Secretário quer fazer Carnaval sem atrito e reviver a Noite da Seresta
Secretário Valdir Gomes conversou com o Lado B sobre os planos para cultura na cidade; veja o que ele falou
Saudoso com um passado não tão distante e esperançoso com o futuro da cultura da Capital, o novo titular da Secult (Secretaria de Cultura de Campo Grande), Valdir João Gomes de Oliveira, quer trazer as famosas Noites da Seresta de volta ao centro da cidade. O evento reunia milhares de pessoas na Praça do Rádio Clube para curtir o som de bandas locais e artistas nacionais.
RESUMO
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O novo secretário de Cultura de Campo Grande, Valdir João Gomes de Oliveira, anunciou planos para revitalizar a cena cultural da cidade. Entre suas principais propostas está o retorno das tradicionais Noites da Seresta à Praça do Rádio Clube, evento que por 14 anos atraiu milhares de pessoas com shows de artistas locais e nacionais até seu encerramento em 2013. Para o Carnaval 2024, o secretário garantiu reforço na segurança com mais de 300 agentes na Esplanada Ferroviária e 200 na Praça do Papa, além de melhorias na iluminação e infraestrutura. Oliveira também planeja revitalizar praças públicas, começando pela Ary Coelho, e revelou que a Secretaria de Cultura será transformada em Fundação, garantindo autonomia financeira e orçamento próprio para projetos culturais.
Ao todo, foram quase 14 anos de tradição, que acabaram em meados de 2013. Antes do fim, o evento chegou a mudar de nome na administração de Alcides Bernal e foi minguando até acabar, ironicamente, com o grupo "Acaba".
A Noite da Seresta começou em 2000, após a revitalização da Praça do Rádio Clube. No início, a participação se limitava aos seresteiros locais, mas já passaram pelo palco artistas como Biafra, Joana, Roberta Miranda, Oswaldo Montenegro, Grupo Acaba e Almir Sater.
“Quero fazer voltar como tinha antigamente. Ela levava muita gente para a área central. A gente fazia em datas comemorativas e todos adoravam. Teve uma época que era sucesso, tinha shows nacionais. Eu quero movimentar isso. Trazer vida para o Centro”.
O secretário explica que a mudança do Legislativo para o Executivo é um desafio enorme para ele, mas que está confiante e pretende administrar a cultura com um olhar voltado às mulheres, atendendo às necessidades delas, como oferecer banheiros dignos em praças públicas, por exemplo.
“Eu saio do Legislativo depois de 16 anos como vereador e passo para o Executivo, que, como o nome diz, precisa executar. Estou gostando. O que está faltando para eu me realizar é estrutura para fazer o que precisa ser feito. Não adianta ter praça e não ter um entretenimento musical, movimentar o centro da cidade. O que está faltando é ter atrações na área central à tarde. Temos que colocar orquestra na praça no final de semana.”
Valdir acrescenta que as praças serão pontos importantes na gestão. A ideia é revitalizar todas ao longo do tempo, começando pela Ary Coelho, localizada no coração da cidade. Segundo o secretário, obras de jardinagem, troca de sanitários nos banheiros e estudos para a reforma da fonte, que há anos sofre com a degradação, estão em andamento.
“Estou dando prioridade ao Carnaval e à praça Ary Coelho, estou dando uma mexida nela. Havia uma discussão sobre ela [fonte] ser tombada. Não é, mas existia uma comissão de preservação que insistia em mantê-la do jeito original. Não posso ficar sentado vendo as coisas assim. É um trabalho em conjunto com a Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos), que já demonstrou interesse na pauta.”
Mas, e o Carnaval?
Valdir está confiante de que o período de folia será tranquilo, sem atritos ou confusões, mas comenta que, no futuro, um estudo sobre a realização do Carnaval na Esplanada Ferroviária precisa ser revisado. O assunto foi levado aos blocos, que já se mostraram contrários a qualquer mudança de endereço, segundo o secretário.
“Multidão você não controla, é igual boiada. Eu penso que o Carnaval tinha que mudar. Como ali há áreas de preservação, existe a limitação de ter que parar às 23h. Os blocos nasceram ali e acham que sair desse espaço faz perder o sentido. A maioria é resistente por isso, pela história. Mas eu acho que o Carnaval tinha que ir até o amanhecer. Ele precisa se expandir, como acontece em Corumbá. Quando sair de lá, vai crescer muito mais. Teria que ser feito um estudo para definir onde o Carnaval pode ser realizado. Um dos lugares que já foi palco da festa e funcionava bem era a Avenida Fernando Corrêa.”
Quanto às estratégias para o período, Valdir pontua que a secretaria está fazendo levantamentos para apurar as necessidades dos locais onde a festa será realizada. Na Praça do Papa, o lado direito da Avenida dos Crisântemos, onde ocorrem os desfiles, receberá iluminação extra.
O objetivo é atender aos pedidos antigos de moradores e das escolas de samba. Além disso, as arquibancadas e o asfalto serão revitalizados. Na questão da segurança, Valdir comenta que, nos dias de desfile, cerca de 200 agentes da Guarda Civil Metropolitana estarão presentes.
Já na Esplanada Ferroviária, o número de agentes será superior a 300. O secretário não informou a quantidade exata, mas ressaltou que a segurança é compartilhada entre o município e o Governo do Estado. A parte municipal ficará responsável pela fiscalização na Praça do Papa.
“Estamos mapeando tudo certinho para que toda a estrutura do centro esteja cercada, com policiamento reforçado e os ambulantes dentro das áreas delimitadas. Não queremos atrito com ninguém. Os ambulantes terão um local definido para ficar. Vamos estabelecer quais espaços serão disponibilizados por meio de sorteio, que deve acontecer no dia 18.”
“Toque de recolher”
Assim como no ano anterior, a festa terminará às 23h. Valdir destaca que um ponto importante, e ainda incerto, são os bares da Rua 14 de Julho. Segundo ele, esses estabelecimentos não possuem alvará para funcionar após esse horário nos dias de Carnaval. O fluxo de pessoas no centro da cidade, somado à movimentação na Esplanada, exigirá um esquema diferenciado de fiscalização.
O Lado B entrou em contato com a Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável), antiga Semadur. A pasta informou que apenas dois bares da Rua 14 de Julho conseguiram alvará especial para funcionar após as 23h durante o Carnaval. Mesmo assim, a autorização não permite som alto.
"Todo e qualquer som deverá cessar às 23 horas de segunda a quinta-feira e às 23h59 às sextas, sábados e domingos."
100 anos da Feira Central
Sobre o centenário da Feira Central, Valdir, que integra a comissão organizadora, afirma que ainda não há programação definida e que aguarda o governo estadual para divulgar a dinâmica e os artistas escolhidos para a comemoração.
Fundação de Cultura
Em 2024, um acordo entre o Executivo e o Legislativo garantiu que a cultura de Campo Grande tivesse espaço na reformulação administrativa da prefeitura. O projeto extinguiu a Secretaria de Cultura e propôs a criação de uma Fundação como alternativa. Valdir informa que o estatuto e o regimento já foram enviados para avaliação jurídica e, após análise, serão encaminhados à Câmara Municipal.
Isso significa que a Fundação terá orçamento próprio e autonomia financeira dentro desse orçamento. Além dos repasses do município, ela poderá gerar receitas próprias, revertidas para a implantação de projetos e políticas culturais.
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