Festa boliviana mata saudade da terra natal no dia da independência
Associação da Colônia Boliviana promove festa com música, dança e comidas típicas na Praça do Rádio até 15h
Nos 197 anos de Independência da Bolívia, a saudade da terra natal e a alegria em celebrar o marco estão presentes naqueles que trouxeram a cultura para Campo Grande, seja através da música ou da famosa saltenha. Neste domingo (07), a Associação da Colônia Boliviana promove o evento que começou às 9h e segue até 15h na Praça do Rádio Clube.
Para dar início às comemorações, o presidente da associação Damián Adolfo Yupanqui e o secretário Orlando Turco hastearam a bandeira do país, enquanto o hino da Bolívia preenchia a Praça do Rádio Clube.
Ao Lado B, o secretário geral da associação, Orlando Turco, de 39 anos, fala sobre a importância de trazer a festa para o espaço público, além de comemorar ao lado dos brasileiros. “Estamos com saudade da nossa terra, temos quase de 800 a mil pessoas bolivianas morando no Mato Grosso do Sul. Queremos fazer essa festa junto com Campo Grande, porque eles são nossos irmãos. Quisemos fazer nossa festa aqui pela saudade que temos de lá”, afirma.
Como em qualquer festa tradicional, música, dança, gastronomia e produção artística não poderiam faltar. A associação convidou empreendedores de diversas vertentes, além de artistas e grupos de dança para deixar o domingo mais animado. "É um um encontro cultural", ressalta o secretário.
Tânia Aparecida Heredia, de 61 anos, trouxe o sabor da Bolívia para a praça com a tradicional saltenha. Há 15 anos, ela vende a receita que aprendeu com a sogra boliviana. Animada com o evento, Tânia destaca o prazer que é mostrar aos campo-grandenses o que aprendeu. “É importante pra gente mostrar a cultura, a nossa comida”, frisa.
Ela também preparou para o público a chicha, que é uma bebida gelada. Assim como a saltenha, a receita veio da sogra. "É um fubá torrado com amendoim e especiarias", explica ela.
Teve quem também aproveitou a ocasião para finalmente conhecer mais a cultura boliviana. É o caso de Clara Maria Pereira, de 69 anos, que sempre quis prestigiar as feiras bolivianas realizadas na cidade, mas nunca conseguiu. "É a primeira vez que venho, porque a feira é longe e domingo eu não saia. Hoje vim para conhecer. Amei e já comprei de tudo um pouco", fala.
Além das compras, Clara quis experimentar pratos típicos. “Como nunca comi vou levar o manjadinho e a sopa de maní. Aquele prato, o picchu machu, é maravilhoso, dá para duas pessoas”, diz.
Na barraca do Cantinho Boliviano, Susan Gomes, de 34 anos, estava preparando as refeições que mostram a diversidade da culinária boliviana. Ela relata quais são os sabores e ingredientes que compõem os pratos. “Trouxemos o picchu machu que é do centro da nossa terra, o coração da Bolívia. É composto por batata, uma carne bem gostosa, salsicha, ovo cozido, cebola e tomate. Trouxemos o majadito batido que é tipo um risoto de carne seca acompanhado de ovo, banana da terra e especiarias próprias de lá”, detalha.
Outro prato especial, segundo ela, é a sopa de maní. “Do lado do ocidente e característico da Bolívia, que tem muitos prêmios internacionais, trouxemos a famosa sopa de maní. É uma sopa que tem amendoim cozido, macarrão que trouxemos de lá, porque a forma é diferente. É acompanhado de batata frita por cima, é uma delícia”, ressalta.
Para ela, preparar essas e outras comidas é uma forma de suprir a falta que sente do país. “A gente sente muita saudade da nossa terra e principalmente da nossa comida que lembra como fomos criados e os nossos pais. A gente sempre vai na fronteira trazer coisas para comer aqui e adaptar aos ingredientes”, explica.
O casal Lucimar Soares, de 55 anos, e Marcos Antônio Santos, de 57 anos, aproveitaram o domingo para prestigiar a comemoração. Filha e neta de boliviana, Lucimar revela que ficou emocionada com a festa. “Eu já chorei agorinha, porque tem um mês que perdi um tio boliviano e éramos bem próximos”, relata.
Para ela, o encontro é importante e uma forma de manter o amor pela cultura vivo. “Tudo isso é importante, porque saímos de lá há muito tempo, mas o amor, carinho e tradição está dentro da gente”, conclui.
A festa de independência da Bolívia segue até às 15h na Praça do Rádio Clube. A entrada é gratuita.
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