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Lado Rural

Pesquisa valida em MS técnica que cultiva pastagens nas lavouras de soja

Solução recomendada para o Cerrrado pode amenizar a falta de pasto na estação seca

Por José Roberto dos Santos | 02/04/2024 13:15
No Sistema Antecipasto, capim é cultivado nas entrelinhas da cultura da soja. (Foto: Divulgação/Embrapa)
No Sistema Antecipasto, capim é cultivado nas entrelinhas da cultura da soja. (Foto: Divulgação/Embrapa)

Pesquisadores da Embrapa acabam de validar o Antecipasto, um sistema de consorciação soja e forrageira para ser adotado em sistemas de ILP (integração lavoura-pecuária). Com apoio da Agrisus (Fundação Agricultura Sustentável) e da JBAPec (Jarbas Barbosa Agricultura e Pecuária), a tecnologia foi testada em propriedades rurais de Mato Grosso do Sul com bons resultados.

No Antecipasto, parte do período do plantio da forrageira ocorre em cultivo consorciado na entrelinha da soja, antecipando a formação de pastagem, sem causar redução da produtividade de grãos da oleaginosa.

Pesquisadores veem oportunidades de validação do Antecipasto também nos estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Roraima, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia. Para os pecuaristas, a solução pode amenizar a falta de pasto na estação seca, o atraso no estabelecimento de pastagens e o insucesso na sua formação. Já para os agricultores, é uma possibilidade real para abrir novas áreas com sistemas integrados de produção, assim como aquisição de terras a valores acessíveis e potencial agrícola, além de melhorias nas condições do solo.

“É uma tecnologia que não compromete o rendimento de grãos da soja, intensifica a produção e antecipa a formação de pastagem e o pastejo”, define o pesquisador Luís Armando Zago, da Embrapa Agropecuária Oeste. O sistema ainda é recomendado para os produtores rurais que já utilizam ILP, nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, e necessitam de produção de forragem na época mais crítica do ano: a estação seca/inverno, para alimentação animal.

Zago explica que entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000, a pesquisa buscou o estabelecimento de forrageiras em consórcio com soja, mas a dificuldade imposta pelo porte da soja, semelhante ao das forrageiras, dificultou o avanço nos estudos, dada a perda de produtividade da oleaginosa ao redor de 12% e a dificuldade no controle de plantas daninhas.

Parte do período do plantio da forrageira ocorre em cultivo consorciado com a soja, sem prejuízo à produtividade da oleaginosa. (Foto: Divulgação/Embrapa)
Parte do período do plantio da forrageira ocorre em cultivo consorciado com a soja, sem prejuízo à produtividade da oleaginosa. (Foto: Divulgação/Embrapa)

Além disso, ele conta que houve outros entraves como a semeadura simultânea da soja e da forrageira, o aumento da profundidade de semeadura da gramínea, a escolha pelos capins Marandu e Xaraés, e a sobressemeadura da forrageira no fim do ciclo da soja. “Com o Antecipasto essas dificuldades foram superadas com a defasagem na semeadura do capim em relação à soja, além da utilização de forrageiras de menor porte e com crescimento inicial mais lento”, declara o pesquisador.

Com a tecnologia, as culturas anuais se estabelecem mais rápido que as forrageiras perenes; desse modo, a capacidade de competição do capim em relação à soja, principal cultura, é minimizada.

Os experimentos 

Propriedades rurais de Maracaju, Dourados, Nova Andradina, Anaurilândia, Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul, municípios localizados no sul de Mato Grosso do Sul, foram escolhidas para validar o sistema Antecipasto por sua diversidade e aptidão agrícola. Uma das propriedades participantes é a Rosa Branca em Rio Brilhante, que produz soja em solos argilosos.

Em 2019, dois hectares de soja foram semeados, seguindo o protocolo da pesquisa; o capim BRS Tamani veio depois, com semeadora para grãos miúdos, com taxa de 4 kg por hectare de sementes puras viáveis. O panicum foi semeado em outros dois momentos, um em sobressemeadura, antes da queda das folhas de soja (janeiro de 2020) e, outro, logo após a colheita da soja.

O produtor Carlos Eduardo Barbosa detalha que, para a semeadura do capim, o espaçamento na entrelinha da soja foi entre 50 a 60 cm, e em áreas onde as plantas daninhas estavam sob controle. Mesmo nesse espaçamento foi detectado alto volume de palhada e boa distribuição. Ele conta que não houve problemas operacionais, como o comprometimento da separação de impurezas dos grãos de soja.

* Com informações da Embrapa Gado de Corte e Agropecuária Oeste.

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