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Diversão

Amigos fazem bairro problemático virar sede de arena “de respeito”

Local começou improvisado, mas pandemia motivou reforma para chegar à estrutura de nível profissional

Adriel Mattos | 23/07/2021 06:10
Quadras agora recebem pessoas de todo o Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quadras agora recebem pessoas de todo o Estado. (Foto: Arquivo Pessoal)

De um grupo de nove amigos, hoje a turma de futevôlei do autônomo de 33 anos Wellington Pereira Alves, reúne 45 pessoas. Tudo começou há quase dois anos na praça do Jardim Serra Azul, em Campo Grande.

Wellington lembra que o espaço de lazer era tomado por vândalos e usuários de drogas. “Era abandonada, tinha pouca areia. Quando começou a atrair muita gente, fizemos uma arrecadação para reformar”, lembra.

No ano passado, o lugar era escuro e a quadra tinha pouca estrutura. Quando a pandemia de covid-19 chegou, em março de 2020, o grupo – que já reunia 26 pessoas – decidiu que era hora de melhorar o espaço.

Com apoio de empresários e profissionais liberais, eles reuniram R$ 43 mil para reestruturar a quadra, incluindo a mão-de-obra. “Devido à pandemia, não podia jogar futebol, só podia praticar esportes sem muito contato e a gente resolveu entrar de vez no futevôlei”, contou.

“Hoje vem pessoas de outros bairros. Fizemos um torneio no fim de semana, veio morador de Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul, de Dourados para disputar”, diz Wellington. Para atender tanta gente, uma quadra acabou virando duas.

“Era uma quadra aberta que as crianças brincavam. A gente pegava frieira, bicho-de-pé, bicho geográfico… Foi quando decidimos tratar. Jogamos caminhões de areia e foi ficando pequena. Aí ampliamos”, explicou.

Há um ano, espaço era de apenas uma quadra e não tinha manutenção. (Foto: Arquivo Pessoal)
Há um ano, espaço era de apenas uma quadra e não tinha manutenção. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dos nove para 45 jogadores, tudo foi questão de boca a boca. “A gente vai postando, comentando com os outros, a pessoa vem e gosta e já pedimos para contribuir”, relembra.

Para manter o espaço, cada membro do grupo paga R$ 30, que custeia o serviço de um morador do bairro para cuidar das quadras. Já as crianças ganharam um espaço ao lado para brincar durante os jogos.

O próximo passo é construir um vestiário para as equipes de futevôlei. Hoje, eles usam o espaço dos jogadores de futebol. “Já compramos as telhas. Vai ser um vestiário masculino e feminino, porque também temos equipe feminina”, diz Wellington.

Crianças atletas - Com tantos jovens no entorno da praça, o grupo decidiu incluí-los de alguma forma no time. Alguns deles até participam das partidas na falta de um jogador, mas agora vão receber treinamento.

“Vamos incentivar, porque aqui tem muitos usuários de drogas. Vamos comprar as bolas para começar nosso projeto com as crianças”. O primeiro treino com os pequenos será já neste sábado (24).

“Tem um professor, nem é formado, mas tomou essa iniciativa de trazer essas crianças para o esporte, mas vai passar o que ele sabe para as crianças. É um projeto nosso, não envolve ninguém, é só a gente”, frisa Wellington.

Wellington começou o grupo com nove pessoas, e hoje já reúne 45 jogadores. (Foto: Kísie Ainoã)
Wellington começou o grupo com nove pessoas, e hoje já reúne 45 jogadores. (Foto: Kísie Ainoã)

Ele faz questão de destacar que não teve apoio do Poder Público, e tudo foi fruto do trabalho em grupo.

Bairro problemático - O Jardim Serra Azul sempre figura no noticiário policial devido às arruaças e abordagens policiais. Desde que o grupo de Wellington assumiu a manutenção das quadras, o movimento de usuários e vândalos reduziu bastante.

O Campo Grande News já noticiou que, em algumas partes do bairro, os moradores não têm sossego nem para dormir devido à algazarra, ignorando todas as restrições da pandemia, incluindo o toque de recolher.

“Esses tempos a polícia veio aqui e abordou até a gente. Colocaram todo mundo na parede, incluindo quem não tinha nada a ver com o rolo. Mas conseguimos espantar o pessoal daqui, como tem policial civil e militar jogando, não ficam aqui”, afirmou Wellington.

Apesar disso, a comunidade se uniu em torno do projeto. “A população apoia a gente e gosta muito. Sempre que precisa de alguma coisa, nos ajudamos”, finaliza.

Durante o dia, enquanto o grupo não se reúne até a noite, as crianças se divertem nas quadras. (Foto: Kísie Ainoã)
Durante o dia, enquanto o grupo não se reúne até a noite, as crianças se divertem nas quadras. (Foto: Kísie Ainoã)

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