Fotografia o aproximou do ciclismo e médico encara Estrada da Morte no Carnaval
Entre assuntos científicos e teorias freudianas, o Lado B bateu um papo descontraído com o médico ginecologista e sexólogo, Ivan Sinigaglia, para saber o que nasceu primeiro: o médico, o fotógrafo ou o ciclista? Entre risadas e bom-humor, o entrevistado relata como é a experiência de ser ciclista-fotógrafo, isso mesmo, pedalar e fotografar ao mesmo tempo. Estas são aptidões de Ivan desde a infância, mas que puderam ser unidas apenas há seis meses.
“Se for para colocar numa ordem cronológica, quem nasceu primeiro foi o ciclista”. Ivan conta que ele e um amigo já foram notícia na cidade de Lucélia, interior de São Paulo, quando tinham doze anos. “Nós fomos de casa ao clube de campo de bicicleta. Pedalamos 32 quilômetros. Lembro que pegamos uma mochila do Exército, que era do meu pai, colocamos dois sanduíches, tubaína, água e fomos para o clube. Sempre gostei de pedaladas longas”.
O fotógrafo, revela Ivan, nasceu alguns anos depois. “Ganhei uma Kodak do meu pai. Daquelas que o filme parece uma fita K7 e o amigo do meu pai revelava foto e, eu, aprendi com eles a revelar as imagens”. Ivan considera a fotografia um evento mágico. “Gosto muito da pós-produção também. Desde moleque fui ligado à tecnologia. Quando a foto chegou nessa fase digital, aumentou muito meu prazer em fotografar e tratar as imagens. A pós-produção é muita artística”.
A vida acadêmica e os compromissos da fase adulta, em São Paulo, afastaram Ivan do ciclismo. Mas a fotografia fez a gentileza de aproximá-lo do esporte novamente.
A convite de uma amigo, Ivan foi de carro em um passeio ciclístico apenas com a intenção de fotografar. “Nunca tinha fotografado esporte. Nessa oportunidade pensei, ‘vai dar altas fotos. Aventura, esporte e natureza’. E não deu outra. Só deu foto boa”.
Um pouco antes do convite do amigo, Ivan havia comprado uma bicicleta com a intenção de pedalar na Orla Morena, tomar água de coco e voltar para casa. Depois de dois passeios apenas como fotógrafo, o ciclista da infância, que gostava de longas distâncias, ressurgiu. Mas desta vez, no lugar da tubaína, Ivan levou na bagagem o equipamento fotográfico. Duas paixões de criança alimentadas e unidas na fase adulta.
Antes de definir o roteiro da primeira viagem ciclística e fotográfica, Ivan viajou pelas redes sociais e sites de buscas para conseguir informações e conversar com quem já esteve no local. Agora no Carnaval, vai com este mesmo amigo que o convidou para fotografar passeio ciclístico, pedalar pela estrada da Morte, na Bolívia. “Tive muitos benefícios com o pedal e gosto de pesquisar e guardar essas informações num mesmo local. Com a intenção de organizar as pesquisas sobre ciclismo, surgiu a ideia de um blog, o bicikleta.com.br”. Lá, o ciclista tem armazenado e compartilhado suas pesquisas e experiências com quem gosta do assunto.
Além da pedalada para a Estrada da Morte, Ivan já tem agendado alguns passeios em outubro na Itália. Com as informações coletadas, ele garante que a Estrada da Morte não é mais assim tão perigosa. “São quatro horas de pedalada, praticamente só descida. Hoje em dia, na parte mais perigosa de terra, não circula mais carros pesados, por isso, para os ciclistas, não é mais estrada da morte”.