Ministério investiga suspeita de caso atípico de vaca louca em Minas Gerais
Ministério da Agricultura informou que aguarda resultado para conclusão das investigações
Autoridades brasileiras encaminharam para análise material coletado de um animal com suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença conhecida como “vaca louca”. O bovino é de Minas Gerais e os auditores fiscais agropecuários identificaram comportamento suspeito durante as inspeções pré-abate.
Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirmou que o resultado será divulgado após a conclusão das investigações.
A doença atinge o sistema nervoso central de bovinos e a suspeita é que seja um caso “atípico”, ou seja, não há risco de contaminação ao ser humano e outros animais e é contraída devido à idade avançada do bovino.
“Como membro da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o Brasil adota os procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela instituição. Casos em investigação são corriqueiros dentro dos procedimentos de vigilância estabelecidos e medidas preventivas são adotadas imediatamente para garantir o controle sanitário”, afirmou o órgão em nota.
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entidade responsável pela defesa sanitária animal do estado, disse que colabora com o Mapa na investigação e que atua para a garantia da segurança e qualidade da produção mineira.
Casos anteriores
Mato Grosso registrou um caso de doença da vaca louca atípica, em 2019, após a análise em laboratório de referência no Canadá. Na época, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) afirmou que o caso não representava ameaça à qualidade da carne produzida no estado e aos consumidores.
O Mapa em dezembro de 2012 confirmou que uma vaca morta em 2010 foi detectada com o agente causador da EEB, em Sertanópolis (PR). A doença não se manifestou no animal, que não morreu devido à enfermidade, afirmou o órgão na época.
“O risco de EEB no Brasil era e continuou como insignificante após 2019, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)”, afirmou a Scot Consultoria.
A entidade relembra que o acordo com a China prevê que o Brasil se compromete a suspender os embarques de carne bovina, caso haja casos positivos de EEB. Em 2019, houve suspensão e em cerca de duas semanas as exportações foram novamente liberadas.
O mercado do boi gordo cedeu 3,6% com o evento, mas os preços futuros abriram oportunidades interessantes para travar a compra de arrobas (travar reposição).
Doença
De acordo com o PhD pela Colorado State University e ex-membro do Comitê Consultivo da EEB, junto ao Mapa, Claudio Barros, a forma clássica da doença tem transmissão por via alimentar, como consumo de ração contaminada por farinha de carne/osso, proveniente de outros bovinos afetados.
No caso dos humanos, a infecção ocorre pela ingestão de produtos oriundos de bovinos infectados pela doença. “A doença não é contagiosa, isto é, não é transmitida apenas pelo contato bovino-bovino ou bovino-pessoa”, explica o professor.
Não há tratamento para a doença no animal, que deve ter sua carcaça incinerada e produtos oriundos dele não devem ser consumidos.
O especialista diz que a forma atípica passou a ser diagnosticada a partir de 2004, em duas formas – tipos L e H, que apresentam grandes diferenças da forma clássica da doença.
- Não estão associadas à ingestão de alimentos;
- Ocorrem espontaneamente em níveis muito baixos em todas as populações de bovinos;
- As moléculas das proteínas das cepas atípicas são distintas das da EBB clássica;
- Provavelmente são geneticamente determinadas, surgem espontaneamente (sem infecção prévia) e afetam animais mais velhos (acima de 11 anos) do que os afetados pela forma prática.
O professor também explica que no Brasil foram diagnosticados três casos da forma atípica, em animais com cerca de 13 anos de idade.
Entre os sintomas na forma clássica, o animal pode apresentar alterações de temperamento (nervosismo ou agressão), postura anormal (incoordenação e dificuldade para se levantar) diminuição da produção de leite e emagrecimento sem perda de apetite.
“Pesquisas científicas indicam que o agente da EBB não é transmissível pelo leite de vaca, mesmo que o leite venha de uma vaca contaminada”, pontua o especialista.
O período de incubação é de dois a oito anos. Após o aparecimento dos sinais clínicos, a morte ocorre entre 2 semanas a 6 meses. Animais afetados têm em média cinco anos.
Nos casos atípicos, os sinais clínicos são também diferentes e podem ser apresentados apenas como um animal caído. (Com informações do Canal do Boi | Por Thalya Godoy - SBA)