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Comportamento

Transferida por ordem judicial, bebê que tinha órgãos expostos tem alta

Para conseguir o tratamento cirúrgico de Alice, família precisou recorrer à Defensoria Pública e à Justiça

Anahi Zurutuza | 25/08/2023 13:08
Alice Reis Conte, de apenas 2 meses e meio, em foto registrada pelos pais. (Foto: Arquivo de família)
Alice Reis Conte, de apenas 2 meses e meio, em foto registrada pelos pais. (Foto: Arquivo de família)

Dois meses e meio depois de ser transferida para o Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, por ordem judicial, e passar por cirurgias, a pequena Alice Reis Conte, que nasceu com órgãos expostos, recebeu alta e está de volta a Mato Grosso do Sul. Para conseguir o tratamento cirúrgico da pequena, a família precisou recorrer à Defensoria Pública e à Justiça.

“Foram dois meses e meio nessa angústia de cirurgias, UTI e tudo mais, mas deu tudo certo”, afirmou o pai da menininha, Ricardo Conte Neto, em mensagem enviada para agradecer o defensor público Hiram Cabrita, que atuou no caso.

Alice nasceu com extrofia de cloaca, extrofia vesical e onfalocele — malformações raras que deixam expostos os órgãos do trato urinário, intestinal e genital.  A mãe, Graziele Aparecida dos Reis, nem conseguiu segurar a filha após o nascimento.

A família é de São Gabriel do Oeste, cidade a 140 km da Capital, e a menina ficou internada na Santa Casa de Campo Grande por 15 dias à espera de transferência para o hospital referência no Brasil em urologia pediátrica.

Na maior instituição hospitalar sul-mato-grossense, a criança passou pelo primeiro procedimento cirúrgico. “Eles fizeram a reconstrução do intestino e colocaram a bexiga para dentro, mas a abertura ainda existe. Como a bexiga ficou para fora durante a formação, a pelve ficou aberta e também deixou as perninhas abertas. O próximo procedimento é cortar os ossos da bacia para terminar de fechar, esse procedimento tem de acontecer na próxima semana, entre fim de junho e início de julho. A próxima cirurgia deve ocorrer quando ela completar um ano, para a reconstrução dos órgãos genitais”, explicou o pai, há dois meses, conforme registrado pela Defensoria Pública.

Defensor público Hiram Cabrita, que atuou no caso (Foto: Defensoria Pública/Divulgação)
Defensor público Hiram Cabrita, que atuou no caso (Foto: Defensoria Pública/Divulgação)

Na Justiça – Sem conseguir que o poder público custeasse a transferência da menina para o hospital referência, a família procurou ajuda jurídica gratuita.

O defensor público Hiram Cabrita explica que a decisão favorável à criança veio num plantão noturno. “A família já tinha conseguido uma liminar [determinando o custeio do transporte da paciente para Brasília] e ela estava sendo descumprida. Alteramos o valor da causa para R$ 90 mil, que seria o custo de uma UTI aérea. O problema é que o Estado ainda não havia conseguido vaga em quaisquer dos hospitais referência, que pudesse receber esse bebê. Nós então pedimos o bloqueio dos R$ 90 mil, o juiz deferiu o pedido, desde que já houvesse uma vaga para a execução da liminar, e o Estado se manifestou pedindo que o bebê fosse atendido no HU [Hospital Universitário] de Campo Grande, porque lá teria um especialista de urologia pediátrica”, explica o defensor Hiram.

Toda essa tramitação ocorreu no 7 de junho, um dia antes de um feriado, e o defensor tentou tranquilizar a família dizendo que a vaga seria encontrada. “Um médico especialista da urologia pediátrica do HU chegou a se deslocar até a Santa Casa para conhecer a situação da paciente, mas nós continuamos a busca pele vaga e, então, mandamos e-mail para o hospital Pequeno Príncipe em Curitiba. Aí surgiu a vaga no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, e a bebê pôde ser transferida”.

No dia 10 de junho, Alice foi levada para o tratamento, passou por cirurgias e intenso período de cuidados, até se recuperar e receber alta.

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