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Lado Rural

Arroba do boi dá sinais de recuperação, mas fecha semestre com queda de 9%

No segmento de animais para reposição a queda do bezerro no semestre foi em torno de 15%

José Roberto dos Santos | 03/07/2023 15:56
Bovinos criados a pasto em propriedade rural; chegada do inverno lotou os frigoríficos de MS. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Bovinos criados a pasto em propriedade rural; chegada do inverno lotou os frigoríficos de MS. (Foto: Arquivo/Embrapa)

A arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul, com projeções feitas a partir de cotações levantadas pela Scot Consultoria, deu leve sinais de recuperação no mês de junho, com um aumento de 2,1%, abrindo o mês com a arroba a R$ 229,50 e fechando a R$ 234,50. Entretanto, considerando o semestre todo, a arroba do boi gordo sofreu uma retração de 9,1%. Em janeiro deste ano a arroba abriu a R$ 258,00. Desde então foi só ladeira abaixo.

Para os pecuaristas mais acostumados a lidar com a dinâmica do mercado, a queda é debitada ao ciclo da pecuária, muito por conta da alta oferta de fêmeas para abate, que no futuro pode causar a falta de bezerros e a consequente valorização do gado de reposição, reiniciando nova fase nesse ciclo.

No meio desse vaivém, o fato é que durante todo o semestre, mais precisamente no final do segundo trimestre desse ano, o mercado foi fortemente pressionado pela alta oferta de animais prontos para o abate. Com o excesso de oferta, aliado à queda de consumo da proteína vermelha, acabou sobrando carne nos frigoríficos, que começaram a trabalhar com escalas cada vez mais longas de abate, diante da oferta confortável de animais.

No pico da safra, período que antecede a chegada do inverno, foi ainda maior a oferta de gado gordo. O risco de ficar sem pasto levou muitos pecuaristas às vendas.

Embargo chinês piorou situação

Para piorar ainda mais a situação, em 23 de fevereiro deste ano o governo chinês vetou as importações de carne bovina do Brasil, em virtude de detecção de um "mal da mal da vaca louca" atípico em uma pequena propriedade no Pará. Em MS, o embargo afetou 3 frigoríficos. A China paga melhor pelo gado brasileiro.

Sem a China, boa parte do carne que seria exportada teve de ser absorvida pelo mercado doméstico. O embargo durou 30 dias e resultou na retenção de US$ 1 bilhão em carne nos portos, liberada semana passada.

Bezerro vai no viés de queda

Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que tem nos preços de Mato Grosso do Sul uma referência para o Brasil todo, o valor do bezerro caiu em torno de 15% de janeiro a junho deste ano. No começo de 2023 a cotação do animal para reposição custava em torno de R$ 2.568,00 a cabeça. Fechou em 30 de junho cotado a R$ 2.173,00.

O método do Cepea inclui coletar preços de animais em cinco regiões de MS: Três Lagoas, Campo Grande, Dourados, Pantanal e Cassilândia, junto a pecuaristas, escritórios de compra e venda de gado, corretores e leiloeiras. A referência é bezerro desmamado, macho, nelore, com idade entre 8 e 12 meses; valores coletados se referem a negócios realizados no mercado físico – preços ao produtor.

Queda maior nos últimos 12 meses

Pela régua da Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), a queda na arroba do boi gordo entre junho de 2022 e junho de 2023 acumulam exatos 21,77%. Para a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), entidade que congrega criadores, as perdas podem chegar a 25%.

Oferta e demanda

Para tentar movimentar o mercado – e a lei de oferta e procura – a associação, juntamente com o Sistema Famasul, ABPO (Associação Brasileira de Produtores Orgânicos) e a Novilho-MS (Associação Sul-mato-grossense dos Produtores de Novilho Precoce) lançaram a campanha "Pesquisa preços, pague menos e coma mais", para incentivar os consumidores e procurarem por preços menores nos açougues, incentivar a concorrência, aumentar o consumo e provocar mais demanda por carne.

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