Todos os anos, Ya Abadia faz balaio à Oxum para renovar pedidos
Enquanto a maioria espera o revéillon para fazer os pedidos, há quem se adiante nos compromissos
Quando tinha 14 anos, Ya Abadia D’Osun foi iniciada na umbanda e, hoje, ela é responsável por guiar seu grupo todos os anos em um ritual de renovação. Enquanto muita gente espera a virada do ano para fazer seus pedidos e agradecer pelos meses que passaram, quem acompanha os líderes da tenda de umbanda já garante a tradição antes e coloca os compromissos em dia.
Para quem não conhece sobre os ritos da religião, Abadia explica que, em seu caso, a ação é para o Orixá Oxum. Contextualizando, a líder divide a responsabilidade da tenda de umbanda Oxossi Caçador e Oxossi das Sete Giras com seu esposo, pai João D’Ogun.
Após se conectar à religião, continuou se desenvolvendo e, aos 32 anos, foi iniciada ao orixá Oxum. “Nossa casa foi fundada em 1995 e, desde então, estamos desenvolvendo um trabalho espiritual. Nosso ritual foi coletivo para todos, tanto para os filhos de Santo quanto para aqueles que quiseram participar como clientes”.
Direcionados para a Cachoeira da Macumba, os participantes produzem um balaio com “mimos” para a deusa da água doce.
“Oxum é um orixá da religião iorubá, cultuada no candomblé e na umbanda, que representa a beleza, a fertilidade, o amor, o dinheiro e a sensibilidade. É a dona dos rios, cachoeiras, águas doces e do ouro”, explica Abadia.
Com isso em mente, todos os anos, o grupo vai até a cachoeira antes do dia 31 para agradecer por tudo aquilo que foi recebido no decorrer do ano. Além disso, também é o momento de firmar os pedidos para o ano que irá iniciar.
A produção do balaio, que é ofertado, contém flores, bonecas, fitas e a comida específica de Oxum. “O omolokum é feito de feijão fradinho, cebola, dendê, frutas, espelhos, pentes, joias, búzios e ides”.
Segundo Abadia, outra parte do ritual é que cada um dos participantes tome um “banho” com ebó de frutas, feito com mamão, uva, melão, maçã e pera.
“Eles são cortados em pedacinhos, além de outros ingredientes. É passado na pessoa da cabeça aos pés, pedindo prosperidade e tudo de bom na vida da pessoa, assim como tudo aquilo que ela precisa”.
Enquanto realizam os rituais e se preparam para outros, Ya Abadia comenta que sente uma liberdade religiosa para colocar tudo em prática. Mas nada vem tão fácil e lidar com o preconceito segue na lista.
“Já conseguimos ter um grande avanço, mas ainda sofremos preconceitos nas ruas e até mesmo quando vamos comprar algo que usamos para a religião em lojas de tecido ou floriculturas. Mas acredito na nossa liberdade religiosa e que vai chegar um momento em que esse preconceito será superado”, completa.
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