Loja inspirada em antiquário de SP virou amontoado de usados famoso na cidade
É impossível passar pela avenida Euler de Azevedo, perto da rotatória da 14 de Julho, sem perceber o amontoado de coisas usadas na fachada do imóvel que há 12 anos é ponto de referência no bairro São Francisco.
Roberto Manoel da Silva Ortiz, 49 anos, é o próprio "Ovelhão", o apelido que dá nome ao negócio, inspirado em um complexo de antiquários localizado em São Paulo, que na verdade é chamado de O Velhão.
Mas a versão de Campo Grande pouco lembra o original localizado na estrada de Santa Inês, no coração da Serra da Cantareira. Apesar da logomarca ser um ovelhinha de óculos, bem humorada, o lugar não é dos mais bonitos.
A visão é de um depósito bagunçado, que, segundo Roberto, é o retrato da vida recente. “Eu tive uns problema pessoais, coisas comigo mesmo, e quando a gente não tá bem consigo, acaba deixando tudo que é da gente largado de lado. Mas eu já melhorei e agora quero deixar tudo organizadinho” relata o empresário, que não é do tipo de terno e gravata, gosta mesmo é de por a mão na massa e tem amor pelo que faz.
Ele recebeu o Lado B em meio a correria, com a mão cheia de graxa, mas aparentemente animado. “Quero que daqui a um ano você possa voltar e falar: Nossa Roberto, como está linda a sua loja”, revela.
Mesmo sem a “beleza” do negócio, ele jura que não troca o que faz por nada no mundo, e que não se arrepende nem um pouco do dia em que saiu de São Paulo e se mudou para Campo Grande.
Quando veio, há 15 anos, a ideia era ser revender brilha alumínio. As oportunidades foram aparecendo, até que trocou toda a mercadoria que tinha por alguns móveis antigos para revender. Pouco tempo depois, veio a ideia que hoje é seu principal negócio, a revenda de materiais de construção de demolição, como janelas e portas de casas antigas.
Na bagunça do salão, é possível encontrar coisas comuns, mas também inusitadas, como um lavatório de cabeleireiros e uma poltrona no estilo clássico, que está à venda por R$ 500,00. Tem também uma janela verde de ferro com vidro intacto por R$ 250,00.
Revirando um pouco mais a história do lugar, Ovelhão conta algumas curiosidades e episódios que o cliente teve muito mais lucro do que ele. Um dia, vendeu por R$ 500,00 um conjunto com oito quadros e depois descobriu que o comprador estava interessado em apenas um, que depois foi revendido por mais que o dobro do valor do conjunto inteiro.
“Para mim também foi um bom negócio, cada um trabalha com o que entende e gosta. Ele entendia de quadros e eu entendo de comprar e revender coisas”, comenta.
Outra história que ficou na memória de Roberto demonstra como algumas peças têm muito mais sentido para determinadas pessoas. Uma poltrona de avião, por exemplo, foi comprada por um rapaz para ser usada em um simulador de videogame. “Eu tenho cliente de tudo quanto é tipo, já vendi até para deputado e mulher de prefeito”, afirma.
Hoje são três Ovelhões em Campo Grande, o que prova que o negócio realmente vem dando certo. Apesar da procura não ser das mais movimentadas, ele garante que para quem gosta de coisas antigas ou quer economizar na hora da reforma, sempre é possível encontrar algo diferente. "Bons clientes não me faltam, o que falta mesmo é eu parar e arrumar tudo", reforça
Na loja, os artigos custam de R$ 30,00 a R$ 1 mil e pode ser que você não ache nada que goste, mas pode ser que encontre algo. Além do garimpo, a experiência é interessante pela simpatia de Roberto, solteiro, mas não solitário, já que está sempre rodeado de amigos e conhecidos. Os outros dois Olvelhões ficam na Av. Rachid Neder com rua do Rosário e na Euler de Azevedo no numero 760.