Prestes a completar 20 anos do anúncio oficial, relembre o primeiro console Xbox
O ano era 2000. Mais precisamente em março. Tínhamos o seguinte cenário: a Sony dominava amplamente o mercado com o PlayStation e estava prestes a lançar o segundo console da linha, que prometia arrebentar no mercado. A Nintendo sofria com seu Nintendo 64 e a SEGA, a única das três gigantes e já possuir um console de sexta geração no mercado, o Dreamcast, amargava grandes perdas financeiras. Eis então que um novo “player” surgia para agitar esse competitivo mercado: a Microsoft.
Com a experiência de quem é protagonista no mercado de microcomputadores desde a década de 80, a Microsoft iniciou o desenvolvimento de seu console em 1998. O time de desenvolvedores do sistema DirectX foi o responsável pelo projeto, que tinha arquitetura bastante semelhante ao de um microcomputador. Aliás, foi do DirectX que nasceu o nome do console: Xbox.
Anunciado oficialmente em 10 de março de 2000, pelo próprio presidente da companhia, Bill Gates, durante a Game Developers Conference, o console foi lançado nos Estados Unidos em novembro de 2001, seguido pelo lançamento na Europa e no Japão em 2002. Em sua estreia, o console foi sucesso absoluto, vendendo mais de um milhão e meio de unidades na America do Norte nos três primeiros meses, puxado por títulos de peso na linha inicial de jogos: Halo: Combat Evolved, Project Gotham Racing e Dead or Alive 3. Foi o primeiro grande console produzido por uma empresa americana desde o Atari Jaguar.
Com um hardware mais potente que seus concorrentes – CPU 32bit de 733MHz Intel Pentium III e uma GPU NVIDIA NV2A de 233 MHz – o Xbox impressionava bastante. Graficamente, o console conseguia reproduzir gráficos em HD com facilidade, sendo o primeiro a conseguir resolução de 720p e até 1080i. Na parte sonora, outro salto: era o único capaz de transmitir com tecnologia Dolby Digital tanto nos vídeos como durante o gameplay. As diferenças eram sentidas com facilidade nas comparações dos jogos multiplataforma.
O Xbox foi o console que deu início a um movimento sem volta: foi o primeiro console que era praticamente um PC. E de lá para, isso foi ficando cada vez mais evidente. Basta vermos hoje como funcionam os consoles atuais, PlayStation 4 e Xbox One, com suas instalações e atualizações de hardware e software.
Além do hardware mais potente, outra vantagem latente do sistema era a Xbox Live. A empresa apostava suas fichas nos jogos online e um ano após o lançamento do console a Live começava a operar, com um sistema bastante confiável e estável, que atingiu o ápice com o game Halo 2, que fez grande sucesso com suas batalhas multiplayer. Apenas um tempo depois é que Sony e Nintendo conseguiam implementar suas redes, porém com qualidade bem inferior à rede da empresa americana.
O console também foi o primeiro a ter HD embutido, o que eliminava a necessidade de utilização de memory cards – apesar de que um foi lançado, com a finalidade de transportar os “saves” de um console para o outro.
Mas nem tudo era um mar de rosas. O controle vendido inicialmente com o console foi extremamente mal recebido. Apelidado de Duke, seu tamanho era exagerado e atrapalhava a maioria das pessoas, que sentiam dificuldades em manuseá-lo. Falando em exagero, tudo no console era exagerado: o console também era um “trambolhão”, pesado e com grandes dimensões. Percebendo a falha com o controle, a Microsoft começou a vender no ocidente a versão “S”, originalmente criada apenas para o mercado japonês. Com dimensões mais discretas, o controle teve grande aceitação e rapidamente substituiu o controle original no mercado. Esse controle, aliás, serviu como base para o controle do Xbox 360, que por sua vez evoluiu para o que hoje é utilizado no Xbox One.
Mas claro, nenhum problema enfrentado pela Microsoft foi maior do que a existência do PlayStation 2. O console da Sony vendia como água e além do trabalho extremamente competente realizado pela empresa, o nome PlayStation se tornou tão forte na quinta geração que impulsionou de forma impressionante as vendas do console. Era virtualmente impossível alguma empresa conseguir desbancar o PlayStation 2.
E olha que a Microsoft tentou. Conseguiu tirar a exclusividade das séries Metal Gear Solid e GTA, que apesar de terem saído primeiro no PlayStation 2, receberam tempos depois lançamento também no Xbox; criou jogos exclusivos de excelente qualidade como os da série Halo e o primeiro Forza Motorsport; além de assegurar jogos exclusivos de outras softhouses como a SEGA, que deu bastante atenção ao console da Microsoft, com lançamentos como Shenmue II e Panzer Dragoon Orta.
Em 2005, com o lançamento do Xbox 360, o primeiro Xbox foi sendo deixado de lado pela empresa. Seus números: mais de 24 milhões de unidades até 2006, com uma lista de aproximadamente 900 jogos lançados. O console conseguiu a segunda colocação nas vendas, superando a Nintendo e seu GameCube. Foi descontinuado em 2005 no Japão (seu pior mercado) e à partir de 2006 nos demais países, tendo seu suporte oficialmente encerrado nos Estados Unidos em março de 2009.
O abandono precoce dos consoles da linha Xbox, aliás, é uma crítica que cabe até hoje. Os consoles da Sony costumam ser mais longevos. Porém, essa crítica acaba sendo amenizada com a constante política de retrocompatibilidade da linha, que ao que tudo indica continuará sendo seguida na próxima geração.
Hoje o console é muito procurado, tanto por colecionadores como por jogadores, pois além de seus jogos originais, é facilmente modificável para rodar emuladores com grande qualidade. Um grande legado do Xbox é visto até hoje nos consoles e redes de Xbox 360 e Xbox One. Foi ele quem pavimentou o caminho para tudo o que a Microsoft faz hoje no mercado.