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Comportamento

O ano que parei de pensar no "eu" para sonhar por "nós"

Desta vez o relato é da mamãe Alana com a sua baby Analiz, a pequena mascote do jornalismo aqui do Campo Grande News

Paula Maciulevicius | 27/12/2020 07:58
Alana e sua filha Analiz (Foto: Arquivo Pessoal)
Alana e sua filha Analiz (Foto: Arquivo Pessoal)

O Mãe Também Reclama nasceu quando ganhei meu primeiro filho Otto, e vi como a maternidade romantizada é injusta com as mães. Me dediquei a escrever como desabafo, já que reclamar para as pessoas era algo incompatível com o fato de eu ter um bebê. Era como se ser mãe me isentasse de qualquer reclamação e tudo teria de ser visto como benção.

O ano foi pra lá de difícil para todos, em especial para as mães. Aqui tentei acolhe-las a medida em que surtava fazendo home office com duas crianças em um apartamento.

Hoje, apresento Alana e Analiz. Alana é repórter do Lado B, Analiz é a nossa mascotinha. E se tem uma coisa que eu aprendi na maternidade é que o amor, o desabafo e as reclamações precisam ser compartilhadas. O texto abaixo é da Alana, que ainda não sabe, mas vai dividir o Mãe Também Reclama comigo.

Ensaio de 1 mês da Analiz (Foto: Kísie Ainoã)
Ensaio de 1 mês da Analiz (Foto: Kísie Ainoã)

"Iniciei janeiro cheia de metas e com a notícia da gravidez. A novidade me deixou em pânico, pois ter um filho não fazia parte dos meus planos. Entrei em desespero, precisei chorar dois meses seguidos para entender que era o começo de uma nova fase.

Os três primeiros meses foram para me conectar com a vida e me redescobrir. Após o primeiro ultrassom, o som daquele coraçãozinho tão pequenino batendo forte não saia da minha cabeça.  Não demorou muito e logo os enjoos começaram, acompanhado de muito sono.

Quando a pandemia chegou, senti um pouco aflição, mas não deixava de fazer minhas coisas. No entanto, a doença foi se aproximando, contaminando amigos e colegas, e isso me fez ter medo.

Meu corpo foi bombardeado de hormônios que me fizeram sentir amor e raiva ao mesmo tempo.  No terceiro mês de gestação entrei em isolamento social por conta da covid-19. O vírus abalou meu psicológico e tive medo de morrer, de não aproveitar esse momento e perder  as pessoas que amo. Felizmente, até agora, nada de mal aconteceu.

Quando os enjoos passaram, logo a barriga pareceu e aí vi que já não estava sozinha. Descobri que aquele pedacinho dentro mim era menina e entre as várias opções de nome, escolhi Analiz.

Alana e sua família (Foto: Studio Klin)
Alana e sua família (Foto: Studio Klin)

Nomeá-la ainda dentro da barriga nos ajudou a fortalecer o vínculo de mãe e filha. Tempo depois, Analiz começou a mexer e se comunicar e, aos poucos, nosso amor uma pela outra crescia.

Comecei a planejar nossa vida, imaginar o futuro, ela sorrindo, andando, conversando. Não via a hora de nascer para mostrar aos amigos e familiares.

Por conta da pandemia, não pude ir nas lojas de bebês, nem perambular grávida para exibir a barriga, mas, tudo bem, com a Analiz do meu lado, me sentia mais forte.

Também fiquei insegura, pois se já é difícil pra uma mãe de primeira viagem dar conta de tudo, imagina no meio de uma pandemia que não sabemos quem está bem ou não. Tudo que queria era ver a Analiz bem, forte e saudável para a aproveitar essa fase.

 Os 9 meses passaram e a Analiz nasceu, com seus 3 quilos. Vê-la e ouvir seu chorinho pela primeira vez fez meu coração transbordar de alegria. Ficamos quatro dias no hospital e quando voltamos pra casa, a alegria não cabia em meu peito.

Fiz vários vídeos e fotos para os amigos conhecerem a Analiz. Um mês depois, já não aguentava de ansiedade porque queria muito apresentá-la pessoalmente a todos,  porém os amigos tiveram que se contentar com as fotos e eu com as mensagens de carinho.

Não imaginei que a covid-19 nos acompanharia até o final deste ano, mas tento imaginar que tudo isso vai passar e que em 2021 as coisas serão melhores.

Hoje Analiz está com três meses (Foto: Studio Klin)
Hoje Analiz está com três meses (Foto: Studio Klin)

Hoje a Analiz está com 3 meses de pura gostosura  e esperteza. Ela adora "conversar" às 5h da manhã e ama banho na banheira. Por ela tenho força e coragem de enfrentar tudo que vier pela frente.

Ser mãe em 2020 foi aquela luz no fim do túnel, que me fez refletir sobre a vida, amadurecer como mulher, evoluir como pessoa e enxergar através daqueles olhos inocentes o amor e a paz.

Ressignifiquei tudo a minha volta e percebi que há esperança mesmo em tempos de pandemia e isolamento social.

Agora meu desejo para 2021 é às coisas sejam diferentes para que possamos abraçar, nos reunir e celebrar a vida".

Tem uma sugestão de tema ou relato de parto para compartilhar? Mande no e-mail: paulamaciulevicius@gmail.com.

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