Projeto que ensina fazer salgado vira união e recomeço para mulheres
A união deu certo e tem empoderado muitas mulheres do bairro Jardim Itamaracá
Um projeto que ensina mulheres a fazer salgados e bolos no Jardim Itamaracá deu um novo significado à palavra recomeçar para Ângela Maria dos Santos, de 46 anos, que sempre trabalhou como cozinheira para grandes empresas, mas o nascimento da filha, Jasmim, a fez ver a vida por outra perspectiva.
Assim que se tornou mãe, abriu mão de trabalhar com carteira assinada para acompanhar de perto o crescimento da filha. Após tomar esta decisão, sabia que tinha de buscar outra fonte de renda. Aproveitando seu conhecimento decidiu empreender na mesma área, só que no ramo dos salgados. Foi com esse desejo que ela chegou ao encontro da professora voluntária do projeto Gerando Renda, Edna Oliveira, que ensina mulheres em vulnerabilidade social a fazer bolos e salgados. A intenção é que elas possam alcançar a autonomia financeira que é tão importante para o sustento de suas famílias.
O projeto criado em 2019 é uma iniciativa de Edna, com apoio da Casa da Solidariedade, instituição parceira do Grupo Energisa. O curso funciona na varanda da Casa da professora e já atendeu 200 mulheres. No ano passado formou três turmas.
Ângela foi uma das alunas de 2022 e a massa cozida que aprendeu durante as aulas é o diferencial do seu pequeno negócio. Montado em frente de casa, o carrinho de pastel e lanches de Edna é hoje a porta de entrada para os grandes sonhos da mãe que encontrou nas aulas de produção de salgados uma jornada para o sucesso financeiro de toda família.
“Pra fazer um curso desses é muito caro, eu não teria condições. Além da massa, a gente descobre como fazer o armazenamento correto, conhece outras mulheres, o curso é uma maravilha” conta a salgadeira.
Para a professora voluntária é um grande orgulho ver o seu trabalho mudando a vida das mulheres da região do Itamaracá. “A palavra para definir é gratidão. Ver o quanto elas se tornam independentes, muitas deixam de depender financeiramente do marido, começam a ter seu dinheiro, sustentar suas casas, até pra fazer suas unhas e se embelezar. É lindo ver elas orgulhosas do que produzem. Tem aluna que vem até em dia de chuva trazer o salgado que fez pra eu ver como ficou bonito. Isso não tem preço, eu quero que esse projeto alcance cada vez mais mulheres,” conta Edna.
O idealizador da obra social Casa da Solidariedade, Wagner Pereira, conta que a ideia surgiu de sua vivência com os moradores do bairro. “Resolvi iniciar esse trabalho porque via a necessidade das mulheres terem atividades além das realizadas no lar, para terem oportunidade de convívio e fortalecimento dos vínculos comunitários", reforça.
A união deu certo e tem empoderado muitas mulheres do bairro. As alunas, que antes viviam em situação de vulnerabilidade social e dependiam de cestas básicas, aprenderam a produzir bolos e salgados, comercializam, e hoje possuem uma nova fonte de renda.
Elisângela Aguiar é mais uma dessas mulheres que, assim como Ângela, é uma mãe que não mede esforços para construir um futuro melhor para os filhos. Mãe de três filhos, um deles com oito meses de idade, encontrou no curso uma oportunidade de recomeço.
Após perder o trabalho como empregada doméstica, se viu num momento muito difícil em sua vida. Como chefe da família, precisava ter uma renda para sustentar a casa, criar os filhos e sair da fila do desemprego, mas com um bebê recém-chegado ao mundo, a luta no mercado de trabalho era ainda maior.
Ela conta que ao iniciar o curso, em agosto de 2022, não acreditava que conseguiria, mas os relatos das companheiras de turma a motivaram a acreditar. Dois meses depois tomou uma decisão que mudou tudo.
Acordou às três horas da manhã, colocou a mão na massa, fez uma caixa térmica cheia de salgados e foi pra porta de uma empresa que fica próxima a sua casa. Um dos funcionários da empresa tirou uma foto dos salgados e divulgou no grupo de WhatsApp dos funcionários e não deu outra: todos quiseram experimentar e são fregueses assíduos até hoje.
“Eu me sinto realizada em tudo, porque comida se faz com amor, foi assim que aprendi. Eu acordo com felicidade, levanto de madrugada pra fazer os salgados que vou vender no dia, pra chegar fresquinho. É a minha renda. Eu comecei vendendo trinta salgados por dia, agora estou com uma caixa maior e vendo oitenta, noventa salgados. Todo mundo que prova, volta e compra de novo”.
A concessionária de energia tem como uma das suas missões fazer com que projetos sociais como este continuem existindo para o desenvolvimento da comunidade. Em 2022, a empresa contribuiu com mais de R$800 mil em ações sociais. Foram doados R$125 mil para o Fundo do Idoso e o mesmo valor para o Fundo da Infância e Adolescência. No mesmo ano, foram disponibilizados R$500 mil em incentivos à cultura.
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