Rapha largou castanhas para cultivar cogumelos que são o maior “barato”
Negócio "familiar" ajuda na produção sustentável de fungos. Só na Capital, consumo da iguaria é de quase 10 toneladas por mês
Cogumelo pode até ser um ingrediente de simples preparo – sofisticando qualquer prato – mas quando se trata do seu cultivo… isso já são outros quinhentos. Para Raphael, a escolha não poderia ter sido outra: largou de vez o comércio de castanhas para criar uma sociedade de fungos. Hoje, o negócio virou “família”, com frutificações que brotaram naturalmente.
E cada vez mais. Com a pandemia do novo coronavírus, o consumo de cogumelos aumentou mundialmente por conta de suas conhecidas propriedades imunológicas.
“São um super alimento. Rico em proteína e com baixo nível de gordura, ainda é uma maravilhosa fonte de minerais. É também oxidante e ajuda a diminuir os radicais livres do corpo”, explica Raphael Melhado, um dos sócios da Fungueria MS.
Aqui na Capital, Rapha descobriu que os campo-grandenses não estão muito atrás no consumo desse ingrediente.
“Durante 4 meses, bati de porta em porta nos mercados, restaurantes e empórios locais. Compilei dados e descobri que consumimos, em média, de 8 a 10 toneladas de cogumelo por mês. É como se fosse de 100 a 200 gramas para cada campo-grandense”, comenta.
O negócio surgiu quando o casal Flávia e Vergílio Mann voltaram de Santiago no Chile para o Brasil, e em seguida para Campo Grande. Lá, por causa do clima bem parecido ao europeu, os dois tiveram a experiência de inserir na dieta os cogumelos.
"Até então aqui não tinha nenhum produção local de larga escala. Tudo era importado de São Paulo, o que implicava na qualidade por causa do transporte e tempo de viagem. Cogumelo é muito sensível, e durante o translado ele perdia seu frescor, sua beleza, além da textura e sabor".
E foi num dia de happy hour com um amigo em comum que Rapha conheceu Flávia e Vergílio. Tomando cervejinha, trocaram contato e informações sobre o mercado e a possibilidade que veio com a ideia.
"Quando apresentei aos dois o resultado da minha pesquisa, já existia a viabilidade do negócio. Foi uma confiança mútua, e assim demos início todos juntos, ainda contando com Vinícius Castro, irmão de Flávia e cunhado de Virgílio. Viramos uma família", considera.
A chácara no quilômetro 8 da MS-040, em direção à Santa Rita do Pardo, é onde montaram a produção de cogumelos, com instalações de barracão e estufas. São 7 tipos diferentes: paris (ou champignon), portobello (considerado o "filé mignon" para os veganos), shimeji (tipo hiratake jovem) nas versões branca, cinza, salmão e amarelo, além do hiratake branco.
"A maior dificuldade está no calorão de MS. As estufas precisam estar com a temperatura mais baixa e umidade em quase 100%, tudo controlado. Cada leva demora cerca de 45 dias para brotar. Em média, cogumelos têm o prazo de validade por 10 dias após colhidos".
Sobre o insumo, isto é, o alimento do fungo, Rapha explica que utilizam braquiária e bagaço de cana de maneira reciclável.
"Tempos parcerias com garaparias de Campo Grande para recolher de forma sustentável todo o lixo orgânico. E o que sobrar vira adubo super rico em nutrientes pela participação dos fungos. Muitos produtores de hortaliça compram isso da gente", afirma.
Comercialização – Os preços variam de R$ 9,90 (shimeji branco) a R$ 14,90 (tipo paris e portobello), com 200 gramas. Outros cogumelos são encontrados em embalagens de 150 gramas.
O atendimento acontece para muitos restaurantes orientais, supermercados, sacolões e empórios da Capital. As revendas podem ser encontradas no Mercado Produtor (Avenida Calógeras, 548, bairro Vila Carvalho. ), Sacolão Giocondo, Mercê e na Hortifruti Carambola (Vitório Zeola, 1609, no Carandá Bosque) – este último com venda a granel.
"Contribuímos com o comércio local, sem uso de agrotóxicos, sem conservantes e o melhor de tudo: pronto para o preparo", finaliza..
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