Tiro que matou Thiago não apaga amor que deu a ele cachorro
Thiago cresceu no Taquarussu ao lado da família e foi 'adotado' até por clientes de lanchonete
Desde os três anos de idade, Thiago Freitas cresceu em meio aos clientes dos pais, Cristina Correa e Francisco Freitas, o Chiquinho. Agora, sem sua presença, o que fica mais forte é o carinho deixado pelo jovem que foi “adotado” pelo público do Taquarussu e ganhou até seu cachorrinho como forma de amor.
“O Bruce foi um presente de um dos clientes para o Thiago. Nossos clientes viram ele crescer e um deles deu o Bruce. Ele e o cachorro eram grudados, tanto que o Bruce ficou tão triste”, conta Cristina. Além da presença do Buldogue Francês, as buzinadas como cumprimentos e abraços de quem passava em frente à lanchonete não cessaram durante a entrevista.
Nas redes sociais, os comentários em matérias sobre a morte do jovem exemplificam isso. “Até mais Shoyu, era assim que nós te chamávamos, que dor, que notícia ruim. Era muito bom chegar lá na lanchonete e você falar brincando comigo [...]”, “eu não acreditei, o cara corria no calçadão e eu cumprimentava ele, quando eu ia na lanchonete o Thiago sempre estava com sorriso no rosto”, dizem alguns dos depoimentos.
Emocionados, os pais tentam resumir que foram eles que criaram a lanchonete, mas Thiago é que se tornou a “cara” graças ao seu carinho pelo trabalho. Por isso, desde o Ano Novo, quando o filho foi assassinado em Bonito com dois tiros durante briga de trânsito, a família tem tentado se apegar ao amor deixado pelo jovem para continuar.
Contando que foi mãe muito jovem, aos 15 anos, Cristina narra que ganhou um melhor amigo junto com o filho. “Ele sempre foi muito próximo, tanto que nem quis comprar a casa dele longe de nós. Quis ficar aqui para continuarmos juntos e trabalhando com a gente”, explica Cristina.
Sempre com sorriso no rosto e brincando com os clientes, a mãe explica que Thiago era impossível de não notar. “As crianças adoravam ele porque ele sempre tinha um doce para agradar. Elas chegavam aqui já com sorriso e ele falava ‘já sei o que vocês querem’ e aí era só festa. Sempre foi assim”, diz.
E, além das crianças, Cristina conta que alguns clientes chegavam a só aceitar o filho no atendimento. “Parece brincadeira, mas não é. Alguns clientes só queriam o Thiago e aí ele já sabia. Muita gente conheceu ele aqui e a gente está sentindo esse carinho agora, se apoiando nesse amor que estão dando para a gente porque precisamos ser fortes”.
O carinho criado no bairro foi tão grande que além do amor tem chegado de formas variadas para a família. “Um cliente antigo nosso que mora fora do País e que cresceu com o Thiago ofereceu o advogado. Ele está fora daqui e pediu para falar com a gente, para você ver como é”, detalha a mãe.
Se apoiando em todos esses bons sentimentos, Cristina e Chiquinho têm tentado se reerguer e abrir as portas da lanchonete. Segurando as lágrimas, o casal voltou com o funcionamento da lanchonete e, agora, sem poder abraçar o filho, se apegam aos netos, ao cachorrinho e ao carinho que ficou como semente de Thiago.
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