Espaço de gastronomia colaborativa é inaugurado com vencedora do Masterchef
O conceito de coworking, importado dos Estados Unidos, chegou à Gastronomia em Campo Grande. Na Rua Euclides da Cunha, um novo espaço abriu as portas nesta segunda-feira com todos os equipamentos necessários para os cozinheiros usarem em cursos ou degustações. O lugar também tem um empório com produtos diferentes à venda.
Para receber os primeiros convidados, quem apareceu por aqui foi a vencedora do Masterchef Profissionais, Dayse Paparoto, de 33 anos, que esteve pela primeira vez na cidade para uma aula show e noite de experiência gastronômica com menu assinado por ela.
Em entrevista ao Lado B, Dayse falou sobre a rotina de eventos e evidenciou o cotidiano de um chef de cozinha que nada tem de glamour.
Dayse se diz fascinada pela culinária regional por onde passa, mas dessa vez, admitiu desconhecer qualquer prato típico de Mato Grosso do Sul. “Me falaram só sobre o feijão tropeiro, mas mão conheço nada, queria muito saber o que vocês comem aqui”, afirma.
Depois de conquistar o público e sair vencedora do reality gastronômico, Dayse passa maior tempo fora do restaurante, em viagens, aula-show, palestras e na produção de cardápios para empresas. “Ainda passo a maioria do tempo cozinhando, mas quando não estou no Feed Food [restaurante em São Paulo onde é chef], estou em evento. Não tenho mais rotina, é cada hora em um lugar”.
Sem expectativas em relação à competição, a ganhadora se surpreendeu até aonde chegou, mas prefere destacar que o mundo dentro da cozinha, como chef, não tem nada de sofisticado. “Posso dizer que o Masterchef me deu visibilidade, adiantou pelo menos 10 anos da minha carreira. Mas o resto não tem nada de glamour, é muito trabalho, é pesado e uma energia totalmente diferente do que cozinhar em casa para os amigos”.
Durante os dois meses de exibição do programa, Dayse foi alvo de comentários machistas dos outros competidores, o que ela diz estar acostumada em um ambiente de pressão dentro dos restaurantes. “Nós [mulheres] enfrentamos isso diariamente em restaurantes de qualquer lugar do mundo. E com o tempo você vai se habituando, mas não é um trabalho fácil, toda vez que alguém me diz que sonha em ser chef de cozinha, eu falo toda a realidade”.
É preciso jogo de cintura, conforme Dayse, para administrar funcionários, clientes e, ao mesmo tempo, aplicar sua técnica para que os pratos cheguem a mesa com a característica do chef. “Quando o cliente chega ele não quer esperar muito. Então nesse meio tempo você precisa lidar com os cozinheiros, o garçom, o cliente apressando, o fogo e o calor dentro da cozinha. Se cai uma gordura no seu braço, não há como largar o trabalho e ir embora, você tem que continuar trabalhando com dor”, descreve mostrando as cicatrizes no braço.
E para trazer um pouco da experiência gastronômica a Campo Grande, Dayse preparou uma Aula Show Colaborativa para esta noite (21), com dicas, truques e menu especial para os alunos. Será servido um terrine de legumes grelhados com mix de folhas, risoto de abóbora e queijo da Serra da Canastra acompanhado de farofa de amêndoas e, de sobremesa, pêra caramelizada com massa de amêndoa e sorvete de chocolate.
Ambiente colaborativo – Idealizado pelo empresário Diogo Wendling, no novo ponto de encontro dos chefs do Estado, além de mesas e escritórios como no coworking original, há cozinhas industriais, balcões refrigerados, fogões e todos os equipamentos necessários que ficam disponíveis para cozinheiros amadores ou chefs de cozinha que queiram cozinhar para os amigos ou fazer eventos.
“É um espaço de experiências e colaboração, onde as pessoas podem alugar por hora, dia, semana ou mês. Utilizando toda estrutura e utensílios”, explica o empresário.
O local é uma opção para chefs de cozinha que queiram lançar um novo prato ou ter o próprio restaurante por um dia. “Ele pode usar o espaço, contratar garçons, vender seus pratos por um dia e o cliente vai ter um preço mais acessível porque não tem muita gente trabalhando. E o lucro nós dividimos”.
O espaço tem capacidade para 70 pessoas e além do espaço para alugar, tem um empório que de cogumelos a chocolates veganos, vende produtos exclusivos para fisgar pelo sabor. Um deles é o Cogushi, que são caixas para o cultivo dos cogumelos shimeji em casa e custa R$ 45,00.
O Território Lab fica na Euclides da Cunha, Jardim dos Estados. As vagas para a aula são limitadas e os interessados devem ligar para (67) 3211-4494.