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Sabor

É possível ter sommelier para chamar de seu e tomar vinho à vontade no calor

Ivan Ferreira é o sommelier cearense que, há 15 anos, chegou em Campo Grande para desmitificar a bebida

Thailla Torres | 01/09/2018 09:09
Com 15 anos na área de Turismo e Alimentação, sommelier rompe barreiras com a escolha do vinho ideal. (Foto: Graziella Almeida)
Com 15 anos na área de Turismo e Alimentação, sommelier rompe barreiras com a escolha do vinho ideal. (Foto: Graziella Almeida)

Os dias com temperaturas mais baixas combinam perfeitamente com um vinho, mas com a  chegada da estação quente é comum a bebida perder o reinado para a cerveja. Mas 15 anos de experiência levam o sommelier cearense Ivan Ferreira a garantir que vinho cabe bem em todos os meses do ano, inclusive, no calor intenso.

O problema é que muita gente deixa de levar a garrafa para casa por não sabe escolher o vinho ideal. Todos aqueles termos específicos e características sobre a produção da bebida, inibem o consumo. Em Campo Grande, Ivan é um dos que se empenha a quebrar esse medo e provar que "vinho não é bebida de rico, muito menos difícil de escolher".

Uma dica simples, segundo Ivan, é harmonizar vinhos brancos com carnes brancas e tinto com carne vermelha. (Foto: Pixabay)
Uma dica simples, segundo Ivan, é harmonizar vinhos brancos com carnes brancas e tinto com carne vermelha. (Foto: Pixabay)

E é possível fazer isso por dois caminhos, seguindo dicas ou investindo cerca de R$ 500,00 para ter um "sommelier particular" em casa, para chamar de seu. E o luxo é mais comum do que se imagina, principalmente, em Campo Grande. "No Nordeste as pessoas não consomem tanto vinho, mas aqui é bem diferente, tanto que a gente considera como o Sul do país, fazendo uma comparação em consumo e o gosto do campo-grandense pela bebida".

Uma aparição de Ivan envolve análise do cardápio, listagem de rótulos e explicação de forma clara e descontraída sobre os tipos de vinhos. "O cliente me manda o cardápio que pretende servir em casa ou em um evento. Tecnicamente, vou harmonizar com os vinhos e passo uma lista de rótulos para serem comprados. Depois, durante a refeição, explico sobre cada bebida e isso torna relação com o vinho muito harmoniosa", diz o sommelier.

Mas se o jeito for escolher a bebida sozinho, não é preciso desespero, garante o especialista. "Primeiramente é preciso entender que seja branco ou tinto, o que se vê nas prateleiras é realmente vinho, com determinado tipo de uva que passa por um processo de fermentação.

Sem papas na língua e com uma abordagem mais descontraída, Ivan diz que "quando alguém me pede para falar qual é o vinho bom eu sinto que 'ferrou'. Vinho é vinho, o que muda é o termo de fermentação e a qualidade da uva, isso não significa que um vinho é pior do que outro. Basta ter tato para saber o que se adapta melhor ao seu paladar".".

O maior erro, normalmente, é a escolha entre o seco e o suave. "Quem não olha o rótulo acaba levando pra casa algo mais adocicado ou não. A diferença é que em vinhos suaves, há adição de açúcar e os vinhos secos, eles são feitos com baixo teor de açúcar, naturalmente da uva".

Ivan sugere que há ótimos vinhos a preços acessíveis no mercado. (Foto: Graziella Almeida)
Ivan sugere que há ótimos vinhos a preços acessíveis no mercado. (Foto: Graziella Almeida)

Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay são nomes que também causam confusão na hora da escolha, mas são apenas os tipos de uva usada na produção da bebida. "O que é importante saber é o corpo do vinho e as pessoas me perguntam: o que é corpo? É simplesmente o peso do vinho na boca com sua textura. Como saber isso? Experimentando e descobrindo aquele que você mais gosta".

Sem listar uma infinidade de sugestões para harmonizar com outros alimentos, Ivan segue a linha da desarmonização. "Sugiro que tomem o vinho seco, porque o vinho suave ele continua vinho, mesmo com açúcar, mas acontece que eu descaracterizo ele. E na hora de harmonizar com a comida, escolha alimentos salgados que vão fazer toda a diferença".

O sommelier sugere uma regra simples. Vinhos brancos e rosês Chardonnay combinam perfeitamente com carnes brancas, molhos brancos e alimentos lactosos. Já os vinhos tintos  encorpados como Malbec e Cabernet Sauvignon harmonizam com carnes vermelhas, por exemplo.

"Na verdade, sugestões como essas não devem ser encaradas como regras, apenas como uma direção, você é livre para criar novas combinações e a melhor harmonização sempre será aquilo que mais agrada".

Sobre beber vinho no calor, ele deixa a sugestão. "No Brasil temos vinhos brancos e espumantes excelentes, por valores menores que R$ 50,00 e super refrescantes. É possível substituir a cerveja e tomá-lo na temperatura que preferir, inclusive, bem gelado".

Carreira - O que atraiu Ivan para a carreira de sommelier não foi nada sofisticado. Depois anos trabalhando no ramo de Turismo Receptivo, sem tempo com a família  ou férias, uma demissão fez ele trabalhar em um restaurante do Ceará. De lá, surgiu a oportunidade de trabalhar em Campo Grande e foi aqui que redescobriu o universo dos vinhos.

"Observei durante muito tempo, um garçom que apresentava os vinhos de uma forma diferente, sem aquele padrão de roupa ou fala. Chegando aqui eu aprendi muita coisa e quis me empenhar em desmitificar o vinho. Meu trabalho é com naturalidade".

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