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Consumo

Barbearia resolve abolir a televisão, para recuperar relação com os clientes

Luciana Brazil | 28/10/2013 07:31
Com design moderno e técnicas contemporâneas, ele quer conquistar o cliente. (Fotos: João Garrigó)
Com design moderno e técnicas contemporâneas, ele quer conquistar o cliente. (Fotos: João Garrigó)

Do lado de fora, a imagem parece muito com a das antigas barbearias. Mas basta entrar, para ver que o The Barber Club (Clube da Barbearia), inaugurado há um mês, quer ser moderno para atrair os clientes.

A proposta do empresário e barbeiro Cabrini Ferreira, 25 anos, é oferecer um serviço de qualidade, resgatando os antigos valores de confiança entre cliente e barbeiro, mas com técnicas de corte contemporâneas.

“Hoje, os barbeiros estão em ambientes femininos e muita vezes os clientes não confiam mais no profissional. Falta aquela sintonia”, pondera.

Dentre as mudanças que adotou para resgatar a ligação entre barbeiro e freguês, tirar a televisão do “ar” foi um dos primeiros passos. Ele relutou, mas decidiu que o melhor seria deixar a TV bem longe do local.

“Quero que as pessoas conversem aqui. Sempre tem um meio eletrônico no meio. Pensei muito se colocava ou não, mas decidi não colocar”. A internet sem fio também passou pela mesma avaliação, mas vivendo na era digital, o wi-fi venceu, ficando para uso dos clientes.

O empresário, que começou cortando o cabelo de brasileiros na Austrália, onde morou por quatro meses, frisa que sua barbearia não é apenas um lugar para cortar o cabelo, mas um local onde o cliente “deve gastar seu tempo”.

“Quero que as pessoas venham e gastem um tempo aqui. Aqui tem jornais, revistas, wi-fi. Tem também uma máquina de café e tudo isso incluído no pacote”, diz.

A intenção é criar laços e fazer com aquele cliente se sinta à vontade. “Quero um cliente cativo porque isso é uma relação de confiança”

Antes de começar o corte, o cabelo passa por um “estudo” rápido, onde Cabrini analisa a direção do fio, o formato da cabeça. Tudo isso, ele garante, faz toda vez que o cliente senta em sua cadeira.

“Eu analiso o fio, vejo com o que a pessoa trabalha, porque o cabelo também tem que se adaptar ao cotidiano dessa pessoa. Não é fácil cortar cabelo. Temos que relevar todas as situações, É uma pesquisa”, frisa.

Cabrini tem orgulho de mostrar os produtos, a maioria deles importada. “Essa navalha é usada nas melhores barbearias do mundo”, garante.

Com produtos importados e bom atendimento, ele garante que o preço é justo, já que se trata de um pacote.
Com produtos importados e bom atendimento, ele garante que o preço é justo, já que se trata de um pacote.

Antes de apostar no próprio negócio, Cabrini visitou alguns salões da Capital.  Na opinião dele, o problema è que muitos trabalham em ambientes femininos.

“Além disso, eles costumam usar a mesma técnica para todo mundo. Em alguns lugares é como uma ditadura”, reclama.

Segundo Cabrini, para que um corte saia como cliente quer, barbeiro e freguês devem “nadar” juntos, “cada um nada uma metade”.

Fugindo da loucura das grandes metrópoles, o carioca decidiu se instalar em Campo Grande, onde a mãe mora há cerca de sete anos. “Morar no Rio não dava mais. É uma loucura”.

O preço do corte è alto, R$ 50, mas ele diz que se trata de um pacote. “Ele (cliente) não está pagando só o corte de cabelo. É um pacote. Ele vem, toma um café, tem a lavagem que está incluída, ar-condicionado, wi-fi e estacionamento próprio. Tem um sofá muito confortável. E eu investi para que a pessoa realmente gaste um tempo aqui”.

A profissão começou de brincadeira. “Quando morei na Austrália, com 17 anos, a gente não achava barbearia na região onde morava, era muito estranho. Então, eu cortei o meu cabelo e os brasileiros que moravam lá me perguntaram onde eu tinha cortado e eu disse que tinha sido eu. Aí, todo mundo quis que eu cortasse”, lembra.

A inspiração e o aprendizado para o corte surgiram com o padrasto, ainda quando Cabrini morava no Rio de Janeiro. Um tempo antes de se mudar para a Austrália, ele passou quase um ano observando o trabalho do padrasto. “Ele tinha um jeito muito especial de cortar o cabelo e eu observava as técnicas”.

Formado no Rio de Janeiro, em Gestão de Petróleo e Gás, Cabrini voltou da Austrália, trabalhou três anos na empresa do pai, mas foi atraído pela profissão que há oito anos começou de brincadeira.

The Barber Club funciona na rua Bahia, 575.

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