Por menos de R$ 10,00, adolescentes inventam de liquidificador a ar condicionado
A garotada prova que nem sempre gastar tempo com internet é improdutivo. Na 3° Feira do Empreendedor Mirim, os alunos do Instituto Mirim de Campo Grande transformaram muitos ensinamentos de tutoriais em produto e teve gente que conseguiu ir além.
A exposição ganhou cidade futurística produzida com peças de um computador velho e até liquidificador portátil feito com copos plásticos. Quem passou por lá na semana passada viu, inclusive, um ar condicionado de isopor que de custo para confecção consumiu apenas R$ 4,00.
Da empresa “New Hera”, os meninos usaram a máxima de qualquer invenção: atender as necessidades de quem vive nesse inferno que é Campo Grande. O gelo no interior da estrutura de isopor revestida de papel alumínio era refrigerado por hélices invertidas dos HDs de computadores. Todo o material utilizado foi de reuso.
Ao todo, foram expostos 38 projetos desenvolvidos pelos cerca de 600 adolescentes do Instituto Mirim, das unidades do Centro e do bairro Carandá Bosque. Muita coisa eles viram na internet e reproduziram para a mostra, outras, adaptaram e muitas eles criaram.
Utilizando materiais descartados, em sua maioria lixo eletrônico, os alunos tiveram dois meses para entregar um produto que aliasse tecnologia e sustentabilidade. E tanta dedicação resultou em trabalhos impressionantes.
Batizado de liquidificador portátil, o produto da empresa “Little Eletrodomésticos” tinha estrutura de copos plásticos e as hélices movidas por um motor de leitor de DVD. “A vantagem é que ele é leve e pequeno. Poder ser carregado na mochila e levado para qualquer lugar”, explicou a estudante Larissa Soares, de 15 anos.
Junto da criação, cada turma também deveria entregar um plano de negócios, contendo não só o processo de produção, mas também o nome do produto e empresa, além do valor de mercado.
O "Cat Box", por exemplo, custou R$ 35,00 e já tinha até plaquinha de vendido. Graças a pintura e os adesivos decorativos, quase não se notava que a casinha de cães ou gatos era na verdade a adaptação de um monitor velho de computador.
“Nós pegamos os monitores que a instituição já não utilizava mais, lixamos e decoramos.Já vendemos um”, comemorou Talita Vilalba.
Mas os mais vendidos mesmo foram os chaveiros feitos de peças internas e teclas de computadores. Os disquetes, há tempos aposentados, viraram “porta trecos” e até agendas, vendidos a partir de R$ 3,00.
E até aplicativos pra celular algumas turmas criaram. O “Natural Food” é um aplicativo que contem receitas com frutas e vegetais, divididos em categorias e por nutrientes. O produto foi desenvolvido pelos 25 alunos de uma das turmas da unidade central do instituto e já está até disponível online.
“Cada um dos 25 alunos contribuiu na produção do aplicativo, no levantamento de informações e correções... É um orgulho pra mim ver o resultado de tanto esforço em conjunto, refletindo nesse projeto que foi criado inteiramente por eles”, disse a professora e madrinha da turma, Silvia Biezan.
O gestor de marketing Carlos Ortiz de 39 anos, foi conferir de perto o trabalho da enteada, que também é aluna no instituto. “Feiras como essa, além de unir os alunos, os conscientizam de que a tecnologia também pode ser uma aliada na preservação do meio ambiente. Entenderem que um futuro melhor, depende das medidas sustentáveis que nós desenvolvemos hoje em dia” ele disse.
Uma das organizadoras da feira, a professora Mônica Pinheiro lembrou da importância da iniciativa, como atividade interdisciplinar. “É uma feira de empreendedorismo sustentável, que exige que os alunos sigam todo o processo de concepção de uma empresa. Isso os prepara para o mercado de trabalho, além de possibilitar a união entre cada jovem”, concluiu.
Todos os projetos expostos na 3° Feira do Empreendedor Mirim passaram pela a avaliação de três técnicos da área empresarial, ambiental e de técnologia. Os três melhores projetos foram a mesa de Air Hockey, o Aplicativo do Mirim e também o aplicativo Natural Food.