Papo de maluco para uns, língua dos anjos é coisa séria entre evangélicos
Prática religiosa é comum e acontece quando fiel tem contato profundo com o Divino; mas é alvo até de memes
RESUMO
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Falar a língua dos anjos é uma prática comum entre igrejas evangélicas pentecostais, onde fiéis entram em contato profundo com o Divino. Conhecida também como língua estranha, essa oração surge involuntariamente e não possui tradução, sendo vista como uma comunicação espiritual. O tema gera polêmica e memes na internet, considerados desrespeitosos por alguns. Segundo o pastor Ronaldo Leite Batista, falar em línguas é um dom do Espírito Santo, concedido após o batismo espiritual. A Bíblia relata essa prática no livro de Atos, como uma promessa de Jesus. Ronaldo compartilha sua experiência pessoal, descrevendo-a como um extravasamento espiritual que só Deus entende.
Falar a língua dos anjos! Para quem é de fora, o tema pode até parecer papo de maluco, mas, entre as igrejas evangélicas, especialmente as de vertente pentecostal, a prática religiosa é bastante comum e acontece quando o fiel tem contato profundo com o Divino.
Não há tradução ou conceito linguístico para o dialeto cristão que atravessa gerações. Seguindo a lógica do desconhecido, em algumas igrejas, a língua dos anjos ganha outro nome e é chamada de língua estranha.
A oração em línguas estranhas surge de forma involuntária e não tem regra preexistente. Por vezes, pode ser confundida com uma espécie de transe moderado. Mesmo sem definições do que se fala, na visão dos evangélicos, a prece cumpre a finalidade religiosa: a comunicação entre quem ora e o mundo espiritual em que acreditam.
Como todo tópico polêmico, o assunto gera repercussão nas redes sociais e é alvo de memes na internet, alguns deles considerados desrespeitosos pelos fiéis.
“Não há problema quando o humor é usado para chamar atenção e provocar reflexão, mas, quando ofende e desrespeita, vai contra a lei áurea do cristianismo, que é amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos”, comenta Ronaldo Leite Batista, pastor da 1ª Igreja Batista de Campo Grande e membro da diretoria do Conselho Municipal de Pastores em entrevista ao Lado B.
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Ronaldo explica que falar em línguas é um dos dons concedidos pelo Espírito Santo ao povo cristão, “um presente dado por meio de um batismo no campo espiritual".
“Todos que entregam suas vidas para Jesus e se arrependem dos seus pecados são batizados pelo Espírito Santo. A partir daí, cada um recebe um dom. Nem sempre será o de orar em línguas; pode ser o da visão, profecia, revelação e até o de interpretação de línguas", explica.
Antes de "aceitar a Jesus" e se tornar "crente sapato de fogo", a encarregada de produção Andressa Silva, de 44 anos, compartilhava da estranheza ao ver evangélicos em meio à adoração típica nos cultos. "Não entendia, achava barulhento, mas era um conceito por ignorância, um pré-conceito", avalia.
Foi em 2012, a convite de uma amiga, que Andressa decidiu visitar uma igreja Assembleia de Deus. Na visita, ela diz que teve a vida transformada após um encontro com Deus. "Foi divino, um amor sem medida. Nunca mais saí dos caminhos do Senhor", conta.
Em 2017, Andressa foi agraciada com o dom de falar em línguas. Hoje, faz parte do "mistério" que antes não entendia. "É uma explosão na presença de Deus", resume.
No livro de Atos, a Bíblia Sagrada detalha o que seria a primeira experiência de cristãos falando a língua dos anjos. Conforme o relato, 10 dias após a subida de Jesus aos céus, os discípulos estavam reunidos e foram surpreendidos por um som que veio do céu e tomou conta de todo o espaço da reunião.
"E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem", diz um trecho das Escrituras.
De acordo com o pastor Ronaldo Leite, o que aconteceu na ocasião foi o cumprimento de uma promessa feita por Jesus.
"Ele prometeu que não deixaria sua igreja órfã, que subiria ao céu, mas enviaria seu Espírito. Por esse motivo, acreditamos que toda igreja e todo aquele que se entrega a Jesus é batizado no Espírito Santo. Falar em línguas é um dos dons a partir disso", completa.
Agraciado pela aptidão, Ronaldo lembra como foi a experiência espiritual. "Eu estava sozinho, em oração e em um momento de intimidade com Deus. Recebi o dom naturalmente e comecei a orar em outras línguas", lembra.
Para o religioso, a experiência é um extravasamento que ultrapassa o entendimento humano. "É uma linguagem espiritual de quem busca a Deus. As palavras somem em meio à adoração e só Ele entende", finaliza.