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Consumo

A saga de quem passou fome ao viajar só com o cartão de débito por MS

Anny Malagolini | 26/12/2013 09:19
Falta de serviços básicos geram reclamações entre passageiros  (Foto: Cleber Gellio)
Falta de serviços básicos geram reclamações entre passageiros (Foto: Cleber Gellio)

Época de fim de ano, as viagens aumentam e quem vai passar pelas rodoviária de Mato Grosso do Sul tem de ir preparado para péssimos serviços e nenhuma vantagem. Não há o básico de tempos modernos, do tipo pagamento com cartão de débito ou recarga para celular.

Comprar passagem é possível, mas quem não tiver dinheiro no bolso vai rodar o Estado sem comer nada, caso as paradas ocorram só nas rodoviárias. De Corumbá a Campo Grande, de Três Lagoas a Ponta Porã, não há uma lanchonete que aceite cartão.

Dia desses, em viagem a partir de Ponta Porã, a equipe do Lado B iniciou a saga por um lanche, já que esquecemos de sacar dinheiro no banco. Na rodoviária do município, não foi possivel comprar nada, mesmo tendo dólares no bolso, notas que ficaram de uma viagem passada a Assunção.

Pretensão de quem pensou que, por ser uma cidade turistica, na fronteira, a moeda norte-americana fosse facilmente aceita. O jeito foi seguir com fome.

Na primeira parada, em Dourados, novamente nenhuma lanchonete da rodoviária com máquina de cartão de débito. Também não há caixas eletrônicos, o que dificulda muito a vida de um turista desavisado. Os dólares no bolso não serviriam nem para pegar um táxi, caso fosse necessário. Segundo um dos taxistas, ninguém aceita a moeda estrangeira porque a casa de câmbio que existia em Dourados fechou este ano.

Em lanchonete, placa avisa que não aceita pagamento com cartão (Foto: Cleber Gellio)
Em lanchonete, placa avisa que não aceita pagamento com cartão (Foto: Cleber Gellio)

Ainda hoje é difícil acreditar que existe um comércio que não aceite cartão de débito ou crédito, ainda mais em um Estado que quer lucrar com o turismo. Pior, nem na rodoviária da Capital esse "luxo" chegou. Há caixa eletrônico, mas quem passa pelo local depois da 22h fica sem poder sacar por questões de segurança impostas pelos bancos.

Para consumir nas lojas e lanchonete, também é indispensável dinheiro em espécie. Não dá nem para comprar uma lembrancinha regional.

A qualidade dos produtos à venda é outra coisa a lamentar. A bomboniere tem salgadinhos de milho e Maria Mole na casquinha de sorvete com balão, daquele de bulicho, por R$ 0,70.

Nas duas lanchonetes, são vendidos salgados, desde coxinha a pão italiano, a partir de R$ 3,00, com mais massa do que recheio. Tem também sanduíche natural, e lanches mais completos, que levam hambúrguer, sem aparência muito boa, de R$ 6 e R$ 12,00.

Nem no setor de alimentos, ou na loja de roupas e acessórios e na única com teor turístico, com artesanatos produzidos no Estado, há possibilidade de pagar com o cartão.

A cada 15 dias, Jéssica Ramirez, vai a Ponta Porã. Ela conta que sem saber que no local não passava cartão, teve que recorrer a lanchonetes vizinhas e quase perdeu o ônibus.

O prédio ainda está longe do conforto. Para o administrador Rodrigo Cazelli, 33 anos, o que torna o lugar ruim são as pessoas. "O espaço é sujo", comenta. O banheiro tem aspecto de limpo, mas o cheiro é ruim.

Sem crédito - Em uma das últimas passagens pela rodoviária de Campo Grande, a empresária Aparecida Antônia Matos, de 50 anos, conta que teve que pedir ao filho, que mora em Dourados, para que inserisse crédito em seu celular, pela falta de locais que vendam recarga por aqui. Outra reclamação dela é a falta de farmácia “Em uma emergência é complicado, eu mesmo já passei apuros por isso”, comenta.

Produtos produzidos no Estado também são vendidos. (Foto: Cleber Gellio)
Produtos produzidos no Estado também são vendidos. (Foto: Cleber Gellio)
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