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Comportamento

Trans e travestis foram levadas em carriola pela Rua 14 de Julho

Performance de coletivo quis provocar pessoas a se interessarem sobre os trabalhos realizados

Por Aletheya Alves | 27/08/2024 06:45

Enquanto o samba se espalhava pela Rua 14 de Julho, trans e travestis se revezavam sendo levadas pela via em uma carriola. Fazendo uma alusão a algo que realmente aconteceu, o coletivo “De Trans pra Frente”, fundado em 2023, explica que a ideia era sensibilizar e realmente chamar atenção para uma pauta que ainda é relegada.

“Surge da necessidade e do incômodo de ter nosso trabalho artístico e cultural menosprezado e diminuído”, descreve a fundadora e diretora artística do grupo, Emy Mateus Santos. Na prática, o que ocorre é a união de seu trabalho e de outras artistas travestis e transsexuais tentando ganhar espaço.

Especificamente sobre a performance na 14 de Julho, Emy explica que a intenção era ocupar a via e fazer uma intervenção com os corpos das integrantes para provocar as pessoas sobre o interesse em conhecer mais sobre o coletivo e ações.

“Através de programas performativos percorremos a 14 de Julho e a Feira Central em procissão, sempre carregando uma de nós em uma carriola, fazendo alusão ao acontecimento com Dandara que foi morta, apedrejada e colocada em uma carriola (no Ceará, em 2017)”, descreve a diretora.

Registro da última performance realizada, na 14 de Julho. (Foto: Kaique Andrade)
Registro da última performance realizada, na 14 de Julho. (Foto: Kaique Andrade)

Intitulada “Coragem”, a performance aponta para a insensibilidade e normalização das posições inferiores destinadas aos corpos de travestis. “As pessoas não estão habituadas com trabalhos como esses. Tiveram diversas reações, risadas, comoção, estranhamento, xingamentos e também preocupação com as travestis estiradas na carriola”.

No trajeto, quando havia pedidos de diálogo, Emy relata que as reações envolviam um “susto” e a confirmação da ausência de pessoas trans e suas vidas. “Essa performance provoca de diversas maneiras um pensamento indiretamente e diretamente sobre a vida das travestis”, diz.

Voltando para o grupo, entre as principais ideias também está o destaque sobre o reconhecimento e remuneração profissional. Até por isso, os ensaios que antes eram improvisados em praças e casas das integrantes passaram a ganhar força com um espaço físico dentro do Grupo Casa.

Agora, após a primeira intervenção na 14 de Julho, a de Trans pra Frente fará seu primeiro espetáculo na próxima sexta-feira (30) com sessões também no sábado e domingo, sempre às 19h30min no Armazém Cultural.

Intitulado “Culto das Travestis”, o espetáculo foi idealizado a partir das inquietações e pesquisas de Emy. “Através dessas investigações, em coletiva, estamos experimentando e criando  culto, sagrado, acolhedor, dançante, político e poético propondo para as pessoas esse movimento de amor, cuidado e respeito. Trazendo essa estética ritualística, mística e sagrada”, completa.

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