Devil May Cry 5 é o retorno triunfal que a série mais precisava
Até o momento, 2019 tem sido um excelente ano para a Capcom, pois mal conseguimos escapar de Raccoon City no espetacular Resident Evil 2 e já somos brindados com o retorno de Dante & cia em Devil May Cry 5, naquele que talvez seja o melhor capítulo da série.
Em DMC5 assumimos o controle de três personagens: Dante, Nero e o estreante V. Cada um com mecânicas e estilos distintos o bastante para justificar sua presença no game, que por sua vez se encarrega de dividir a aventura entre os três heróis de forma plenamente satisfatória. Aventura esta que coloca o trio em rota de colisão com o Rei Demônio Urizen, o grande vilão do jogo.
O primeiro caçador de demônios que temos contato é Nero, que até possui algumas similaridades com o veterano protagonista, mas apresenta uma grande novidade na forma de seu braço protético, o Devil Breaker. Com o seu braço demoníaco original “roubado” por assim dizer, Nero conta com uma enorme diversidade de braços postiços que garantem uma variedade de habilidades, desde esquivas aéreas, socos poderosos a até bombas remotas! Nero carrega um “pente” com esses Devil Breakers, que pode ser expandido para comportar um número maior de próteses, mas o “breaker” do nome não está aí por acaso, já que para fazer a troca de braço é necessário destruir aquele que estiver equipado, dando lugar ao Devil Breaker seguinte no pente.
A princípio, devo admitir que não gostei da ideia dos braços quebradiços, mas depois percebi que, a exemplo de Zelda: Breath of the Wild, isso trouxe uma camada de estratégia ao combate que tornou a experiência de fatiar os demônios do jogo muito mais profunda, já que cada prótese tem vantagens e desvantagens de acordo com o inimigo a ser enfrentado. Apesar disso, não há necessidade de se preocupar em ficar sem braços para usar, pois o game se encarrega de sempre fornecer Devil Breakers novinhos espalhados pelo cenário, dando aquela “mãozinha” aos jogadores mais dispendiosos.
Estreando em DMC5, “V” é o misterioso indivíduo que procura Dante para pôr um fim ao reinado de Urizen. Diferente de tudo que já foi apresentado num jogo do gênero, jogando com V deve-se evitar a todo custo se aproximar dos inimigos, o que não significa que ele é completamente indefeso, já que seus ataques se dão por meio de três poderosas invocações, e exigem do jogador uma maior consciência de seu posicionamento na arena de combate além da habilidade de lidar com múltiplos inimigos na batalha, pois as criaturas de V podem (e devem) ser utilizadas ao mesmo tempo para uma maior eficácia em combate. Também é preciso zelar pela saúde das invocações, duas delas possuem uma barra de vida e se recuperam ao se aproximar de V, enquanto a terceira e mais poderosa invocação necessita de “pontos demoníacos” (PD) para ser usada.
Por fim, mas não menos importante, temos o retorno triunfal de Dante. Um pouco mais velho do que nas encarnações anteriores, o icônico ”badass” de cabelos brancos serve como um “greatest hits” de tudo que já foi feito com a personagem ao longo dos anos: logo de cara o personagem já vem equipado com armas e técnicas poderosíssimas, o que faz sentido, pois trata-se de um veterano no campo de batalha e ficaria estranho se algum “plot device” fosse usado para enfraquecer o herói só para forçar o jogador a recuperar todas as técnicas e habilidades novamente. Mas como já dizia o ditado: “quem vive de passado é museu”, Dante também mostra que ainda é capaz de surpreender e traz alguns truques novos, dentre os quais o maior destaque fica por conta da Cavaliere, que por incrível que pareça trata-se de uma motocicleta demoníaca que é usada como uma arma! Resultando em alguns dos combos mais insanos já vistos em um hack’n slash.
Com tantas novidades no combate, é possível imaginar que o mesmo se aplique à estrutura geral de progresso do game certo? Mas neste caso a Capcom optou por ser talvez um pouco mais conservadora, e o jogo divide-se em missões bastante lineares, com muito pouco para se fazer ou explorar nos belíssimos cenários proporcionados pelo incrível motor RE Engine. Confesso que esperava um nível de interação maior com o ambiente, mas não vai além de coletar itens e localizar algumas missões secretas escondidas nas paredes. Por outro lado a ação é frequente o bastante para que isso não se torne um problema, e o combate tem variedade e desafio suficientes para prender o jogador do começo ao fim da aventura.
Devil May Cry 5 é sem sombra de dúvidas o melhor hack’n slash da atualidade e acima de tudo um retorno com força total da franquia. O diabo pode até chorar, mas em 2019 até agora a Capcom só tem o que comemorar!
Análise feita com código gentilmente cedido pela distribuidora.
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