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Sabor

Rei dos caminhoneiros, Júlio é ponto de parada na BR-163 com espetinho a R$ 5,00

A carne no palitinho é sucesso entre os viajantes que aproveitam o ponto para matar saudade da carne com mandioca

Thailla Torres | 11/12/2018 08:23
Júlio abre o trailer às 18h e fecha por volta de meia noite, na BR-163, onde trabalha há 15 anos. (Foto: Paulo Francis)
Júlio abre o trailer às 18h e fecha por volta de meia noite, na BR-163, onde trabalha há 15 anos. (Foto: Paulo Francis)

Quando não é o abastecimento ou descanso que atraem os caminhoneiros ao posto de gasolina, o foco vai para um trailer de madeira, localizado no anel viário da BR-163, entre as saídas de São Paulo e Três Lagoas. No local trabalha Júlio César de Barros, que há cinco anos vende espetinho do mesmo tanto que escuta o vai e vem dos viajantes.

"Aqui vende espetinho igual história de caminhoneiro, não falta", brinca o trabalhador, de 37 anos, que também trabalha como chefe de pista no posto de gasolina ao lado do seu negócio.

Ali, o movimento é constante, até mesmo a meia noite, quando só se escuta o barulho dos caminhões que chegam no posto ou passam em alta velocidade, trazendo um vento quente à mesa.  Aos caminhoneiros, para quem faz um pit stop para esticar as pernas e matar a fome, nada de salgadinho, o interessante mesmo é a carne no palito vendida a R$ 5,00 na versão simples, sem nenhum acompanhamento.

O espetinho com mandioca, por R$ 6,00, é entregue no papel alumínio para quem quiser comer no caminhão. (Foto: Paulo Francis)
O espetinho com mandioca, por R$ 6,00, é entregue no papel alumínio para quem quiser comer no caminhão. (Foto: Paulo Francis)

Mas se a vontade for matar a saudade do churrasquinho, o espeto acompanhado com mandioca custa R$ 6,00 e o prato completo, para um jantar mais farto, custa R$ 12,00 acompanhado de arroz, mandioca e vinagrete.

Júlio diz que chega a vender 100 unidades de espetos por dia e na maioria das vezes o movimento está bom. "Melhor que ficar comendo bobeira por aí". A tia da esposa é quem cuida dos acompanhamentos e traz um pouquinho do arroz de mãe para os caminhoneiros que também sente falta da comida de casa.

O chefe de pista trabalha no posto de gasolina há 15 anos. Começou como frentista e foi operador de caixa até chegar ao novo cargo. Mas para pagar todas as contas e atender aos quatro filhos foi preciso aumentar a renda. "Esse trailer já existia, mas o antigo dono resolveu vender e comprei parcelado".

Júlio fechou negócio há cinco anos e de lá pra cá começou a fazer espetinhos. Ele entra no trabalho como chef de pista às 5h da manhã, termina o expediente à tarde, sai para comprar os espetos e à noite segue a jorna até 1h da manhã quando o movimento está bom. "Tem dia que lota, vem gente até do bairro, mas o sucesso mesmo é entre os caminhoneiros".

São-paulino de corpo e alma, a camiseta do time é guardiã para mais um dia de trabalho. (Foto: Paulo Francis)
São-paulino de corpo e alma, a camiseta do time é guardiã para mais um dia de trabalho. (Foto: Paulo Francis)

Júlio é tímido tanto quanto os caminhoneiros que preferem não aparecer nas fotos, mas a sintonia entre o trabalhador e os viajantes aparece na gastronomia e no papo, porque muita gente come o espeto para matar a saudade do churrasquinho, assado na lenha ou carvão. "O antigo dono fazia na churrasqueira elétrica, mas eu prefiro o jeito simples, dá mais sabor".

O dono está sempre por perto, conversando com quem estiver disposto a um dedo de prosa. Ao mesmo tempo em que se relaxa com a conversa, na beira da churrasqueira Júlio não para porque não pode perder o ponto da carne que não pode estar mal passada e nem torrada demais.

Apesar do sucesso, o destino dele na beira da estrada ainda é incerto, já que a CCR MS Via prevê obras de pavimentação no quilômetro. "Não sei quanto tempo eu fico. Na hora que passar o novo asfalto, sei que vou ter que sair".

O espetinho de Júlio fica no anel viário da BR-163, ao lado do Posto América, no Jardim Itamaracá. Funciona das 18h à meia noite.

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Movimento vai até meia noite na estrada. (Foto: Paulo Francis)
Movimento vai até meia noite na estrada. (Foto: Paulo Francis)
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