Legião de mulheres busca o carro cor de rosa vendendo produtos de beleza
Por trás do carro cor de rosa que circula pela cidade, tem uma diretora Mary Kay. Quem dirige, é porque ganhou como reconhecimento pela empresa de cosméticos norte-americana. O veículo vem com seguro e toda documentação quitada e é trocado a cada três anos, isso quando quem está na direção manteve os critérios da etapa.
Por curiosidade, o Lado B foi atrás de quem dirige e quem quer dirigir o carro rosa e descobriu uma legião de pessoas que trata o negócio como quem segue uma religião de maneira fervorosa.
Diretora Executiva de Vendas Independente Mary Kay, Islainy Borges, tem 34 anos e os últimos 6 deles dedicados à empresa. Bem vestida e cheia de bótons da marca é ela quem dirige o Corolla rosa estacionado em frente ao edifício da Alagoas. O carro veio de presente em 2013, junto com o título de diretora.
"O carro é uma conquista da unidade, a Isa sozinha não ia ganhar nada", enfatiza a diretora. Islainy é conhecida como Isa no mundo "rosa". A entrada dela na empresa foi através do marido. "Eu nunca tinha vendido nada na vida, meu marido que me dizia que eu tinha o perfil de liderança", explica. E de fato, para Isa, ser consultora é bem diferente de ser vendedora.
A ida dela a um evento a cnvenceu sobre o que era a empresa e como seria a própria franquia. "Comprei o estoque da minha empresa, que são os produtos e abri o negócio", conta. À época, Isa morava em Camapuã e ao chegar à cidade é que lembrou que quase não conhecia ninguém. "Foi aí que comecei a vender para quem me vendia. Eu saía de saia e lenço e todo mundo perguntava onde eu ia, o que era a roupa. Eu aproveitava e perguntava: 'você conhece Mary Kay'?"
Isa explica que elas, as mulheres e mais recentemente os homens, na verda, não funcionam como uma legião, mas sim um grupo que formam as unidades. "O nosso trabalho é ouvir a sua opinião. Eu demonstro o produto e você me fala o que achou", explica.
A marca foi criada nos Estados Unidos, pela empresária Mary Kay Ash, na década de 60 e possui no portfólio de vendas maquiagens, fragrância entre produtos para o cuidado com a pele. No Brasil, ela está desde 1998 e envolve todo um plano de desenvolvimento que eles chamam de "carreira independente", composto por estágios. Aposta nisso para concorrer com marcas que já lideram mundialmente, como a Avon.
Quem entra começa como consultora de beleza independente e cresce quando, além de ter seus próprios clientes, constrói sua equipe de consultoras, desenvolve e forma novas diretoras de vendas independentes. Tudo isso é levado em conta e cada etapa inclui uma porcentagem em cima das vendas daquela unidade.
O tal carro rosa faz parte do programa de reconhecimento “Troféu sobre Rodas”, que pode ser conquistado por quem já chegou à posição de "Diretora de Venda Independente", a sexta etapa das sete posições. A diretora, quando chega a esse nível, tem dois caminhos: de escolher pelo carro Corolla, Vectra ou Cruze, ou então pegar um valor mensal para comprar o carro que quiser. Dos dois modos, a cor é rosa e na lateral vai o símbolo da marca.
A empresa usa o reconhecimento como palavra-chave. O carro vem junto de joias e viagens internacionais, mas isso é para poucas.
Islainy já conheceu Bariloche e foi à Dallas, cidade sede da Mary Kay. Diretora sênior independente Mary Kay, Fabiana Silva Souza, de 33 anos, está há 4 meses na atual posição. Ainda não levou o carro, mas já ganhou recompensas, entre elas a de viajar para Bariloche.
As chamadas "bonificações" fazem parte do plano de carreira da consultora que deixou de ser manicure e massoterapeuta para entrar na empresa. "Eu não acreditava no potencial que eu tinha, mas a Mary Kay ensina", explica Fabiana. O ensinar inclui desde falar em público, se vestir, se maquiar e falar dos produtos de beleza.
"E me proporciona a realização que eu buscava há muitos anos. O mundo é rosa quando você trabalha. As pessoas acham que isso é pirâmide e não é. É um trabalho constante. Eu quero ser diretora de vendas e diretora nacional", fala Fabiana sobre a ambição.
No terceiro mês na empresa, Juliana Santana, de 25 anos, era analista de sistemas e fotógrafa. As duas profissões ficaram como coadjuvantes desde que ela já chegou a ser líder de grupo de vendas Mary Kay, a quarta posição na escala. "Não foi por dinheiro, cheguei numa reunião e a Fabiana estava falando de reconhecimento", explica.
No dia a dia ela fala que não vende o produto e nem precisa. "Ele se vende sozinho, é um produto bom, que dá certo", diz. Num comparativo com a profissão anterior, Juliana lembra que em um ano de trabalho, ganhou um panetone. "Nossa empresa é voltada ao reconhecimento. Reconhecimento por palmas, bótons, anel de ouro, viagens, carros..."
O trabalho das consultoras envolve sessões de demonstração do produto, venda e captação de pessoas. O que o trio frisa é que todas têm as mesmas oportunidades e não têm limites para onde podem chegar. "A Mary Kay empodera as mulheres. Quando você fala para uma mulher que ela pode fazer, ela faz", resume Isa.