Dança drama de João Dias é espetáculo sensível e cheio de memórias afetivas
Espetáculo “Fruto” é um trabalho criado dentro da pandemia do coronavírus
A plateia não se move nas cadeiras e no entorno da escada que dá acesso ao espaço do Museu de Arte Contemporânea (Marco), onde o interprete criador e bailarino João Dias, de Dourados, se agoniza em seu corpo em busca de respostas afetivas entre narrativas e movimentos.
O espetáculo “Fruto”, apresentado na noite de domingo, como parte da programação do Campão Cultural, domina o expectador naquele ambiente de trevas entre o breu e um bico de luz e o libera da sensação de angustia do personagem com aplausos. Muitos aplausos!
“Fruto”, trabalho criado dentro da pandemia do coronavírus, foi um processo incubador que se iniciou em 2018 a partir de uma oficina de criação de processo cênicos ministrado pelo diretor e ator João Rocha no Sucata Cultural, se estendendo ao longo desse período crítico a doença.
Ao final do espetáculo, radiante pela receptividade do público, João Dias destacou a importância do Campão Cultural para o artista do interior ao abrir espaços e valorizar seu trabalho, muitas vezes pouco reconhecido.
“O Campão agrega muito para a cidade e para a cultura e fiquei muito feliz em participar”, disse. “Achei essa segunda edição muito linda, incrível, além de promover cultura e lazer para as pessoas, o festival leva a arte para a periferia e isso é muito importante para promover cultura”.
Dor e sentimentos
O solo de dança drama do bailarino João Dias é baseado nas suas relações maternas e paternas, contendo uma linha de pesquisa através da sua ligação emocional e psicológica com seus pais e como essa ligação reverbera em sua movimentação corporal.
É um espetáculo sensível cheio de memorias afetivas, no qual o interprete criador traz para seu corpo seus laços mais profundos. O processo rebuscou sobre seu passado, fazendo da sua existência o presente e criando possibilidade para o futuro.
“Assim, como o fruto nunca cai longe do pé, a vida é como uma arvore que cresce, amadurece e dá fruto. É colhendo cada memória que o interprete criador transforma seu movimento, compreende sua existência e liberta seus sentimentos para mundo, para seu próprio eu”, sintetiza João Rocha.
O Fruto tem a direção de Társila Bonelli, gestora cultural, professora, bailarina e coreografa, cuja a contribuição foi extrema importância na estrutura e desenvolvimento do espetáculo.
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