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Sabor

Rapha largou castanhas para cultivar cogumelos que são o maior “barato”

Negócio "familiar" ajuda na produção sustentável de fungos. Só na Capital, consumo da iguaria é de quase 10 toneladas por mês

Raul Delvizio | 17/10/2020 07:31
Fungueria MS faz o cultivo de 7 tipos diferentes de cogumelos, um mais bonito e saboroso que o outro (Foto: Reprodução/Instagram)
Fungueria MS faz o cultivo de 7 tipos diferentes de cogumelos, um mais bonito e saboroso que o outro (Foto: Reprodução/Instagram)

Cogumelo pode até ser um ingrediente de simples preparo – sofisticando qualquer prato – mas quando se trata do seu cultivo… isso já são outros quinhentos. Para Raphael, a escolha não poderia ter sido outra: largou de vez o comércio de castanhas para criar uma sociedade de fungos. Hoje, o negócio virou “família”, com frutificações que brotaram naturalmente.

E cada vez mais. Com a pandemia do novo coronavírus, o consumo de cogumelos aumentou mundialmente por conta de suas conhecidas propriedades imunológicas.

Cogumelos são ricos em proteína e uma excelente fonte de minerais (Foto: Arquivo Pessoal)
Cogumelos são ricos em proteína e uma excelente fonte de minerais (Foto: Arquivo Pessoal)

“São um super alimento. Rico em proteína e com baixo nível de gordura, ainda é uma maravilhosa fonte de minerais. É também oxidante e ajuda a diminuir os radicais livres do corpo”, explica Raphael Melhado, um dos sócios da Fungueria MS.

Aqui na Capital, Rapha descobriu que os campo-grandenses não estão muito atrás no consumo desse ingrediente.

“Durante 4 meses, bati de porta em porta nos mercados, restaurantes e empórios locais. Compilei dados e descobri que consumimos, em média, de 8 a 10 toneladas de cogumelo por mês. É como se fosse de 100 a 200 gramas para cada campo-grandense”, comenta.

Menina segura caixa com shimeji branco (Foto: Arquivo Pessoal)
Menina segura caixa com shimeji branco (Foto: Arquivo Pessoal)

O negócio surgiu quando o casal Flávia e Vergílio Mann voltaram de Santiago no Chile para o Brasil, e em seguida para Campo Grande. Lá, por causa do clima bem parecido ao europeu, os dois tiveram a experiência de inserir na dieta os cogumelos.

"Até então aqui não tinha nenhum produção local de larga escala. Tudo era importado de São Paulo, o que implicava na qualidade por causa do transporte e tempo de viagem. Cogumelo é muito sensível, e durante o translado ele perdia seu frescor, sua beleza, além da textura e sabor".

Tipo shimeji salmão (Foto: Arquivo Pessoal)
Tipo shimeji salmão (Foto: Arquivo Pessoal)

E foi num dia de happy hour com um amigo em comum que Rapha conheceu Flávia e Vergílio. Tomando cervejinha, trocaram contato e informações sobre o mercado e a possibilidade que veio com a ideia.

"Quando apresentei aos dois o resultado da minha pesquisa, já existia a viabilidade do negócio. Foi uma confiança mútua, e assim demos início todos juntos, ainda contando com Vinícius Castro, irmão de Flávia e cunhado de Virgílio. Viramos uma família", considera.

Esquerda p/ direita: Vinícius Castro, sua esposa, Flávia e Vergílio Mann e, agachado, Raphael Melhado (Foto: Arquivo Pessoal)
Esquerda p/ direita: Vinícius Castro, sua esposa, Flávia e Vergílio Mann e, agachado, Raphael Melhado (Foto: Arquivo Pessoal)

A chácara no quilômetro 8 da MS-040, em direção à Santa Rita do Pardo, é onde montaram a produção de cogumelos, com instalações de barracão e estufas. São 7 tipos diferentes: paris (ou champignon), portobello (considerado o "filé mignon" para os veganos), shimeji (tipo hiratake jovem) nas versões branca, cinza, salmão e amarelo, além do hiratake branco.

"A maior dificuldade está no calorão de MS. As estufas precisam estar com a temperatura mais baixa e umidade em quase 100%, tudo controlado. Cada leva demora cerca de 45 dias para brotar. Em média, cogumelos têm o prazo de validade por 10 dias após colhidos".

Nas estufas, os cogumelos brotam de dentro dos insumos (Foto: Arquivo Pessoal)
Nas estufas, os cogumelos brotam de dentro dos insumos (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre o insumo, isto é, o alimento do fungo, Rapha explica que utilizam braquiária e bagaço de cana de maneira reciclável.

"Tempos parcerias com garaparias de Campo Grande para recolher de forma sustentável todo o lixo orgânico. E o que sobrar vira adubo super rico em nutrientes pela participação dos fungos. Muitos produtores de hortaliça compram isso da gente", afirma.

Insumos são organizados em sacos e levados à chacara por caminhão (Foto: Arquivo Pessoal)
Insumos são organizados em sacos e levados à chacara por caminhão (Foto: Arquivo Pessoal)
Rapha diz que o que sai mais caro é o transporte da reciclagem, não sua coleta (Foto: Arquivo Pessoal)
Rapha diz que o que sai mais caro é o transporte da reciclagem, não sua coleta (Foto: Arquivo Pessoal)

Comercialização – Os preços variam de R$ 9,90 (shimeji branco) a R$ 14,90 (tipo paris e portobello), com 200 gramas. Outros cogumelos são encontrados em embalagens de 150 gramas.

O atendimento acontece para muitos restaurantes orientais, supermercados, sacolões e empórios da Capital. As revendas podem ser encontradas no Mercado Produtor (Avenida Calógeras, 548, bairro Vila Carvalho. ), Sacolão Giocondo, Mercê e na Hortifruti Carambola (Vitório Zeola, 1609, no Carandá Bosque) – este último com venda a granel.

"Contribuímos com o comércio local, sem uso de agrotóxicos, sem conservantes e o melhor de tudo: pronto para o preparo", finaliza..

Embalagem de 200 gramas (Foto: Arquivo Pessoal)
Embalagem de 200 gramas (Foto: Arquivo Pessoal)

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