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Ministério investiga suspeita de caso atípico de vaca louca em Minas Gerais

Ministério da Agricultura informou que aguarda resultado para conclusão das investigações

Lado Rural | 02/09/2021 15:56
A forma de transmissão se dá pela ingestão de ração contaminada. Imagem: Unsplash
A forma de transmissão se dá pela ingestão de ração contaminada. Imagem: Unsplash

Autoridades brasileiras encaminharam para análise material coletado de um animal com suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença conhecida como “vaca louca”. O bovino é de Minas Gerais e os auditores fiscais agropecuários identificaram comportamento suspeito durante as inspeções pré-abate.

Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirmou que o resultado será divulgado após a conclusão das investigações.

A doença atinge o sistema nervoso central de bovinos e a suspeita é que seja um caso “atípico”, ou seja, não há risco de contaminação ao ser humano e outros animais e é contraída devido à idade avançada do bovino.

“Como membro da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o Brasil adota os procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela instituição. Casos em investigação são corriqueiros dentro dos procedimentos de vigilância estabelecidos e medidas preventivas são adotadas imediatamente para garantir o controle sanitário”, afirmou o órgão em nota.

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entidade responsável pela defesa sanitária animal do estado, disse que colabora com o Mapa na investigação e que atua para a garantia da segurança e qualidade da produção mineira.

Casos anteriores
Mato Grosso registrou um caso de doença da vaca louca atípica, em 2019, após a análise em laboratório de referência no Canadá. Na época, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) afirmou que o caso não representava ameaça à qualidade da carne produzida no estado e aos consumidores.

O Mapa em dezembro de 2012 confirmou que uma vaca morta em 2010 foi detectada com o agente causador da EEB, em Sertanópolis (PR). A doença não se manifestou no animal, que não morreu devido à enfermidade, afirmou o órgão na época.

“O risco de EEB no Brasil era e continuou como insignificante após 2019, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)”, afirmou a Scot Consultoria.

A entidade relembra que o acordo com a China prevê que o Brasil se compromete a suspender os embarques de carne bovina, caso haja casos positivos de EEB. Em 2019, houve suspensão e em cerca de duas semanas as exportações foram novamente liberadas.

O mercado do boi gordo cedeu 3,6% com o evento, mas os preços futuros abriram oportunidades interessantes para travar a compra de arrobas (travar reposição).

Doença
De acordo com o PhD pela Colorado State University e ex-membro do Comitê Consultivo da EEB, junto ao Mapa, Claudio Barros, a forma clássica da doença tem transmissão por via alimentar, como consumo de ração contaminada por farinha de carne/osso, proveniente de outros bovinos afetados.

No caso dos humanos, a infecção ocorre pela ingestão de produtos oriundos de bovinos infectados pela doença. “A doença não é contagiosa, isto é, não é transmitida apenas pelo contato bovino-bovino ou bovino-pessoa”, explica o professor.

Não há tratamento para a doença no animal, que deve ter sua carcaça incinerada e produtos oriundos dele não devem ser consumidos.

O especialista diz que a forma atípica passou a ser diagnosticada a partir de 2004, em duas formas – tipos L e H, que apresentam grandes diferenças da forma clássica da doença.

  • Não estão associadas à ingestão de alimentos;
  • Ocorrem espontaneamente em níveis muito baixos em todas as populações de bovinos;
  • As moléculas das proteínas das cepas atípicas são distintas das da EBB clássica;
  • Provavelmente são geneticamente determinadas, surgem espontaneamente (sem infecção prévia) e afetam animais mais velhos (acima de 11 anos) do que os afetados pela forma prática.

O professor também explica que no Brasil foram diagnosticados três casos da forma atípica, em animais com cerca de 13 anos de idade.

Entre os sintomas na forma clássica, o animal pode apresentar alterações de temperamento (nervosismo ou agressão), postura anormal (incoordenação e dificuldade para se levantar) diminuição da produção de leite e emagrecimento sem perda de apetite.

“Pesquisas científicas indicam que o agente da EBB não é transmissível pelo leite de vaca, mesmo que o leite venha de uma vaca contaminada”, pontua o especialista.

O período de incubação é de dois a oito anos. Após o aparecimento dos sinais clínicos, a morte ocorre entre 2 semanas a 6 meses. Animais afetados têm em média cinco anos.

Nos casos atípicos, os sinais clínicos são também diferentes e podem ser apresentados apenas como um animal caído. (Com informações do Canal do Boi | Por Thalya Godoy - SBA)

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