiram produzir juntos um vídeo documentário para manter sempre vivo os feitos e causos do pai e avô.
"Ele sempre trabalhou por conta própria. Construiu vila de sobrados para alugar, vivia de aluguel. Teve fábrica de ladrilhos, loja de móveis pela cidade", dizem os filhos.
Seu Alencar aprendeu a lidar com a deficiência adquirida com o tempo: ficou cego por conta de uma catarata em seus olhos. "Ele nunca se permitiu abater depois de perder a visão. Continuou a vida normalmente, fazia os degraus da casa conforme o tamanho de seu pé e ia no instinto", conta Wilson.
O vídeo iria ao ar no mesmo dia da inauguração da praça de Vergnaud. "Haveria aqui uma revitalização, com instalação de bancos, inauguração da placa com nome do pai, mas até hoje a Prefeitura não confirmou o evento. Então, pra gente não perder o centenário, lançamos só na internet mesmo", completa Humberto.
"É nossa forma de homenagear e manter essa história documentada. Nosso pai teve ligação direta com o crescimento da cidade. Inclusive, acho que ele se assustaria com o tamanho de Campo Grande hoje", brincam eles.
Os imóveis construídos continuam de pé. Alguns deles estão em posse dos filhos. Um dos mais importantes, o sobrado da família, em frente à praça de Arnaldo, deve ser revitalizado por Wilson. "A gente continua porque sabe da importância. São muitas lembranças. Vivemos ao lado dele e dos nossos irmãos aqui, nesse sobrado feito lá por 1950", comenta.
Confira a homenagem feita pelos filhos ao maior construtor de Campo Grande: