No isolamento, testes de gravidez começam a dar positivo
São mais de 2 meses desde que a quarentena começou e já têm bebês a bordo, que estão fazendo a alegria da família antes de nascer
Mais de dois meses após o início da quarentena, os testes de gravidez começaram a dar positivos em Campo Grande. A notícia pega muita gente de surpresa, mas também é vista como sinal de esperança e faz muitas mulheres acreditarem que dias melhores estão por vir.
“Tive a notícia da gravidez e, ainda por cima de gêmeos, isso vem como aqueles suspiros profundos que damos”, diz a empresária, Susy Leandro dos Santos, que descobriu a notícia há poucos dias e está na sexta semana de gestação.
Ela está isolada desde março por conta da epidemia do coronavírus, que atingiu a cidade. A rotina mudou bruscamente e as informações nos noticiários também não ajudaram a evitar a tristeza nessa época.
“Não entrei em pânico, mas após um mês dentro de casa fiquei bem angustiada e senti medo porque minha mãe tem 67 anos, tenho um filho pequeno de 2 anos e fora que em dezembro de 2019 tive uma pielonefrite [inflamação dos rins provocada por bactéria]”, conta.
Se isolar em casa fez a aflição vir à tona e encher a cabeça de Susy de preocupações com a família. Isso porque o esposo, com quem vive há 11 anos, já sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). “Fiquei bem preocupada”.
A gravidez nesse momento faz tirar o foco do caos e pensar mais na alegria. “Queria ter outro filho, mas achei que seria difícil de engravidar porquê do meu primeiro demorei quatro anos. Estava desconfiada e na semana passada, quando descobri fiquei meio assustada por conta da crise que estamos passando”, diz.
Mas, logo o susto passou e aí veio a alegria. “Fiquei contente, depois de confirmar, descobri que são gêmeos. Fiquei sem acreditar, meio pasma, mas feliz”, destaca. “Fico preocupada apenas porque já tenho um pequeno em casa e agora serão mais dois. Porém, vai ser mil maravilhas”, fala confiante.
A mais desejada - A notícia também chegou para fazer Gabriela Grotta Garrido transbordar de alegria. Aos 32 anos, ela é professora e neste mês descobriu que está grávida de oito semanas. Os dois risquinhos positivos no teste fizeram seu coração acelerar ainda mais.
“Não foi planejada, mas desejada. Sempre quis ser mãe novamente e meu namorado Willian tem o sonho de ser pai. No entanto, tenho ovários policísticos e em 2019 não ovulei. Fiquei preocupada achando que não conseguiria engravidar e teria que ficar anos tentando”.
“Em janeiro, estava de férias na praia e meu namorado aqui. Conversamos pelo WhatsApp sobre esse medo e a vontade dele. Propôs tentar novamente quando voltasse para cidade. Desde então, não tomamos mais nenhum cuidado”, conta.
Depois que o vírus se espalhou pela cidade, a professora também entrou em quarentena. Foi a oportunidade de entrar em sintonia com o corpo e engravidar. “Como da outra vez, o único sintoma foi o seio dolorido e menstruação atrasada. Fiz o exame de farmácia e deu positivo”.
Para confirmar o teste, Gabriela também realizou o exame de sangue e aguardou o resultado. “Comprei um body, uma naninha e fiz mais aquele teste eletrônico de farmácia que diz as semanas. Coloquei tudo uma caixinha e dei de presente para meu namorado no dia seguinte”.
O casal não conteve a emoção e contou para os pais de Willian. A surpresa também foi revelada para a filha de Gabriela, que foi promovida a irmã mais velha. “Para meus pais, contei depois porque moram no Nordeste. Minha mãe não está muito bem de saúde, então não sabia qual ia ser sua reação, se ficaria muito preocupada”, relata a professora.
Agora, a preocupação é outra e Gabriela está evitando ouvir as notícias ruins para focar apenas na felicidade. “Um dia decidi assistir jornal e foi um desespero total. Mas, estou fazendo leitura de paz, esperança e acalmei o coração”.
O surgimento do bebê também é um passo a mais para que Gabriela e Willian formem a família que tanto sonhavam. “Íamos noivar no dia 10 de abril, mas adiamos por conta da quarentena. Agora, os planos são fazer tudo, chá revelação, chá de bebê, chá bar e uma cerimônia íntima de casamento, sem data definida porque será no fim do isolamento”, adianta ela.
Ainda está muito cedo para saber o sexo da criança, mas o pequenino já tem dois possíveis nomes. “Guilherme ou Helena”, fala Gabriela. A previsão é que o bebê nasça no dia 30 de dezembro, para o casal celebrar 2021 com vida nova e muito amor.
Tentativas - A empresária Andressa Murcille também era outra que estava desejando ter o segundo filho, para fazer companhia ao pequeno Pedro Henrique, de 6 anos. “Era um desejo ser mãe novamente e estávamos tentando há dois meses e estou grávida de cinco semanas”.
No dia 14 deste mês, ela fez o teste de farmácia e soube da novidade. “Fiz o da tirinha e o que diz as semanas. Fiquei mega feliz, tremia mais que tudo e já saí contando para minhas amigas porque elas esperavam tanto quanto eu”.
Foi um momento marcante, com o casal compartilhando a novidade através do WhatsApp. “Foi incrível. Meu filho também me pedia há tempos um irmão e ficou muito feliz”, conta a empresária.
Atualmente, Andressa não está isolada porque precisa tocar no negócio da família, mas garante que os cuidados com a saúde redobraram após a descoberta. “Tenho uma empresa, não posso parar. Mantive meus compromissos, porém me cuidando, com máscara, álcool gel. Preciso cuidar de mim, do bebê e do meu filho”.
A descoberta também encheu seu peito de esperança. “Acredito que tudo vá melhorar, pode ser que demore, mas vai melhorar. Enquanto isso vou fazer minha parte, cuidando sempre de quem eu amo. Tentamos manter a cabeça no lugar, porém, infelizmente, certas coisas estão fora do nosso controle”.
Desde que soube da gravidez, o ânimo melhorou. “Acordo sempre feliz, não vejo a hora de ter ele ou ela em meus braços. Os cuidados com a alimentação aumentaram e também atividades físicas”, relata Andressa.
Aumento da natalidade – A ginecologista e obstetra, Rúbia Borges Loureiro conta que mais grávidas começaram a aparecer em seu consultório nas últimas semanas. “É normal que ocorra o atraso do ciclo menstrual por conta do estresse que estamos passando, mas só agora estão confirmando as gestações e procurando para o pré-natal”.
A médica não crê que por conta do isolamento o número de gravidez vá aumentar. Isso porque, a população está enfrentando por um período diferente, cheio de incertezas. “Não acredito que a quarentena esteja proporcionando novos bebês. Na verdade, o estresse pode prejudicar a vida sexual dos casais”, explica.
No entanto, a chegada de uma criança pode sim representar dias melhores. “Os bebes de agora significam alegria diante a situação que estamos vivendo. As crianças trazem alegria as famílias, acho que esses nenéns vêm com essa marca, de que mesmo diante de todo caos, sempre tem espaço para felicidade e coisas boas acontecerem”, conclui a médica.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.