Intensivão para quem quer ser palhaço começa mostrando como rir de si mesmo
De cara limpa, ninguém parece engraçado. Mas em curso que começou hoje, os 17 alunos aprendem a ser palhaços. E a primeira lição é “aprender a rir de si mesmo”, o que serve até para os que não têm a menor pretensão de ser artista.
Alexandre Casali é o professor, ator baiano que há mais de 10 anos vive a graça na pele do palhaço Biancorino. “Temos de aprender a sentir prazer em expor o que pode parecer defeito. Expondo, a gente consegue a cura”, recomenda.
Os dois, criador e personagem, estão em Campo Grande para ensinar e também fazer rir durante mais uma Pantalhaços, quarta edição da mostra do Pantanal com artistas da América do Sul.
É o início da programação, que terá espetáculos a partir a próxima quarta-feira. A primeira oficina do evento serve para a vida, confirma Alexandre, mas tem o objetivo treinamento intensivo dos candidatos a palhaços profissionais.
“É para qualquer um porque o princípio é descobrir como tirar graça da gente mesmo. Tem o que é mais desastrado, o frágil o estranho. Todo mundo pode aprender a rir de si mesmo para depois convidar os outros a sorrir”, ensina.
E até o mal-humorado tem solução, caso tenha disposição para o exercício. “É uma auto-provocação”, diz o artista.
Alexandre, mais do que palhaço, é um pesquisador sobre o assunto. Quando a arte era restrita aos circos, o ofício de palhaço era passado de pai para filho. Hoje, com grandes espetáculos montados em teatros e nas ruas, a formação também mudou, assim como alguns conceitos.
“Antes, a graça era tirada do outro. Era um pontapé no companheiro, uma gozação do outro. Hoje a graça é do nosso próprio ridículo. O que muita gente quer esconder, o estranho, para o palhaço é motivo de exposição e de fazer rir”.
Para chegar a pintar o rosto e sair por aí ganhando gargalhadas, os aspirantes ao ofício de palhaço fazem exercícios corporais e de improvisação. Outra dica do professor é observar muito e imitar. “A imitação não é constrangimento algum, coisas que outros palhaços já fizeram e dá certo tem de ser copiadas”.
Fã dos nomes das antigas, Alexandre lembra o que os mais tradicionais palhaços têm a ensinas. “A tranquilidade”.
Na mostra de Campo Grande, Alexandre e Biancorino vão encontrar Biribinha, Dentinho e Tomate (Argentina), além de grupos que fazem da palhaçada de uma nova geração no Brasil. Veja o programa completo da IV Pantalhaços em