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Sabor

Tem sabor de infância que a gente só recupera voltando à cantina da escola

Percorremos os maiores colégios de Campo Grande em busca daquele salgado que marcou gerações

Thaís Pimenta | 25/02/2018 07:05
Fila se mantem a mesma, mesmo que passem gerações e gerações pelas escolas. (foto: Thaís Pimenta)
Fila se mantem a mesma, mesmo que passem gerações e gerações pelas escolas. (foto: Thaís Pimenta)

O resgate das memórias da infância podem acontecer das maneiras mais diversas. Sentir o cheiro do arroz da avó refogando no fogão e até mesmo relembrar o gosto do salgado da escola são algumas dessas formas.

Fomos atrás desses clássicos escolares, tão importantes durante as fases da nossa vida. Lembranças que basta olhar uma foto pra sentir o sabor do salgado e daquela época.

Quem já estudou no Colégio Salesiano Dom Bosco e na Mace se lembra bem dos croissant de chocolate que vendiam nas cantinas das escolas. A ex-estudante do colégio na Fernando Côrrea da Costa, Yasmin Rezende, relembra exatamente como o salgado era famoso na escola. "Acabava rapidão o povo fazia fila de tão delícia que era. Vinha bem quentinho, não tem como esquecer", diz.

De acordo com o dono da cantina da Mace há mais de 22 anos, Danilo Mandetta Junior, que hoje serve uma proposta diferente daquela de anos atrás, com enfoque na cantina saudável, não vende mais nada frito, nenhum tipo de refrigerante e nem doces.

Porém, no meio da mudança, o croissant doce continua saindo, quase nunca, mas a galera ainda pede. "Agora a moda é o croissant de frango ou de presunto e queijo. E isso muda sempre, é curioso ver", comenta ele. O preço fixo dos salgados é R$ 4.

Croissant de chocolate do Colégio Dom Bosco. (Foto: Thaís Pimenta)
Croissant de chocolate do Colégio Dom Bosco. (Foto: Thaís Pimenta)

No Dom Bosco, o salgado recheado com muito chocolate é clássico de pedidos. A cantina começou com a mãe de Francine Salgueiro, que hoje é quem está no comando das delícias da casa. "Todas as receitas eram da minha mãe. A gente tinha uma padaria que ficava na José Antônio, a Marshmallow, que minha mãe largou pra ficar só aqui", comenta ela.

Desde 2005 a Cantina Central do colégio é de responsabilidade da família. Francine assumiu quando a mãe faleceu, depois de o pai cuidar por três anos do local. Com ela, a inovação chegou. "A gente passa cartão agora, a partir desse ano, e temos umas coisas bem diferentes, como o pão de queijo recheado na hora e o salgado três em um, com frango, salsicha e presunto e queijo, que é bem pedido". 

O amor por estar ali fica evidente no sorriso com que Francine atende seus pequenos clientes. "A gente dá muita risada. Eu estou aqui a pedido do meu pai mas garanto que tenho gostado muito de fazer isso. Antes eu vinha mais pra auxiliar mas agora o contato é mais direto com essa galerinha".

Mesmo com várias mudanças, o esquema de pagamento por meio de conta continua, além das receitas e das preferências. "A gente serve o croissant de chocolate só a tarde, tem muita saida", conta. O preço dessa delícia é de R$ 5.

Nas duas cantinas citadas acima, cerca de 80% de tudo que é vendido é produzido por eles, isso garante o sucesso por tantos anos seguidos.

Pão italiano da Maria Auxiliadora é o queridinho da escola há mais de 30 anos. (foto: Arquivo CG News)
Pão italiano da Maria Auxiliadora é o queridinho da escola há mais de 30 anos. (foto: Arquivo CG News)

Já no Maria Auxiliadora, o pão italiano da cantineira Damiana Gonçalves de Almeida é o carro-chefe no espaço há 38 anos, tempo em que ela está a frente da cantina da escola.

O segredo para tanto tempo de sucesso está no preparo. Damiana faz questão de estar junto durante a produção diária dos salagados. Eles são feitos diariamente, dentro da cozinha, não entra congelado ou qualquer ingrediente pré-pronto. 

"Só tenho que agradecer a Deus e as irmãs que me apoiaram e me abraçaram. Passa ano, entra diretor e sai diretor, mas nunca me tiraram daqui”, agradece ela.

Enroladinhos da Cantina Saudável do Oswaldo Tognini. (Foto: Thaís Pimenta)
Enroladinhos da Cantina Saudável do Oswaldo Tognini. (Foto: Thaís Pimenta)

Já do outro lado da cidade, no colégio particular Oswaldo Tognini, o esquema é diferente. De acordo com Nivanildo Eduardo, de 55 anos, que está à frente da Cantina Saudável há 10 anos, os queridinho do local são os enroladinhos. "De salsicha e de presunto e queijo", completa.

Só que a cozinha de lá não prepara nada que é servido, é tudo terceirizado. "Eu compro de uma fábrica que já me trás pronto. Sem foi assim, isso diminui minha taxa de mãe de obra", explica.

Ao lado dele, quem trabalha é sua família: o filho e a mulher dão uma forcinha no negócio que é a paixão da vida do pai. "Nós atendemos a preciosidade da família, que é o filho, então tenho noção dessa responsabilidade e gosto muito de poder acompanhar o crescimento deles, mesmo que de longe". Lá, os salgados têm preços que variam das R$ 2,50 a R$ 4,50.

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