"Ovo de Porca" é sugestão aos fregueses de boteco na avenida Mato Grosso
O lugar é um misto de barzinho e boteco. Onde se pode ir a pé, de chinelão e bermuda. Aliás é assim que o dono recebe a freguesia no Bartequim, de camisa do Vasco e havaianas, embora a esposa seja flamenguista. No cardápio, ovo de porca. Sugestão que você lê e diz oi? Será que eu bebi demais? Ou então, pode até passar batido. Aí sim, eu digo que a bebida já subiu.
O prato é criação da casa, um bolinho feito de ovo de codorna, com carne e coberto por uma massa que o casal diz ser especial. Tudo frito na hora, assim que o pedido sai do cliente na mesa.
O bar fica na avenida Mato Grosso, próximo a Calógeras e casa em ser ao lado de uma faculdade. O que justifica a mesa lotada de universitários no dia em que o Lado B passou lá pra fazer uma visita. “Na região do centro, não encontra nada assim. Só mais fechado, aquele clã da Afonso Pena”, comenta a acadêmica de Fisioterapia, Gleice Souza, de 34 anos.
De clientes eles já viraram fregueses, daqueles que chegam e o dono já sabe qual vai ser. “Eles conhecem todo mundo pelo nome, não precisa nem pedir. Que eles falam você come bolinho, você toma água e você toma Brahma”, completa a técnica de enfermagem, Tawani Cardoso, de 23 anos.
Propaganda eles ainda não tem. Investem no boca a boca entre os amigos e no telão que fica no muro. Os motoristas mais atentos, ou aqueles que param no semáforo do outro lado, voltam os olhos ao bar. Estratégia que tem dado resultado. Em dia de luta, por exemplo, a dona Jaqueline Ferreira Martins, de 28 anos, conta que precisa pedir a garagem ao lado emprestada para espalhar mesas.
Casados há oito anos, ela e o marido Fábio Junior da Silva, de 34 anos, quiseram montar um bar pra chamar de seu. Entre todos os botecos percorridos na cidade, era difícil achar um que lhes agradasse.
“A gente frequentava e não achava um bar legal, acessível e com produtos diferenciados. Os bares são elitizados, ou muito quebrados, aí abrimos um meio termo”, explica Fábio.
O nome veio justamente da junção de bar e botequim. As mesas lá fora são as de madeira de qualquer barzinho, na parte de dentro, carretéis que servem de mesas e bancos. Quadros de cerveja na parede, estante decorada com cachaças artesanais e ventiladores de teto que contrastam com luzes que fogem do padrão das casas noturnas. Se o cliente ainda não se convenceu de estar em um boteco, um vizinho chega entregando vasilhame de cerveja no balcão.
“Aqui não precisa vir de salto, de maquiagem, nem nada, pode vir de chinelos que vai ser bem atendido”, garante Jaqueline.
O prato que tem o nome ovo de porca surgiu de uma piada. “Sabe aquelas piadas de cachaça? Aí eu falei vou por o nome nesse trem. Tem gente que estranha, outros já acostumaram, mas desperta curiosidade”, completa Fabio.
Aberto em maio, desde então o bolinho é o mais vendido da casa. Disputa no ranking com a pimenta recheada de peixe. Os donos avisam que é forte, porém saborosa.
“Essa pimenta, experimenta para você ver, é maravilhosa! Mas olha, não anuncia muito não, senão eu vou ficar sem lugar pra sentar”, brinca um dos fregueses, Valter Muraro, de 48 anos.
Na carta de bebidas, cervejas nacionais e importantes que o dono garante não custar o olho da cara. Uma delas é a Corona, servida como manda o protocolo, com limão na boca da garrafa.
Quem quiser conhecer, o Bartequim abre de segunda a sábado, a partir das 17h30. Pode se achegar de chinelo, bermudão e camisa de time.