‘Viciada’ em relíquias, Otília salvou móveis históricos da rua
Professora encontrou as peças que compunham antigo consulado e, agora, quer dar novo rumo às peças
Durante a vida toda, Otília Azevedo dos Santos foi apaixonada por histórias e se acostumou a guardar itens que integram épocas importantes. Quando estava caminhando pela Rua Joaquim Murtinho e viu móveis antigos deixados na calçada, não pensou duas vezes antes de “salvar” as peças do sol e da chuva. Agora, sem conseguir seguir na manutenção, quer encontrar um novo rumo para elas.
“Eu sempre gostei de saber a história e guardava alguns móveis em casa. Um dia, eu estava levando meu filho para algumas aulas e parei ali na Joaquim Murtinho. Quando desci do carro, vi os dois armários e já decidi que ia levar eles”, explica.
Otília chamou pelos moradores da casa e descobriu que as peças integravam o antigo consulado paraguaio, construído para José Lescano. Sem ter mais uso para a família que comprou o espaço, a ideia foi repassar os móveis.
Enquanto tomava café com a antiga proprietária das doações, Otília ficou encantada com uma cristaleira que compunha a coleção e também negociou o objeto que seria seu, alguns dias depois.
"Esses são móveis realmente antigos e que tiveram os detalhes talhados a mão. Eles são super resistentes e estavam na casa desde a época do consulado mesmo. Não tenho certeza sobre o ano que eles foram construídos, mas dá para ver a antiguidade".
Com os itens em casa, a professora começou a restaurá-los e acabou encontrando outros materiais que também a surpreenderam. Exemplos são jornais da década de 1970 e um chaveiro.
Os papéis estavam atrás de um espelho, enquanto o chaveiro estava conectado à porta da cristaleira. “Achei muito legal porque é algo simples, mas estava ali e faz parte da história. Os móveis também são assim, eles integram o que a gente sabe sobre o nosso estado e não pode se perder”.
A ideia inicial de Otília era levar os móveis para uma outra casa, mas o tempo passou e o desejo precisou ser deixado de lado. Agora, querendo manter os itens bem conservados, está em busca de um novo rumo para o trio.
Por enquanto, o desafio é tentar encaminhar os três móveis para o mesmo comprador. Isso porque Otília espera que eles não sejam desfeitos ou descuidados.
“Eu realmente não dou mais conta, mas quero que as próximas pessoas cuidem. Eles não podem ser desfeitos ou algo assim, quem ficar com eles precisa saber da importância”.
Em 2016, o Lado B contou a história da casa em que os móveis compunham o cenário. O espaço foi construído em 1932 e, desde então, as peças também se mantiveram.
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