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Comportamento

Resistência está na nossa existência, diz Arce sobre 22 anos de casamento

Paulo foi o 1º namorado de Arce e quando casamento homoafetivo ainda era termo pouco falado, os 2 se casaram

Bárbara Cavalcanti | 17/11/2021 06:20
Arce e Paulo durante a festa de casamento em 2009. (Foto: Marcos Vollkopf)
Arce e Paulo durante a festa de casamento em 2009. (Foto: Marcos Vollkopf)

Arce Correia e Paulo Matoso já estão juntos por 22 anos. “A data 15 de novembro é o dia que a gente ficou pela primeira vez”, comenta. Mas depois da ficada, o relacionamento sério aconteceu rápido e naturalmente: depois de uns três meses de namoro, já moravam juntos para dividir as despesas e nunca mais se separaram.

Se hoje o assunto ainda é tratado como tabu, duas décadas atrás, se falava ainda pouco sobre casamentos homoafetivos. “Mas nunca fiz como uma maneira de manifesto. Falo sempre que a resistência está na nossa existência. Não nos faz pequenos ou menores que qualquer outro”, expressa.

E também, por ser pouco falado, não significa que Arce e Paulo eram, ou são, o único casal homoafetivo com um relacionamento sério e duradouro. “Nós tínhamos referências de outros casais, só não era tão midializado. Eu tinha uns 20 anos na época, Paulo foi meu primeiro namorado”, comenta Arce.

Arce e Paulo em um dia na praia. (Foto: Arquivo Pessoal)
Arce e Paulo em um dia na praia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de 10 anos juntos, em 2009, eles oficializaram a relação em uma festa com toda a pompa para 250 convidados e oficializado no papel, que aconteceu aqui em Campo Grande. Hoje, eles vivem em São Paulo.

Sobre a homofobia e discriminação, ainda diz que tudo acontece porque pessoas criam esse tipo de problema. Em seu trabalho como artista, assim como Paulo, tenta sempre trazer esse assunto em pauta. “É mais comum ver dois homens se batendo do que se acariciando”, lamenta.

Ainda fala sobre comentários que ouve por não ser do tipo afeminado, tão associado como padrão homossexual. “A gente também vive aqueles padrões heteronormativos, então, porque a gente não se enquadra naquilo que as pessoas acham, que todo gay tem que ser afeminado, ouvimos muito comentários como ‘Nossa, mas nem parece’. Eu acho que as pessoas criam os problemas e aí jogam para a gente resolver”, reforça.

Ao longo dos anos, Arce diz ter sentido a diferença de tratamento também na questão racial. “Passamos por situações inusitadas. A diferença no tratamento por eu ser negro e Paulo branco, em algumas situações é nítida, que daí entra já em uma outra questão também”, expressa.

Paulo e Arce com os pets. (Foto: Arquivo Pessoal)
Paulo e Arce com os pets. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nas redes sociais, Arce se declarou ao marido em um post que dizia: “Eu me casei porque fui obrigado, eu fui coagido e não tive saída. Me descuidei e fui capturado, hoje estou rendido, eu perdi a briga. O meu conselho é tomem cuidado com um faniquito que causa calor. Isso é sintoma de um troço sem cura. Alguns dizem que é virose, mas, se chama amor”.

E defende que a longevidade de um casamento entre dois homens em si não é algo “excepcional”. “Trago isso sempre para o meu trabalho. Quero que vejam como normalidade o que é normal”, declara.

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